UOL Música

Publicidade

Reportagens Especiais

01/12/1998 - 01h28
Diamanda Galás e a Fúria grega: Cantora diz que Satã mora mesmo nos EUA

ANTONIO FARINACI
Editor de Música

Reportagem publicada originalmente em 1º/12/1998, após apresentação da cantora em São Paulo

Esta semana passou por São Paulo a cantora, pianista e compositora norte-americana Diamanda Galás, 45. Galás apresentou-se dia 30 de novembro, no Sesc Santo Amaro, dentro da programação do projeto "Mundão".

Galás é uma das artistas mais controvertidas dos Estados Unidos. Ativista de grupos de combate à Aids, tatuou na mão esquerda os dizeres "We Are All HIV+" (Somos Todos HIV+) desde que seu irmão morreu, vítima da doença, em 1986.

Durante uma manifestação do ACT UP (grupo gay de militância) na St. Patrick's Cathedral, em Nova York, em 1989, Galás foi presa por "distúrbio da ordem pública" e em 1990, após uma apresentação no "Festival delle Colline", na Toscana, o governo italiano a denunciou por "blasfêmia contra a Igreja Católica Romana". "Satã mora mesmo nos EUA", ironiza a cantora, "agora mais do que nunca".

Para botar mais lenha na fogueira, em 92, a revista norte-americana "Vanity Fair" publicou uma foto sua, feita por Annie Leibowitz, da cantora nua, pendurada a uma cruz em meio a chamas.

Essa mesma fúria e inconformismo que Galás expressa em sua vida de militante foram transpostos para a música. Desde seus primeiros trabalhos, "Wild women with steak knives" (Mulheres loucas com facas de cortar carne) e "Tragouthia apo to aima exon fonos" (Canção do sangue dos assassinados), de 1979, Galás fala de morte, perda e solidão, temas desenvolvidos nos trabalhos que vieram a seguir: "O isolamento pode matar", ela diz.

A discografia da cantora conta com 12 discos (todos lançados em CD pela Mute Records). Em "The divine punishment", de 1989, ela utiliza textos bíblicos musicados para mandar um recado irônico àqueles que viam a Aids como uma "punição divina".

Seu disco mais recente, "Malediction and Prayer", traz uma insólita regravação de "My World Is Empty Without You", sucesso das Supremes, além de poemas de Pasolini e Baudelaire musicados por Galás.

Por causa de sua postura considerada provocadora e ofensiva, Diamanda Galás já foi chamada pela crítica de "Noiva de Satã", "Diva da Doença" e "Rosa Negra da Vanguarda". Bem humorada, ela acha graça dos apelidos.

Para Galás, filha de pais gregos, a fúria é a única resposta adequada aos deuses injustos que governam a vida dos mortais: "Está no espírito grego", ela justifica.

Clique aqui para ler a íntegra da entrevista exclusiva concedida por Diamanda Galás ao Universo Online ou clique numa das palavras a seguir para saber o que ela disse sobre:


Influências | Formação musical | Técnica vocal | Catarse | Engajamento e arte | Cinema | Aids | Feminismo | Rock'n'roll e elitismo | Bandas novas | Madonna | Whitney Houston

ÍNDICE DE REPORTAGENS   IMPRIMIR   ENVIE POR E-MAIL