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Morre cantora France Gall, ícone da música francesa nos anos 60 e 70

A cantora francesa France Gall em 1969 - AFP
A cantora francesa France Gall em 1969 Imagem: AFP

De Paris

07/01/2018 11h50

France Gall, um dos ícones da música francesa, sobretudo na segunda metade dos anos 60 e nos 70, morreu neste domingo (7) aos 70 anos em Paris, onde tinha sido internada devido a uma infecção severa, anunciou sua assessora.

"Há palavras que não gostaria de pronunciar nunca. France Gall foi ao paraíso branco após ter desafiado durante dois anos, com discrição e dignidade, a recaída de seu câncer", afirmou em um comunicado Geneviève Salama.

A cantora, que há duas décadas estava totalmente afastada da música, se chamava Isabelle e nasceu em 9 de outubro de 1947 na capital francesa. Mudou seu nome para France no início da carreira, quando a cena musical na França era dominada por Isabelle Aubret.

France era filha de Robert Gall, cantor e compositor de músicas de sucesso gravadas por Edith Piaf, Charles Aznavour e Cécile Berthier, entre outros.

O seu pai a incentivou a praticar piano desde os cinco anos e violão desde os 11. Quando era adolescente, ajudou a filha a gravar músicas que ele mesmo propôs ao editor Denis Bourgeos em 1963. Em outubro desse ano, quando acabava de completar 16 anos, a voz de France começou a ser ouvida nas rádios e a música "Ne Soit Pas Si Bete" alcançou 44ª posição das paradas na França.

Seu diretor artístico na época propôs a Serge Gainsbourg que compusesse para a jovem promessa, o que se materializou com "N'écoute Pas Les Idoles", que subiu ao topo das listas musicais francesas em março de 1964.

Serge Gainsbourg ajudou a catapultar France Gall ao sucesso: vendeu dois milhões de cópias com seu disco "Sacré Charlemagne", lançado em 1964, e no ano seguinte, com a música "Poupée De Cire, Poupée De Son", ganhou o concurso Eurovision representando Luxemburgo.

A ruptura entre ambos aconteceu após o escândalo gerado pela canção "Les Sucettes" (1966), escrita por Gainsbourg para ela. Sua forte carga erótica teve consequências sobre sua imagem que a cantora não gostou.

France então começou a viver um período turbulento marcado pelo fracasso comercial de um disco, a desorientação pela mudança de gravadora e uma relação difícil com outro artista de renome, Julien Clerc.

A cantora francesa France Gall em foto de 1966, em Cannes - AFP - AFP
A cantora francesa France Gall em foto de 1966, em Cannes
Imagem: AFP


Sua ressurreição veio pelas com a ajuda do compositor Michel Berger, a quem a cantora pediu que escrevesse músicas para ela, algo que fez em 1974 com "La Déclaration D'Amour", que relançou sua carreira.

A relação entre ambos rapidamente foi além do profissional. Os dois se casaram em 1976 e tiveram a primeira filha, Pauline, em 1978. Três anos depois, veio o segundo filho, Raphaël.

France Gall gravou menos nos anos 80 e dedicou boa parte do seu tempo à família. Em 1992, com o seu álbum "Double Jeu", gravado ao lado de Berger, saiu em uma turnê que não conseguiu terminar devido à morte do marido em 2 de agosto daquele ano.

A cantora sofreu um câncer de mama, que ressurgiu, e depois recebeu o duro golpe do falecimento de sua filha em 1997. Decidiu então encerrar sua carreira. Nos últimos anos, se dedicou a ações humanitárias.