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Sete motivos que provam por que os Rolling Stones deveriam ser brasileiros

Aos 72 anos, Mick Jagger continua na ativa como vocalista dos Rolling Stones - AP
Aos 72 anos, Mick Jagger continua na ativa como vocalista dos Rolling Stones Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

20/01/2016 18h56

Com ingressos praticamente esgotados, a nova turnê dos Rolling Stones pelo Brasil deverá marcar mais um memorável capítulo da banda no país. A turnê pela América Latina foi batizada com o sugestivo nome de "Olé Tour", mas a relação dos Rolling Stones com o Brasil vai muito além disso.

A ligação da banda e de Mick Jagger remonta do final dos 60, quando eles visitaram o Brasil pela primeira vez (embora para não fazer show). Em 1969, por exemplo, o grupo ficou hospedado em uma fazenda em Matão, no interior de São Paulo, onde compôs a música “Honky Tonk Woman”. Já as primeiras notas do clássico “Simpathy For The Devil” foram escritas com batuques de candomblé que Jagger ouviu em um terreiro na Bahia.

Os 53 anos de estrada do grupo não apagaram as lembranças que os músicos têm do Brasil. Tanto é que recentemente eles divulgaram um vídeo falando sobre a plateia brasileira. “Sem dúvida, o melhor ambiente que já vimos com a banda desde o início dos anos 1970", disseram. Além do Brasil, a "Olé Tour" também passará por Santiago (Chile), Buenos Aires (Argentina), Cidade do México (México), e, pela primeira vez, em Montevideo (Uruguai), Lima (Peru), Bogotá (Colômbia).

Com tanta história para contar, apontamos sete motivos que provam que os Rolling Stones já são praticamente brasileiros. 

Rolling Stones e o Brasil: uma história de amor

  • Reprodução

    Clima de Matão (SP) inspirou "Honky Tonk Woman"

    No final de 1968, Mick Jagger e Keith Richards vieram ao Brasil para passarem o Réveillon na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Em janeiro de 69, para fugirem da imprensa, os dois aceitaram o convite de Walther Moreira Salles e se esconderam na fazenda da família, de 23 mil alqueires, em Matão, a 303 km de São Paulo. Por lá, a dupla ficou por 16 dias e a história ganhou ares de lenda. O fato é que a propriedade, de 33 cômodos, com seu clima sertanejo, inspirou os artistas a comporem "Honky Tonk Woman" que tem uma pegada country e fala sobre uma mulher que eles conheceram em um cabaré de Memphis, nos EUA. Jagger trouxe ao Brasil a sua namorada na época, Marianne Faithfull. Em sua biografia, Marianne relembrou que naquele verão de 69 ela colheu manga no pé e fumou a "poderosa maconha brasileira". O recorte de jornal acima mostra a única foto de Jagger e Richards em Matão, publicada na época pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

  • Arquivo/Estadão Conteúdo/AE

    Batuque de candomblé em "Sympathy for the Devil"

    A história da música "Sympathy For The Devil", um dos maiores clássicos dos Rolling Stones, também está ligada ao Brasil. Gravada em 1968 no álbum "Beggars Banquet", ela foi inspirada nos batuques do candomblé e do samba-de-roda que Jagger e Richards ouviram em um terreiro na Bahia, no início de 1968. No final deste mesmo ano, eles voltariam ao Brasil para acompanhar os fogos do Réveillon em Copacabana. Jagger disse que a letra da música foi totalmente escrita por ele, porém foi Richards quem o convenceu a inserir o ritmo de samba. Seu polêmico título "Simpatia Pelo Demônio" até hoje é alvo de acusações de satanismo. Na foto acima, Jagger foi flagrado em 1968, no Rio de Janeiro, dentro de um carro saindo do hotel Copacabana Palace.

  • Reprodução

    Norma Bengell "escraviza" Jagger em filme feito no Brasil

    Em 1987, Mick Jagger visitou o Brasil novamente, desta vez para gravar o filme "Running Out of Luck", baseado nas canções de seu primeiro disco solo, "She's the Boss". O enredo conta a história de um roqueiro que vem ao Brasil, é sequestrado por uma brasileira (Norma Bengell) e levado para uma fazenda de bananas. Lá ele é escravizado de dia e sodomizado de noite. Jagger fica preso em uma senzala e contracena com Tony Tornado. "Cruzei as pernas sobre o dorso do Mick para roubar a cena e copulei feito uma louca, enquanto ele cantava. Cavalguei um garanhão, ele enlouqueceu. Claro, depois eu avisei: 'Olha, estou acostumada, só fiz isso na vida'", disse a atriz à época. O cantor britânico Ritchie também fez uma ponta no longa-metragem. Na foto acima, Bengell aparece na cama com Jagger.

