Lúcio Ribeiro: "Stones está no DNA de quase todas as bandas de rock"
A história é mais que batida. Quando os Beatles apresentaram ao mundo o pop perfeito "yeahyeahyeah", apareceram os Rolling Stones para "estragar" tudo com transgressão, picardia, sexualidade. Isso eram anos de 1960.
Mais do que uma influência necessariamente musical --até porque Jagger só existe um, Richards só existe um--, os Stones viraram nos 50 anos depois de sua formação uma influência comportamental, espiritual, nessa coisa rebelde que dá alma ao rock, da qual ele se gaba tanto.
E essa "partícula de Stones" é vista de modo natural até hoje, seja em bandas inglesas, da Austrália, suecas, do Brooklyn ou de São Paulo. Ou até nos próprios Stones, que adolescentemente teimam em se manterem na ativa até hoje, mesmo que seus integrantes sejam todos --ou quase todos-- septuagenários.
Em maio deste ano, em São Paulo, o festival da Cultura Inglesa promoveu mais uma edição de seu evento anual, escalando a banda indie paulistana Garotas Suecas para tocar músicas dos Stones o show inteiro. Em que pese ser uma banda do agora, a incorporação stoniana do Garotas Suecas foi muito boa, sem maiores estranhamentos, sem parecer uma banda cover de ocasião.
E as músicas antigas da turma de Mick Jagger, ainda que na voz da nova geração, continuavam soando atuais. Porque Stones está no DNA de quase todas as bandas de rock, qualquer que seja a idade.
Em entrevistas que antecederam o "Garotas Suecas toca Stones" do festival, era comum o grupo paulistano citar a banda inglesa cinquentona como "influência fundamental", mesmo que o som original do Suecas pouco tenha a ver com os Stones em si. "A primeira música que tocamos como banda, quando nos juntamos, foi 'Jumping Jack Flash'", disse o integrante de uma banda "dos dias de hoje" e que tem pouco mais de cinco anos de existência.
Quando ainda hoje, seja nas bandas novas, seja em eventos como as Olimpíadas de Londres, em que os Stones são um tipo de trilha sonora involuntária (campanhas de TV) e boatos de que a banda tocará na abertura dos Jogos, a impressão que dá é que muitos dos grupos de rock que ainda se formarão no futuro vão prestar muitos tributos ao quarteto de Jagger/Richards. Seja no som, seja principalmente na alma.
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