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Discos de vinil resistem à invasão digital

Fãs de vinil em feiras de discos em SP - Renato Custódio/Divulgação
Fãs de vinil em feiras de discos em SP Imagem: Renato Custódio/Divulgação

Antonio Zavala

23/02/2015 10h12

Chicago (EUA), 23 fev (EFE).- Há algo na experiência de abrir os discos de vinil, tirá-los da capa e colocá-lo na ponta da agulha que continua a fascinar os amantes da música e isso está se traduzindo em um grande aumento dos números de vendas nos Estados Unidos.

A tão anunciada morte dos discos de vinil nunca aconteceu e em mundo cada dia mais digital, em 2014 foram vendidos nos Estados Unidos 9,2 milhões de LPs, 51,8% a mais que em 2013, segundo dados da agência de medição Nielsen.

Por outro lado, os downloads caíram 9% no caso de discos e 12% de singles, apontou o relatório da Nielsen Soundscan, que também mostrou que a compra dos CDs, responsáveis pelo quase desaparecimento dos discos de vinil, caíram 14% ano passado, para 140 milhões.

Esta tendência se refletiu no Reino Unido, o segundo mercado musical mais representativo do mundo e onde em 2014 foram vendidos mais de um milhão de cópias de discos ano passado, segundo a Official UK Charts Company, um volume de vendas que não era visto desde 1996.

Os fãs das bolachas juram que a experiência é melhor, mais completa.

"É um processo desde que compra um álbum, o abre, o cheiro... muitas coisas", confessou à Agência Efe o mexicano Gildelgar Sánchez, dono de uma coleção de 500 discos de vinil com os quais iniciou uma carreira de DJ em cafés e galerias de Chicago, nos Estados Unidos.

Sánchez ressaltou que esta experiência é "algo único, que não se compara com a compra de CDs ou downloads".

Os discos de vinil foram o formato mais popular de música entre as décadas de 50 e 90, quando os então inovadores 'compact discs' os superaram em vendas.

Mas agora, com mais formatos para a música, incluindo a compra digital, "streaming" e formatos físicos, os discos de vinil firmaram uma fiel clientela, tanto de colecionadores como de simplesmente fãs de música.

Graças a eles, as lojas especializadas na revenda de discos de vinil conseguiram se manter.

"Nos últimos anos houve um ressurgimento de interesse pelos 'long plays' de vinil," ressaltou Christian Priebe, gerente da Dusty Groove, uma loja do popular bairro de Wicker Park, em Chicago.

Esta loja está cheia de discos de jazz, rock, blues, country. Para Priebe os tradicionais discos de plástico representam uma experiência melhor para o ouvinte do que os outros formatos.

"Os discos de vinil de 33 1/3 rotações por minuto eram o melhor formato", apontou Priebe, pois "têm melhor som e são mais tangíveis".

Uma busca por sua loja rende tesouros como discos de Nina Simone, Frank Sinatra, Peggy Lee, Miles Davis, mas também, na seção latina, joias como discos de Mongo Santamaría, Eddie Palmieri e uma cópia de Isabel Parra e seu disco "Cantos de Violeta".

Sánchez contou que seu amor por este formato começou em sua cidade natal quando, aos oito anos, ganhou seu primeiro disco de vinil, do bem-sucedido grupo juvenil espanhol Parchís. "Ouvia todos os dias esse álbum o tempo todo", lembrou.

O colecionador afirmou que este formato dá muito mais aos consumidores e citou a arte das capas e as extensas notas que cada álbum inclui. "A cultura do vinil não vai ceder, ela sobreviverá", finalizou Sanchez.