  • Otávio Dias de Oliveira/Folhapress

    Pioneiros dos grandes shows de estádio no Brasil

    Os Rolling Stones tinham planos para vir ao Brasil em 1975 com a turnê "Tour of The Americas", portanto seis anos antes dos grandes shows de estádio, inaugurados no país por Frank Sinatra e Queen. As datas estavam até marcadas para meados de agosto em São Paulo e Rio de Janeiro, além de México e Venezuela. As apresentações só não ocorreram porque na época a América Latina era governada por ditaduras que acharam melhor proibir a entrada da banda por ser "desordeira e drogada". A estreia dos Rolling Stones no Brasil, portanto, ocorreu há 21 anos, em 1995. Os shows foram abertos por Rita Lee, na foto acima feita no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Foi mais ou menos nessa época que Jagger conheceu a modelo Luciana Gimenez, o que nos leva ao próximo ponto.

  • Getty Images

    O filho brasileiro de Mick Jagger

    A segunda turnê dos Rolling Stones no Brasil ocorreu em 1998, com "Bridges to Babylon". Na ocasião, a banda se apresentou na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, e depois em São Paulo. Jagger conheceu a modelo brasileira Luciana Gimenez em uma festa no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Os dois ficaram juntos por oito meses e do relacionamento nasceu Lucas Jagger. Além de Lucas, Mick tem outros seis filhos com quatro mulheres diferentes. Lucas, que tem 16 anos, nasceu em 1999 e já acompanhou o pai em jogos de futebol da seleção brasileira e britânica. Na foto, Luciana leva o filho a pré-estreia de "Get On Up" no The Apollo Theater, em Nova York, nos Estados Unidos. O longa conta a biografia do músico James Brown e tem o vocalista dos Rolling Stones como produtor executivo.

  • Fabio Motta/AE

    No Rio, o maior show da maior banda do mundo

    Um importante recorde na carreira dos Rolling Stones foi quebrado em 2006, no Rio de Janeiro. Eles trouxeram ao país a turnê "A Bigger Bang" e fizeram um show gratuito na praia de Copacabana para um público superior 1,5 milhão de pessoas. A super-produção contou até com uma passarela, construída para ligar o hotel Copacabana Palace ao backstage. Esta foi a terceira vez que a banda fez turnê no país. A apresentação entrou para a história dos Rolling Stones como o maior público e um dos maiores shows de rock do mundo. Além disso, a apresentação foi transmitida ao vivo pela TV aberta e o registro na íntegra está disponível no canal oficial da banda, no YouTube. Na foto, Mick Jagger agita a plateia no palco montado nas areias da praia.

  • Chris Brunskill Ltd/Getty Images

    Copa do Mundo e o pé-frio de Mick Jagger

    Começou como piada e ganhou ares supersticiosos. O fato é que, como bom britânico, Jagger também gosta de futebol e durante a Copa do Mundo fez questão de ir ao estádio assistir aos jogos da Inglaterra e, acompanhado de Lucas, seu filho, os jogos do Brasil. A história começou ainda em 2010, na África do Sul, quando Jagger esteve no jogo do Brasil contra a Holanda, no qual a seleção foi eliminada. Mas a derradeira falta de sorte ocorreu mesmo no Brasil, durante o fatíco 7 a 1 que a seleção tomou da Alemanha. Quem não gosta nem um pouco dessa superstição é Luciana Gimenez. Nas redes sociais ela já chegou a reclamar. "Agora é responsabilidade do Mick, que faz sucesso há 50 anos, lota show, um cara do bem, meu amigo e pai do meu filho, de 15 anos que está sofrendo cyber bullying. Como mãe, gostaria de falar a vocês que fazem esse tipo de bullying que pensem antes, pois apesar de parecer só um mito, o Mick é uma pessoa igual a todos nós e não merece ser tratado assim pelos brasileiros", escreveu. Na foto acima, Jagger assiste com o filho ao jogo do Brasil X Alemanha na Copa de 2014.