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Dream Theater faz "ritual de adoração" por quase três horas

Dois anos depois de sua última vinda ao Brasil, o Dream Theater tocou por quase três horas em São Paulo - Foto Rio News
Dois anos depois de sua última vinda ao Brasil, o Dream Theater tocou por quase três horas em São Paulo Imagem: Foto Rio News

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

27/08/2012 07h57Atualizada em 27/08/2012 16h51

Um show do Dream Theater funciona como um ritual de adoração em que de um lado ficam os admiradores da habilidade dos músicos e de outro se encontram os instrumentistas. Dois anos depois de sua última visita, a banda voltou ao Brasil com um novo disco para mostrar. Por conta disso, várias faixas do CD "A Dramatic Turn of Events" foram apresentadas ao vivo neste domingo (26), no Credicard Hall, em São Paulo

O show começou com 15 minutos de atraso e teve qualidade de som impecável desde “Bridges in the Sky”, música que abriu a noite, até “Metropolis”, que encerrou a apresentação, quase três horas depois. Figuras geométricas serviram como cenário e como tela para projeções de desenhos animados e imagens do grupo no palco. Este detalhe de produção tirou o habitual tom sisudo do show e dos integrantes do Dream Theater. Logo no início, uma animação que mostrava o grupo desembarcando do avião e logo se encaminhando para o palco inseriu um humor praticamente inédito na obra da banda.

O Dream Theater, formado há cerca de 25 anos, tem a imagem e o som contrários ao padrão do rock pós-1990. São cinco caras que parecem ter saído do elenco de coadjuvantes de “O Senhor dos Anéis”, que tocam heavy metal com nítida influência do rock progressivo dos anos 1970 e 1980, e são extremamente habilidosos em seus instrumentos. O virtuosismo faz com que faixas longas – somente “Metropolis” teve 14 minutos de duração – não incomodem tanto, para quem gosta ao menos um pouco do gênero. Mais ou menos como os fãs do Rush, o público do DT quer mais é observar atentamente cada acorde. A plateia vibrava a cada “virada” do baterista Mike Mangini, que entrou no lugar de Mike Portnoy, ou a cada vez que o guitarrista John Petrucci engatava um solo.

A produção cuidada colaborou para que a atenção do público ficasse concentrada, com câmeras colocadas em lugares estratégicos. Penduraram uma no alto da bateria e prenderam outra no canto do teclado de Jordan Rudess, só para dar exemplos. Apoio visual à parte, o Dream Theater faz bem o que se propõe a fazer, ainda que demonstre uma certa arrogância no repertório. A banda não tocou, por exemplo, nem “Caught in a Web” nem “Pull Me Under”. Seria como se o Iron Maiden fizesse um show sem “The Number of the Beast” e/ou “Fear of the Dark”, mas o DT já há anos resiste a tocar seus dois maiores hits, ainda que em raras ocasiões inclua um ou outro no set list.

O público, já sabendo disso, não demonstrou incômodo. Pareceu satisfeito com a presença de seus ídolos e ovacionou cada um. Rolou até um “olê, olê, DT, DT...” em um dos intervalos entre canções. Boa parte dos fãs ainda deve ter guardado palmas e gritos para outubro, quando John Petrucci volta ao Brasil na formação do trio G3.