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Por orgulho dos Backstreet Boys, Howie D desistiu de explorar raízes latinas em CD solo

Howie Dorough, integrante do Backstreet Boys, em foto de divulgação da carreira solo - Piper Ferguson/Divulgação/NYT
Howie Dorough, integrante do Backstreet Boys, em foto de divulgação da carreira solo Imagem: Piper Ferguson/Divulgação/NYT

Gary Graff

The New York Times Sindycate

16/05/2012 07h00

Howie Dorough não é o Backstreet Boy mais popular e ele sabe. Conhecido apenas como Howie D, ele não tem o carisma jovem de Nick Carter, nem é atraente como Brian Littrell, muito menos tem o apelo "bad boy" de A.J. McLean. Mesmo assim, Howie se considera "a cola que une o pessoal", a rocha do Backstreet Boys que é sólida, firme e o rosto reconfortante para o grupo.
 
E ele não é o único que pensa assim. Nick já chamou Howie de "o homem nos Backstreet Boys" e mais de um observador notou que, quando o grupo faz sua característica caminhada em meio ao público para trazer algumas fãs ao palco, a escolha de Howie costuma ser a garota menos fisicamente atraente de todas.
 
Com esse tipo de espírito de equipe, não causa surpresa saber que levou cinco anos para ser finalizado o primeiro álbum solo de Howie Dorough, "Back to Me", lançado em novembro. "Minha intenção nunca foi de que o grupo parasse para o meu projeto individual", explica Howie, de 38 anos, falando por telefone de sua casa em Cocoa Beach, na Flórida. 
 
"Trabalhei de modo intermitente, entre as pausas de nossas turnês e gravações ou seja lá o que estivéssemos fazendo. Mas os fãs não paravam de perguntar: 'E aí Howie, quando é que sai? Vai lançar mesmo ou não?'. E eu mergulhei de cabeça e sabia que tinha que terminar meu álbum", ele conta. Mas "Back to Me" saiu bem diferente do disco que Howie falou durante esses cinco anos.
 

Orgulho de ser um Backstreet Boy
Desde o início, Howie, filho de mãe porto-riquenha e pai irlandês-americano, falava sobre explorar suas raízes latinas, trabalhando com pessoas como Jon Secada e Wayne Rodriguez, e até mesmo cantando em espanhol. No entanto, "Back to Me" não soa muito diferente de um álbum do Backstreet Boys, que Howie diz ter sido intencional.

Divulgação
Queria fazer algo diferente dos Backstreet Boys e explorar minhas raízes. Mas quando finalmente me dediquei a isto, fiz uma autoanálise e me perguntei: 'Essa é a direção certa para mim?' Eu não queria ser um daqueles artistas que fazem algo tão diferente que as pessoas se perguntam: 'Por que ele fez isso? Ele não se orgulha do que faz?'

Howie Dorough


Howie diz que começou seguindo uma direção mais latina. "Queria fazer algo diferente dos Backstreet Boys e explorar minhas raízes. Mas quando finalmente me dediquei a isto, fiz uma autoanálise e me perguntei: 'Essa é a direção certa para mim?' Os Backstreet Boys têm uma base internacional de fãs e eu não queria ser um daqueles artistas que fazem algo tão diferente que as pessoas se perguntam: 'Por que ele fez isso? Ele não se orgulha do que faz?' E eu tenho muito orgulho de ser um Backstreet Boy, então por que me distanciar do modelo?".

Esse modelo tem sido muito bom para Howie e seus companheiros de grupo desde 1993, quando os Backstreet Boys se uniram em Orlando. Howie é natural da cidade e foi seduzido pelo desejo de cantar desde cedo, graças à proximidade com a Disney e com o Universal Orlando Resort. Ele primeiro conheceu McLean, e os dois chamaram a atenção do empresário Lou Pearlman, que realizou os testes que trouxeram Carter, Littrell e seu primo, Kevin Richardson. Howie também recrutou outro cantor aspirante chamado Chris Kirkpatrick, mas ele acabou se juntando ao grupo concorrente 'N Sync.
 
Tirando seu nome do mercado de pulgas da Backstreet de Orlando, o quinteto começou a se apresentar em shopping centers e colégios. Após assinar um contrato com a Jive Records, o grupo conseguiu seu primeiro sucesso na Europa antes da estreia de seu álbum autointitulado nos Estados Unidos em 1996. "Backstreet Boys" vendeu 24 milhões de cópias em todo o mundo e lançou sucessos como "Quit Playing Games (with My Heart)" e "I'll Never Break Your Heart". 
 
