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Para vocalista, novo disco da Fresno é "futurista" como o filme "Prometheus"; veja faixa a faixa

Mario, Lucas, Gustavo e Bell da banda Fresno (2012) - Divulgação
Mario, Lucas, Gustavo e Bell da banda Fresno (2012) Imagem: Divulgação

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

23/11/2012 06h00

Sexto disco da carreira da banda Fresno, "Infinito", chega às lojas nesta sexta-feira (23). Lançado de forma independente, o trabalho, que está disponível na internet desde o começo do mês, é considerado pelo vocalista, Lucas Silveira, como o melhor do grupo em 13 anos de carreira.  

Responsável por produzir e compor as novas canções, Lucas acredita que "Infinito" é diferente de tudo o que quarteto gaúcho já fez. "Existia com esse projeto um compromisso meu de fazer o melhor disco da banda", conta Lucas em entrevista ao UOL.

 "Acho que os fãs vão gostar, porque a gente estava muito inspirado", acrescenta, lembrando que o fato da banda ter gravado o trabalho de maneira independente permitiu que o grupo fizesse "algo mais maluco".

  • Capa de "Infinito", sexto disco da banda Fresno, que conta com 11 faixas e produção do vocalista Lucas Silveira

Questionado sobre as referências musicais usadas no disco, Lucas conta que viu muitos blockbusters e que as trilhas sonoras o ajudaram a criar o conceito do projeto. "Eu gosto muito de Riddley Scott e, durante as gravações, brincava que o disco ia ficar bem 'Prometheus'", brinca. Lançado em 2012, o filme de Scott se passa na segunda metade do século XXI e conta história da tripulação de uma nave que busca as origens da humanidade. "Se ‘Infinito’ fosse um filme, ele seria um épico futurista jovem", diz o vocalista.

Para conseguir o tom "épico" pretendido, Lucas chamou o músico Lucas Lima, da banda Família Lima. "Ele é um cara que entende a nossa música. Nem precisei ‘brifar’, ele chegou lá e regeu uma orquestra de 11 pessoas", conta.

Composto de 11 canções, que falam sobre relacionamentos, mas também expressam a angústia do vocalista, "Infinito" é "totalmente autobiográfico", diz Lucas. "Tudo nesse trabalho reflete o que passou nos últimos dois anos", explica, referindo-se ao rompimento da banda com a gravadora Universal e com o baixista Rodrigo Tavares, que anunciou sua saída em março.

Sobre uma possível rixa com o produtor Rick Bonadio, que esteve por trás do disco Redenção (2009), o mais pop do grupo, Lucas admite que teve divergências com o empresário, mas que a saída da gravadora aconteceu de forma pacífica.

"A visão dele funciona com um artista pop, comigo não dá porque eu não gosto. Nunca fiz música com o pensamento de ‘preciso subir de vida’. A opção de fazer música é só para agradar a nós mesmos", afirma.

Lucas explica "Infinito" faixa a faixa

1. Homem ao Mar
"Essa faixa foi feita especialmente para o disco e eu queria que ela estabelecesse um elo entre o EP 'Cemitério de Boas Intenções' (2011), um som raivoso, rasgado, com a música que viria dali para frente. A letra fala sobre o cara que saltou do barco e deixou a gente. Quem acompanha a história da banda sabe do que eu estou falando."

2. Infinito
"É a canção que deu o conceito do disco. Fala da procura, da busca de ser maior, de lutar, de que a vida pode mudar e também da nossa insignificância perante a tudo que acontece no infinito."

3. Maior Que As Muralhas
"Eu fiz uma viagem em março para Bósnia e vi que estava tão longe de tudo e comecei a meditar sobre todas as reviravoltas que acontecerem neste ano. É uma música pesada, que vai ter um clipe em forma de documentário."

4. O Resto é Nada Demais
"Também foi feita durante a viagem. É uma balada sobre um sonho que eu tive, onde eu me afoguei e isso pareceu bom.  Tinha o tom de acabou, não vou sofrer mais. Ela fala sobre a busca que eu tenho pelo significado da vida."

5. Diga (Parte 2)
"É uma música de desamor. É a transcrição de um diálogo que eu tive com uma mina. A Diga (Parte 1) eu fiz no começo do namoro e é romântica. Na parte 2, ela fala sobre como essa coisa degringolou e como o cara não quis mais. É uma canção de relacionamento, mas fala de forma mais adulta, a gente não é mais criança"

 6. Seis
“É uma balada mais pop do disco e funciona como um respiro. Ela resume um sentimento de que às vezes, você não está a fim de se apaixonar, mas queria alguém para preencher o espaço”.

7. Cativeiro (Ana Cruse)
"É uma das mais pesadas do disco e fala muito sobre coisas que eu aprendi intimamente, que ninguém vai te ouvir gritar."

8.  Sobreviver e Acreditar
"Uns amigos sugeriram de ter um coro e a filha do dono do estúdio cantava em um coral e aí a gente fez. É uma coisa legal no meio de uma música que era previsível. Ela fala do nosso momento como banda.  As pessoas falam muito em crise de rock, de mercado, que vai voltar a ter vacas gordas, mas eu acho que nunca foi fácil para gente. A gente não pegou anos 90, a gente viveu no underground e só queria ter água no camarim, mas ainda assim eu consigo lançar um disco e as pessoas querem falar comigo sobre isso".

9. Sutjeska
"É uma música instrumental que marca outro momento do disco, quando ele começa a se encaminhar para o final. Se fosse um filme, seria a virada dramática. Sutjeska é um lugar que fica na Sérvia, onde eu bati a foto que é a capa do disco. Fica a uns 30 quilômetros de um vilarejo e tem essa montanha enorme, onde fica um monumento alusivo a uma batalha. Eu gosto muito de arquitetura, de design e esse monumento parecia um portal."

10. Farol
"Farol é sobre o Farol da Solidão, que fica em Mostardas, no Rio Grande do Sul. É um lugar que eu vou muito e um dia eu cismei de andar da praia até ele, dá uns 30km, e aconteceram várias coisas, foi meio que uma jornada e voltando para a casa, surgiu a letra. Ela é tipo 'Lanterna dos Afogados' (Paralamas do Sucesso)".

11. Vida (Biografia em Ré Menor)
"Em 2009, estava ouvindo muito Queen e eu decidi que queria fazer a minha 'Bohemian Rhapsody'. Essa faixa tem tudo o que eu gosto de música. Eu mostrei na gravadora e o Rick falou que não gostou, fiquei muito mordido com isso, mas ela é perfeita para esse disco. Ela é um atestado de ‘olha o que dá para fazer no Brasil’. Dá para fazer a galera se identificar com uma coisa mais complicada. E no final, o Mario (tecladista) propôs terminar com uns acordes meio corta pulsos, para a pessoa terminar o disco triste, confusa e querer ouvir de novo".