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Ex-integrantes celebram 30 anos do Titãs com 60 minutos de música e abraços

Formação original do Titãs se reúne em São Paulo para show que comemora os 30 anos da banda. (6/10/2012) - Fernando Donasci/UOL
Formação original do Titãs se reúne em São Paulo para show que comemora os 30 anos da banda. (6/10/2012) Imagem: Fernando Donasci/UOL

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

07/10/2012 09h47

O anúncio da aparição dos ex-integrantes dos Titãs no show de 30 anos da banda, ontem, no Espaço das Américas, em São Paulo, poderia deixar a dúvida de que talvez fossem simples participações especiais para dar uma força aos quatro músicos responsáveis pela sobrevivência do grupo. Ao contrário, a volta da formação quase original fez crescer o clima de celebração. Os sete surgiram abraçados e permaneceram no palco durante uma hora.

O show foi dividido em dois. A formação atual, com Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, tocou durante 50 minutos músicas como “Diversão”, “Aluga-se” (sucesso de Raul Seixas) e “Televisão”. O primeiro tributo aos 30 anos da banda aconteceu logo no início, quando Britto anunciou “Epitáfio” como uma homenagem a Marcelo Fromer, ex-guitarrista do Titãs, que morreu atropelado em 2001. Pouco depois, Paulo Miklos pediu ao público - jovens que aparentavam ter de 25 a 30 anos, misturados a homens e mulheres de cabelo grisalho - que vote de forma consciente, hoje, e bradou contra a corrupção. “Não tem esse papo de que os meus ladrões são melhores que os seus”, falou, antes de “Vossa Excelência”.

Depois de “Bichos Escrotos”, os quatro se despediram, como se a apresentação acabasse ali. Após um pequeno intervalo, Miklos, Britto, Mello e Bellotto voltaram, acompanhados de Arnaldo Antunes, que deixou o Titãs em 1992, Nando Reis, que saiu em 2002, e Charles Gavin, que era o baterista até 2010.

Arnaldo abriu a segunda parte com “Comida”. Nando Reis, o ex-Titãs mais esperado, o único que nunca se juntou ao grupo nem em ocasiões especiais, após sua saída, e o último a confirmar presença no show de ontem, foi ovacionado assim que pegou o baixo e assumiu o microfone para cantar “Família”. Depois, emendou com “Igreja”.

Britto foi à frente do palco e “ensaiou” versos de “Polícia” com a platéia, antes que Gavin desse a introdução. Sérgio cantou parte desta música abraçado a Nando e Arnaldo. O clima de celebração continuou com “Cabeça Dinossauro” tocada com dois baixos e duas guitarras.

Antunes ganhou uma espécie de momento solo em que lembrou a performance cênica que exibia quando integrava o grupo, em “O Pulso” e “Lugar Nenhum”. Mas para os fãs antigos do grupo, o mais emocionante veio logo depois. Nando, novamente no baixo e nos vocais, mandou “Marvin”, cantada em coro pelo público que encheu a casa.

“Sonífera Ilha”, primeiro sucesso do Titãs, colocou a platéia para dançar e era a canção prevista para encerrar a noite, mas a banda ainda voltou para um segundo bis, com “Porrada” e a reprise de “Bichos Escrotos”, desta vez com os sete no palco, e Nando e Branco formando uma dobradinha de baixos.

O tom histórico do show já era previsto, mas é interessante notar como uma banda com 30 anos tem – como outras de sua geração - letras que se encaixariam na situação sócio-política do país ainda que fossem escritas hoje. Apesar disso, a banda voltou a chamar a atenção justamente por performances comemorativas: o show em que tocou, na íntegra, o álbum “Cabeça Dinossauro”, de 1986, e agora este, celebrando as três décadas de carreira. Ao menos fica claro que não há necessidade de se deixar levar por arranjos mais “maduros” para envelhecer junto com seu público.