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28/07/2006 - 19h43
Vocalista do Yellowcard diz que emo é uma "palavra besta" e promete shows com energia

FERNANDO KAIDA
Editor-assistente de UOL Música


O quinteto norte-americano Yellowcard, que está no Brasil para sua primeira turnê no país, toca neste domingo (20) em Belo Horizonte. A banda já se apresentou no Rio na sexta (18) e fez show em São Paulo no sábado (19).

Em entrevista a UOL Música, direto de Dallas, Texas, o vocalista Ryan Key, 23, falou sobre os shows brasileiros, que terão como base o repertório que a banda vem apresentando na turnê, com ênfase em faixas dos discos "Ocean Avenue", de 2003, e "Lights and Sounds", lançado no início deste ano.

O cantor descartou os rótulos de emocore e punk para o som do grupo e disse que a banda faz música com "o máximo de energia": "Acho que emocore é a palavra mais besta que já ouvi", disparou. "Emo significa que uma banda está colocando emoção em sua música. Que banda não faz isto?". Sobre o punk, Key disse não achar justo com as bandas que considera verdadeiramente punk, como NOFX e Bad Religion, que o Yellowcard seja colocado dentro do estilo. "Não vivo o modo de vida punk", disse.

Formado em 1997, na Flórida, o grupo, que é baseado na Califórnia, mistura elementos do rock, punk e pop em suas canções, que se caracterizam por sempre contar com a presença do violino, instrumento pouco comum nas bandas que fazem este tipo de som.

A sonoridade da banda, repleta de canções com melodias pop, bateria acelerada e algumas guitarras distorcidas, já valeram ao grupo rótulos como punk e emo.

Além de Key, fazem parte do Yellowcard os músicos Sean Mackin (violino, vocal), Benjamin Harper (guitarra), Longineu Parsons 3º (bateria) e Pete Mosely (baixo, vocal).

Durante a conversa, o cantor fala ainda sobre os planos para um próximo trabalho e as influências musicais do grupo. Leia abaixo os melhores momentos da conversa com Ryan Key, do Yellowcard.

UOL - Vocês estão prestes a vir ao Brasil pela primeira vez, quais são suas expectativas?

Ryan Key - Estamos muito animados. Outro dia eu estava em Orlando com amigos em um parque de diversões, onde haviam muitos grupos de turistas. Várias pessoas do Brasil nos pararam para pedir um autógrafo e tirar fotos comigo. Foi muito legal, especialmente porque nenhum americano fez isto. Os shows serão ótimos.

UOL - O que vocês estão preparando para os shows?

RK - Vamos mostrar o repertório que temos apresentado na turnê, que está bem afiado. É uma boa mistura de músicas novas e antigas. Não haverá canções inéditas, mas tocaremos muita coisa de "Ocean Avenue" e "Lights and Sounds".

UOL - Como você definira para o público brasileiro o show do Yellowcard?

RK - A coisa mais importante para nós são os shows. Cada noite é como se fosse a nossa primeira vez no palco. Levamos o máximo de energia possível para cada apresentação para que cada pessoa do público tenha uma experiência da qual se lembrará para sempre.

(O repertório terá) cerca de 15 músicas, entre elas "Ocean Avenue", "Lights and Sounds" e "Rough Landing, Holly", em uma hora e vinte minutos.

UOL - Muita gente descreve o Yellowcard como uma banda emo, você concorda com isto?

RK - Na verdade nem sei o que é o emocore, não saberia te dizer qual banda é emo. Nós apenas escrevemos canções rock com um pouco de punk, pop, o que quer que seja. Não acho que seja uma boa idéia rotular qualquer banda.

UOL - Então você não sabe qual é a diferença entre emo e hardcore?

RK - Eu sei o que é hardcore, só acho que emocore é a palavra mais besta que já ouvi na vida. Eu gosto de hardcore, hardcore metal, hardcore punk. Isto eu entendo. Mas, para mim, emo significa que uma banda está colocando emoção em sua música. Que banda não faz isto? Não é disto que se trata a música? Expressar suas emoções nas canções que escreve? Isto faz com que todo grupo no mundo seja emocore.

UOL - Depois do sucesso do disco "Ocean Avenue", que vendeu mais de 2 milhões de cópias, vocês lançaram "Lights and Sounds", que não obteve o mesmo resultado. O que você acha que aconteceu?