Isso preparou o terreno para "Millennium" (1999), que vendeu mais de 1,1 milhão de cópias nos EUA na primeira semana e depois ultrapassou mais de 30 milhões em todo o mundo. Ao todo, os Backstreet Boys venderam mais de 130 milhões de álbuns e singles em todo o mundo, e conquistaram inúmeros prêmios. "É muito mais do que jamais imaginamos. Quando começamos, era possível ser um astro, mas não havia nada tão grande, exceto talvez Michael Jackson".
 
Junto com New Kids on the Block
As vendas do grupo caíram com o fim da febre das boy bands, mas Backstreet Boys se manteve na ativa, fazendo turnês regularmente e lançando álbuns, mais recentemente "This Is Us" (2009). Apesar de todos os integrantes também terem outras atividades --Howie tem uma empresa de empresariamento e produção, atuou em séries como "Roswell" (2000) e "Sabrina" (2002), e criou a Fundação Dorough Lúpus depois que sua irmã Caroline morreu da doença--, Howie deixa claro que a banda permanece viva e continuará assim pelo futuro previsível.
 
"Nós amamos fazer isso. Nos damos bem, adoramos trabalhar juntos, nos apresentar, adoramos os fãs. Fomos espertos o suficiente para saber que o que aconteceu no início não duraria. Não dá para manter aquele nível de sucesso para sempre. Mas nós temos ótimos fãs e sempre podemos sair, fazer turnê e seremos bem-sucedidos. Nós somos realmente abençoados", diz.
 
E não são bobos. No ano passado, os Backstreet Boys se uniram com a boy band antecessora New Kids on the Block para a turnê "NKOTBSB", que lotou arenas, arrecadou mais de US$ 40 milhões e se apresentou para quase 605 mil fãs nos Estados Unidos e Canadá. O álbum conjunto com sucessos de ambos os grupos e um "NKOTBSB Mashup" estreou no 7º lugar na parada Billboard, e neste ano os dois grupos se apresentarão na Ásia, Austrália e Europa.
 
"Há muitos pedidos para mais apresentações nos Estados Unidos, mas idealmente nós levaremos primeiro esta turnê para o restante do mundo e depois voltaremos. Há muitos fatores envolvidos na agenda deles, na nossa agenda, gravações, todas essas coisas bacanas. Mas adoramos fazer esses shows, estou certo que continuaremos os fazendo no futuro", acredita.
 

Futuro de Howie e dos Backstreet Boys
Enquanto isso, Howie espera que seu projeto solo, que ele promoveu abrindo algumas poucas apresentações de Britney Spears, receba a devida atenção. Ao desistir da ideia de cantar em espanhol --que, ele reconhece, "eu não falo muito bem"-- Howie optou por "acelerar um pouco o andamento, entrar mais no dance europeu e também dar a sonoridade característica dos Backstreet Boys às canções mais lentas".
 
De fato, ele originalmente apresentou três das canções --"Dominoes", "Over My Head" e "Shatterproof"-- para "This Is Us", mas não foram usadas. Nem "Pure", que Nick Carter e Howie compuseram juntos. Quando foi decidido que "Pure" não entraria em "This Is Us", Howie interveio. "Eu disse 'Cara, eu quero guardá-la para meu álbum'. E Nick ficou empolgado. Não há nada melhor do que contar com o apoio de sua própria turma para algo que você está fazendo".
 
Os primeiros dois singles do álbum, a agitada "100" e a balada "Lie to Me", foram compostos por outras pessoas, mas isso não incomoda Howie. "Sempre estive aberto para cantar canções de outras pessoas. Eu acredito em compor para seu próprio álbum, porque certamente dá aquele vínculo pessoal. Mas, ao mesmo tempo, eu não deixo de dar crédito para as pessoas que podem compor uma canção melhor do que eu".
 
Os Backstreet Boys também estão de volta ao estúdio, trabalhando no sucessor de "This Is Us". Mas o que estão exatamente fazendo é mantido em sigilo. "Pensamos se manteríamos a mesma veia do último álbum ou se expandiríamos os limites. Ou queremos ser um pouco mais pop/rock? No momento, é uma tela totalmente em branco. Nunca fomos um desses grupos que precisam fazer um álbum às pressas ou cumprir um prazo. Ele precisa acontecer naturalmente. Sempre dedicamos tempo para fazer direito e desta vez não será diferente".  (Tradução: George El Khouri Andolfato)
 
*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan