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Especial Madonna
12/09/2008 - 12h35
Madonna faz show frio e burocrático em Londres; veja fotos e vídeos da apresentação

ANTONIO FARINACI
Colaboração para o UOL, de Londres


AP/Matt Dunham

A cantora Madonna durante seu show em Londres (11/09/2008)

A cantora Madonna durante seu show em Londres (11/09/2008)


A cantora Madonna realizou nesta quinta (11) o show único da turnê "Sticky & Sweet" em Londres, cidade onde vive desde 2000. O espetáculo aconteceu no estádio de Wembley, para uma platéia com 74 mil pagantes, segundo dados da organização da turnê.

  • Fotos do show em Londres


  • Quem esperava que Madonna fizesse um show descontraído e caloroso na cidade que escolheu para morar, para um público cuja cultura (especialmente o sotaque e os trejeitos) ela fez questão de absorver, se enganou. A apresentação da cantora, que durou duas horas cravadas, foi burocrática e distante. Na platéia, o público reagiu conformemente, assistindo à maior parte de show sem dançar e respondendo apenas aos maiores sucessos da cantora.

    O espetáculo é dividido em quatro atos que representam diferentes momentos da carreira e facetas da cantora. Os dois primeiros concentram as músicas mais dançantes do show, e é durante essa metade do espetáculo que Madonna tem mais brilho. Lá estão também os figurinos mais bem sucedidos do espetáculo, como o decantado Givenchy preto com que Madonna canta "Candy Shop" na abertura do show, depois que o cubo de telões que forma o cenário se "desintegra".

    Madonna canta "Express Yourself" em Londres



    O primeiro segmento do espetáculo, conta com a participação em vídeo de Britney Spears, na música "Human Nature". A cantora aparece trancada dentro de um elevador, em imagens que parecem as de uma câmera de circuito fechado. Na seqüência, "Die Another Day" ganha uma desanimada coregrafia de boxeadores que encerra o primeiro ato.

    No segundo ato do show, "Old School", Madonna liga as pontas de sua carreira, passado e presente, reformatando os hits antigos e apresentando-os lado a lado com suas novas músicas. É o momento mais honesto e corajoso do espetáculo, e o que "Sticky & Sweet" tem de melhor. Em "Into the Grove", Madonna faz pole dance em uma plataforma móvel e o cenário é invadido pelos personagens de Keith Haring em animações de cores chapadas. "Vogue" ganha uma versão "mashup" sobre o baixo de "4 Minutes", "Borderline" vira um pop rock com guitarras e "She's not me" despeja nos telões uma profusão de imagens que Madonna criou para si nos últimos 25 anos. Platinada, morena, ruiva, loira, com sobrancelha grossa, sem sobrancelha, art-déco, gótica, sexy, dominatrix, maternal, cafetina, dama inglesa... A mensagem é clara. Nenhum outro artista da música pop criou uma galeria de imagens tão vasta e relevante quanto Madonna.

    Ao final de "Music", a cantora e os dançarinos entram num vagão formado por telões móveis e o palco se apaga.

    A partir daí, o show sofre um desvio de rota. Há uma espécie de interlúdio sombrio, com uma versão da música "Here Comes the Rain Again", dos Eurythmics, sobreposta a fragmentos quase imperceptíveis de "Rain", de Madonna. No telão, uma animação estilo "new age" do artista taiwanês James Jean, resposável por uma controversa campanha da Prada, da qual o vídeo feito para Madonna mais parece um plágio.

    Em seguida, Madonna surge dentro de um telão cilíndrico, cantando "Devil Wouldn't Recognize You" sobre um piano, encapuzada, com uma capa negra. Esse bloco do show, marcado por arranjos e figurinos de inspiração cigana, afunda o show em referências soturnas e se perde em números dispensáveis, como "Spanish Lesson" e "Miles Away".

    "La Isla Bonita", que geralmente ganha versões ao vivo coloridas e latinas, escolhe aqui a Espanha da inquisição, com figuras que parecem monjes encapuzados e acompanham a cantora numa procissão até a passarela que avança em direção a platéia. Depois, esses bailarinos se desfazem de seus capuzes para se revelarem ciganos de camisa colorida.

    Em seu momento mais desconcertante, o espetáculo vira uma festa de acampamento cigano, e o grupo que acompanha a cantora interpreta, sem a participação dela, uma música tradicional romena. O exagero e o mau gosto da encenação faz lembrar um número musical do canal RAI.

    O pesadelo do bloco "Gipsy" termina com "You Must Love Me", que venceu o Oscar e o Globo de Ouro, em 1997, de melhor canção original para o filme "Evita". A canção, arrastada demais, melosa demais, expõe todas as deficiências da voz quebradiça e trêmula de Madonna --deficiências que em nada atrapalham sua performance como vedete pop, mas fazem a diferença em canções românticas desse tipo.