RK - Não faço idéia. Nós temos muito orgulho de "Lights and Sounds" e trabalhamos muito nele. A única razão que vejo é que não tivemos um grande single tocando nas rádios. Mas procuramos não pensar nisto. Continuaremos a tentar animar as pessoas com este disco e depois vamos fazer outro.

Corremos um risco com o álbum, mas nunca gostei de bandas que fazem o mesmo disco sempre. As pessoas crescem e mudam. Nosso trabalho é escrever canções, e vocês vêem como crescemos e mudamos através delas. Acho que se tivéssemos feito um disco igual a "Ocean Avenue", também não venderíamos tanto.

UOL - O que mudou na música da banda entre os dois trabalhos?

RK - O processo de composição mudou em "Lights and Sounds". Estivemos em turnê por muito tempo e quisemos descansar um pouco. Pete (Mosely, baixista) e eu acabamos morando juntos em Nova York durante as férias, o que nos forçou a escrever muitas das músicas juntos enquanto o resto da banda estava na Flórida ou Los Angeles. Então não tivemos o senso de coletividade no início do processo de composição. Muitas das canções foram começadas em Nova York e as levamos para Los Angeles para serem terminadas. Até criamos algumas faixas juntos, mas foi um processo diferente. Em "Ocean Avenue" éramos nós cinco o tempo todo em uma sala trocando idéias de riffs, melodias, o que seja. É uma experiência diferente porque (em "Lights and Sounds") tivemos de dar um tempo para todos e escrever o disco ao mesmo tempo, já em "Ocean Avenue", nós acabamos a turnê, entramos em estúdio e voltamos para a estrada. Não fizemos uma parada.

UOL - E vocês já estão trabalhando em um novo disco?

RK - Estamos escrevendo bastante agora. Vamos terminar a turnê no final de setembro, compor e entrar em estúdio. Não haverá tempo para descansar, provavelmente vamos compor em outubro e novembro, gravar em dezembro e janeiro. Esperamos ter um novo disco pronto para o próximo verão.

UOL - Você ainda mora em Nova York?

RK - Agora já voltei para Los Angeles. Todo mundo tem casa lá, então poderemos estar juntos todos os dias no estúdio para testar as músicas juntos antes de as gravarmos. Será um trabalho de equipe divertido.

UOL - Vocês têm um violinista na formação da banda, algo que difere o Yellowcard das outras bandas que fazem o mesmo tipo de som. Em todas as canções vocês têm de pensar onde encaixar o violino?

RK - Nós o colocamos em todas as canções. Ele é parte da banda e sabemos como usá-lo bem. Em "Lights and Sounds" fizemos alguns experimentos, utilizamos um violino elétrico pela primeira vez, pudemos colocar alguns efeitos nele.

UOL - Quais eram suas influências quando vocês começaram a banda?

RK - A banda começou há uns dez anos, quando eu ainda não fazia parte (Ryan entrou no Yellowcard pouco tempo após a criação do grupo). Mas nós íamos à mesma escola, era o meio dos anos 90, estávamos saindo de nossa fase de ouvir Nirvana e Pearl Jam, e começando a descobrir nomes como NOFX, Langwagon e mesmo bandas anteriores, tipo Bad Religion, que foram muito influentes para nós. Acho que é por isto que muita gente diz que somos uma banda punk, o que considero uma definição rasa. Gosto de pensar que tenho o punk rock em meu coração e cresci ouvindo-o, mas não vivo o modo de vida punk rock. Definitivamente há influência do punk em nossa música, mas acho que não é justo dizer que o Yellowcard é uma banda punk, pois não dá crédito para as verdadeiras bandas que ouvíamos e que eram punk em tudo que faziam. Quando entrei no grupo eu ouvia nomes como Saves The Day, Lifetime, Weezer, Green Day, estas coisas. Acho que somos uma banda pop rock.

UOL - E o que você tem ouvido recentemente?

RK - Tenho ouvido o novo disco das Dixie Chicks ("Taking The Long Way", de 2006) mais do que qualquer outro que tenho. Acho ele incrível, ouço todo dia. Também tenho ouvido uma banda chamada Explosions in The Sky, que faz rock instrumental, meio sinfônico, mas com guitarras e bateria. É boa música para viajar de carro, enquanto se espera no aeroporto ou dentro do avião.

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YELLOWCARD NO BRASIL

Belo Horizonte
Data: domingo, 20/8
Local: Chevrolet Hall
Preço: R$60 e R$70
Onde comprar: Veja lista de pontos de venda no site www.chevrolethallbh.com.br

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