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Reportagens Especiais

25/09/2005 - 12h36
Nokia Trends reúne mais de 20 mil em SP e no Rio



da Redação

Cerca de 12 mil pessoas estiveram no espaço montado para o Nokia Trends dentro do Anhembi, em São Paulo, na madrugada de sábado para domingo, e 8.500 compareceram ao Armazém 6 do Cais do Porto, no Rio, segundo informou a organização do evento. O público assistiu a apresentações sintonizadas com o espírito de nosso tempo, como de !!! (Chk Chk Chk), Audio Bullys, Glimmers e Ellen Allien.

Em São Paulo, as atrações se apresentaram num galpão, o Espaço Live, para cerca de cinco mil pessoas, enquanto numa outra sala, para cerca de 1.500, as apresentações do Rio eram transmitidas via satélite, ao vivo. As duas salas se comunicavam por um salão central, equipado com um grande colchão de ar (que deveria servir de pula-pula, mas, devido à superlotação, acabou virando um imenso sofá), uma praça de alimentação e uma sala de exposições (um tanto escondida). Os ambientes eram interligados por um corredor vermelho, dividido por sucessivas cortinas de tubinhos de borracha transparente que faziam a alegria dos mais "turbinados".

O Espaço Live, onde aconteciam as apresentações "locais", já estava razoavelmente preenchido ainda antes da meia-noite, já durante a descontraída apresentação "futuro do pretérito" do Human League. A partir daí, o público já reagia, com entusiasmo, aos artistas da escalação --e neste primeiro caso, também, foi fácil cantar junto de hits como "Love Action", "Reflections" e "Don't You Want Me".

Uma vez que a área de convivência, que se ligava tanto à entrada/saída quanto a todas as outras divisões montadas, tinha uma identidade visual pouco nítida, era fácil se confundir e, por exemplo, em vez de ir para a área dos shows, acabar na área que transmitia ao vivo a programação do Nokia Trends do Rio de Janeiro --que logo ficou quase tão apertada quanto o palco principal.

Voltando à escalação, a dupla de DJs belgas The Glimmers mostrou que bom gosto e bom humor andam juntos na pista de dança controlada por eles. Carregando no repertório uma série de singles que exalam o frescor da produção rock-eletrônica, mas fazendo sua média com o público que praticamente já exigia "bombação" na pista com hits como "Drop the Pressure" (Mylo) e "Song 2" (Blur), os Glimmers tocaram como que por ondas, alternando momentos diferentes sem que se configure o mero contraponto entre "pesar" e "cozinhar".

Com o público já na temperatura certa, o ensemble do !!! (Chk Chk Chk) tinha uma fortíssima carga percussiva antes mesmo de começarem a tocar. Uma vez que o percussionista da banda não pôde vir ao Brasil já que seu visto de trabalho não saiu, o grupo contratou três especialistas das peles (entre eles dois brasileiros) para montar uma formação que provavelmente nunca mais se repetirá nas suas apresentações ao vivo.

A lógica curiosa pela qual a banda se comporta no palco, somada à energia que cada um parece dispender enquanto toca, como se em transe, fizeram com que o show do !!! fosse algo que poucas vezes foi testemunhado no Brasil e, assim, pode permanecer como experiência única. É um rock fluído, que tem em seu fluxo espaços a serem preenchidos por longas jams instrumentais, fazendo com que seis músicas preencham um show de mais de uma hora. Por ter sido, de longe, a apresentação mais curiosa do Nokia Trends, nada mais foi o mesmo depois.

A partir do Tiefschwarz, o Nokia Trends foi praticamente outro festival, uma vez que a "bancada alemã" assumiu o palco dali por diante, representada pela dupla de produtores e DJs acima citados, seguidos pelo live da dupla Alter Ego e da produtora e também DJ Ellen Allien. E o sistema de som, que parecia resistir bem até o !!! (prejudicado pela equalização e pelos inúmeros microfones que necessitavam no show), a partir de então ficou prioritariamente alto, muito carregado nos médios, e com pouco grave, que faria o contraponto necessário.

Os irmãos Ali e Basti Schwarz (Ali já esteve no Brasil por duas vezes e é casado com uma brasileira) vestiram a camisa da bombação, ou seja, de dar ao público aquilo pelo que eles estavam tão sedentos. Subindo o nível dos BPMs, recorrendo a faixas com as famigeradas "paradinhas" (aquelas que cozinham e explodem de uma vez) e investindo em um som que começou tech-house e terminou totalmente electro-techno, fortemente sintetizado, os dois mais posavam para o público, dançavam, faziam gracinhas e brincavam de maestros do que propriamente tocavam, geralmente recorrendo a mixagens simples, orientadas puramente pela batida.

Depois foi a vez de outra dupla, Alter Ego, formada por Roman Flügel e Jörn Elling Wuttke. É deles a provável música mais aguardada do festival pelo grande público, "Rocker", single que desde o meio do ano passado passou a ser praticamente obrigatório em qualquer festa, muito por conta do assobio demente que permeia as quebradas da faixa.

Apresentando-se em formato live P.A., a manipularem samplers, controladores de midi e uma mesa com centenas de botões a conter diferentes frequências e modulações, os dois quebraram um pouco a lógida da batida muito marcada, investindo em um som alto, pesado, quadrado e cerebral. Foram quatro incursões eletrônicas, sendo que uma não poderia deixar de ser o hit "Rocker", que foi praticamente desconstruída ao vivo. E por se tratar de um live de eletrônica, só durou 40 minutos.

Para entrar na fase final da noite, a alva e amorosa Ellen Allien --que praticamente só usa roupas brancas e em tons claros-- assumiu o palco. Desfilando carisma e feminilidade, a DJ investiu em sons mais delicados, ainda mantendo o público dançando, menos rápidos, mais minimais.

Ela fazia questão de pedir que o público levantasse os braços e batesse palmas. Num momento, o câmera (que filmava para os telões de São Paulo e também para a transmissão ao vivo no Rio de Janeiro da edição paulistana) captou um ângulo em que a ampla manga da bata de Ellen revelava, de relance, o seio da alemã.

Ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro, o maestro do tecno Carl Craig, impassível enquanto arquiteta suas mixagens fluídas, mostrava o soul da música eletrônica, pendendo para o house e confrontando, como poucos conseguem, momentos tensos com outros de rara beleza musical em sua programação musical.

Para encerrar a noite do Nokia Trends, o DJ de tecno Anderson Noise foi o escolhido para garantir que o público seguisse o rumo de casa --não sem antes retomar a fritação e a bombação na pista. Muitos ainda permaneciam no Anhembi por volta das 9h, mesmo que alguns andassem como mutilados e outros já estivessem entregues, estatelados no chão, depois de mais de 10 horas de música ininterrupta.











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Veja abaixo a programação do festival que aconteceu no sábado, 24 de setembro:

Em São Paulo:
22h30: Magal
23h30: Human League
0h30: Glimmers
2h: !!! (Chk Chk Chk)
3h: Tiefschwarz
5h: Alter Ego
6h: Ellen Allien
8h: Anderson Noise

No Rio de Janeiro:
22h30: Zegon
23h30: Money Mark
1h: Asian Dub
2h: Luomo
3h30: Audio Bullys
4h30: X-Press 2
6h: Carl Craig
8h: Mau Mau


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