    Chega a ser um alívio quando a cantora e seus acompanhantes são novamente engolidos pelo cilindro de luz de onde ela havia surgido no início deste segmento do show.

    Na seqüência, o público é bombardeado por uma enxurrada maniqueísta de lugares comuns sobre política internacional, guerra, consumismo e meio-ambiente, com o vídeo "Get Stupid" (que usa um trecho da canção "Give It 2 Me"). Nele, Madonna alinha de um lado (supostamente o "do bem") Gandhi, Lennnon, Oprah Winfrey e Obama, contra Hitler, Mugabe e McCain ("do mal"). Esse é o início do que é chamado de seção "Rave/Dominatrix" do show.

    Madonna compara candidato John McCain a Hitler



    "4 Minutes" traz uma coreografia interessante, em que Madonna dança, em pessoa, com um Justin Timberlake virtual, que surge em telões móveis que multiplicam sua presença pelo palco.

    A seguir, Madonna faz um remake "sério" de "Like a Prayer". Durante a música, em ritmo de trance, são mostrados no cenário trechos de ensinamentos da Bíblia, do Talmude e outros livros de religião e filosofia. O resultado é que a música, que em sua versão original era uma anedota divertida e picante sobre a paixão carnal de uma moça pela imagem de um santo, vira uma pregação disparatada e tanto mais vazia quanto mais "ecumênica". Apesar da confusão conceitual, o arranjo pesado da música faz o público dançar. Mas não por muito tempo.

    A próxima música, "Hung Up", ganha um arranjo de rock pesado, com guitarras distorcidas e vocais guturais. Com uma roupa preta de inspiração gótica, Madonna finge que toca guitarra e imita trejeitos de "guitar hero". Vai até a caixa de som e esfrega as cordas contra o amplificador. Tudo um pouco teatralizado demais. No fundo do palco, dava para distinguir, na sombra, o guitarrista responsável pelo solo que se ouvia.

    Antes da última música, Madonna finge que conversa com o público. Dizer "fingir", nesse caso, é apropriado, pois ela mesma faz as perguntas e dá as respostas, num timing apressado de quem quer acabar o serviço. "Neste momento eu aceito pedidos", ela diz. E, em seguida, emenda: "Não, essa, não. Eu não lembro a letra de minha músicas antigas. Eu não lembro a letra nem das novas". Ninguém ri.

    Britney aparece em vídeo em turnê de Madonna


    Madonna puxa um "Express Yourself" à capela. Aí sim. O público canta e ela retribui: "É por isso que eu amo vocês". E esse foi o único momento de interação com a platéia. Um pouco tarde. Essa é a penúltima música do show, que termina com "Give It 2 Me". Madonna e os bailarinos avançam pela passarela em direção à platéia, dançam, se jogam no palco. Mas fica a impressão de que o espetáculo não transcorreu como devia, de que não decolou. No cenário, no cubo de telões lê-se "game over", fim de jogo. E a platéia nem sequer ensaia pedir bis.

    A turnê
    Demorou quase um mês para que Londres, cidade que Madonna escolheu para chamar de sua, visse um show de "Sticky & Sweet". Desde 2000, quando se casou com o cineasta britânico Guy Ritchie, que ela passa a maior parte do tempo na capital inglesa e adota o sotaque britânico em entrevistas.

    A turnê "Sticky & Sweet" começou no dia 25 de agosto, em Cardiff, no País de Gales, e já passou pela França, Alemanha, Suíça, Holanda e Itália. No total, serão mais de 50 apresentações. As próximas acontecem em Portugal, Espanha, novamente na França, em Montenegro e Grécia. Em outubro, Madonna segue para a América do Norte e se apresenta em cidades americanas, no Canadá e no México. Em dezembro, a cantora desembarca na América do Sul para dois shows na Argentina, dois no Chile e cinco no Brasil (no Rio de Janeiro e em São Paulo).

    A cantora é acompanhada por uma equipe de 145 pessoas, formada de músicos, bailarino, maquiadores, além de técnicos de som e iluminação que ocupam três aviões.

    Com a turnê, Madonna comemora 50 anos de vida e 25 de carreira, confirmando seu amor pela polêmica e pela provocação. Em um dos vídeos exibidos durante as apresentações, o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos John McCain é associado a Hitler, o que rendeu à cantora críticas por parte de porta-vozes do partido, que consideraram a comparação "degradante e inaceitável". E ao se apresentar em Roma, no último sábado (6), a cantora dedicou "Like a Virgin" ao papa Bento 16 e arrematou: "Eu também sou filha de Deus".

    A turnê anterior de Madonna, "Confessions", de 2006, rendeu mais de US$ 195 milhões em ingressos e foi considerada a turnê mais lucrativa de uma artista feminina. A Live Nation, empresa que promove os shows, espera que "Sticky & Sweet" bata o recorde de "Confessions" e arrecade mais de US$ 250 milhões. Estima-se que apenas os shows brasileiros tenham custado mais de US$ 20 milhões.
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