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Lançado na Espanha, livro "Paul Está Morto" passeia pelas lendas do rock

Ilustração na capa do livro "Paul Está Muerto" - Divulgação
Ilustração na capa do livro "Paul Está Muerto" Imagem: Divulgação

David Villafranca

De Madri

20/11/2014 12h37

Como seria o rock sem as lendas que dizem que Elvis Presley está vivo, Paul McCartney morreu em 1966 e "Stairway to Heaven" tocada ao contrário é uma música satânica? Talvez algo menos divertido, segundo o escritor espanhol Héctor Sánchez, que no livro "Paul Está Muerto y Otras Leyendas Urbanas del Rock" (Paul Está Morto e Outras Lendas Urbanas do Rock, em livre tradução) passeia pelas lendas mais obscuras, curiosas e selvagens do rock.

"Acho que um dos encantamentos que o rock tem é o mundo que surge ao seu redor, toda a bola de neve criada e todo telefone escangalhado", explicou em entrevista à Agência Efe o escritor estreante.

O livro, lançado pela editora espanhola Errata Naturae e sem previsão de edição em português, aproveita o mistério e a riquíssima mitologia que envolvem o rock, repleto de figuras fascinantes e fatos surpreendentes que continuam a deslumbrar o público, embora muitas dessas histórias sejam autênticas mentiras.

Ao escrever "Paul McCartney" no Google, o primeiro resultado, antes de "Beatles" ou "canções", é "Paul McCartney morto", em referência à lenda urbana que diz que o músico dos Beatles morreu em um acidente de trânsito nos anos 60 e foi substituído por um sósia.

"O rock tem sua própria história, mas, ao mesmo tempo, esta é uma história paralela que muitas vezes é, inclusive, mais surpreendente que a própria história real", conta Sánchez sobre um mundo no qual se enredam mitos, fanatismos e fatos verídicos que ele relata com humor e ironia, inclusive nos temas mais escabrosos.

No livro, há lendas de todas as cores, como a que "ressuscita" Jim Morrison, vocalista da banda The Doors, a que garante que o fantasma de Janis Joplin continua preso no hotel em que ela morreu e a que afirma que o grupo Eagles escondeu uma mensagem demoníaca em "Hotel California".

Combinação explosiva

Segundo o escritor, "o caráter selvagem" do rock faz deste estilo musical um terreno "propenso às lendas urbanas". "Depois, se associarmos o tópico do sexo e das drogas, temos uma combinação explosiva que ao mesmo tempo funciona", acrescentou.

O famoso incidente sexual do Led Zeppelin que envolveu um tubarão ou a noite em que Keith Moon, baterista do The Who, estacionou um carro dentro de uma piscina são outras lendas que alimentam a imagem do rock como um mundo de excessos e, ao mesmo tempo, puro sonho.

paul - Divulgação - Divulgação
Capa de "Paul Está Muerto y Otras Leyendas del Rock"
Imagem: Divulgação

"Sobretudo me interessava que parte de realidade havia nessas lendas, tentar desmenti-las, mas ao mesmo tempo seguir criando alguma dúvida. Que cada um fique com a parte que mais lhe interessa", comentou Sánchez.

O autor da reunião desses relatos em espanhol não sabe dizer qual é sua lenda preferida, mas admitiu certa fraqueza pela que afirma que o disco "Dark Side of The Moon", de Pink Floyd, é uma trilha sonora feita para encaixar perfeitamente no filme "O Mágico de Oz" (1939).

A mais "cruel", em sua opinião, é a que sustenta que Mama Cass, do Mamas & The Papas, que tinha problemas de obesidade, morreu engasgada enquanto comia um sanduíche.

O livro tem ilustrações de David Sánchez, que acompanha cada lenda com sua visão particular, e que, segundo o escritor, fez um trabalho "muito bom", como "um passo além na hora de interpretar os relatos de 'Paul Está Muerto'".

Héctor Sánchez lembrou que o poço de lendas é inesgotável e que a internet é uma plataforma muito boa para estender as mentiras sobre o rock.

E, se o leitor não ficou convencido com as histórias contadas por Sánchez, sempre resta a opinião do guitarrista dos Rolling Stones Keith Richards, um habitual protagonista destas histórias: "O curioso destas lendas urbanas é que as pessoas não se esquecem, apesar de se ver claramente que elas estão erradas, talvez porque a ideia seja tão descabida ou tão cruel ou tão lasciva que parece inconcebível que seja uma invenção".