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Brasileiros pagam tributo à herança musical de Hendrix com show em SP

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

02/02/2013 04h34

O Sesc Vila Mariana, em São Paulo, deu início na sexta-feira (1º) a uma série de três shows para celebrar a herança musical de Jimi Hendrix, um dos principais guitarristas da história do rock, que estaria com 70 anos caso ainda estivesse vivo. A lista de músicas previstas para todo o fim de semana inclui clássicos como "Hey Joe", "Red House" e "Fire".

No palco, o trio formado por Du Moreira, Loco Sosa e Estevan Sinkovitz recebeu os convidados Andreas Kisser, Pitty, Martin Mendonça, Edgard Scandurra, Hélio Flanders e o lendário guitarrista Lanny Gordin para 90 minutos de homenagens ao músico morto em setembro de 1970 (veja abaixo vídeo do projeto no programa "Metrópolis", da TV Cultura).

Sem a preocupação de soarem iguais a Hendrix, os artistas apresentaram boa parte das principais canções da curta carreira do guitarrista, com músicas de todos os três álbuns do The Jimi Hendrix Experience, banda que o norte-americano formava ao lado do baterista Mitch Mitchell e do baixista Noel Redding.

Embora a responsabilidade pelos solos de guitarra e a voz de Hendrix estivesse no colo dos convidados, o trio que montou a base para as canções também foi um dos destaques na noite, especialmente Loco Sosa -- que teve a missão de representar o virtuoso Mitchell.

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No início, Edgard Scandurra foi bastante aplaudido ao executar versões bem agitadas de "Voodoo Child" e "Foxy Lady". O guitarrista do Ira! foi o mais próximo de encarnar a combinação de talento na guitarra, voz rouca e performance que marcaram Hendrix em apresentações históricas como as dos festivais de Monterrey e Woodstock, ambos no final da década de 1960.

Pouco depois, três gerações diferentes de pessoas influentes no rock brasileiro estiveram unidas para tocar "Purple Haze": Hélio Flanders, Edgard Scandurra e Lanny Gordin -- talvez o único que tenha escutado músicas de Hendrix enquanto o norte-americano ainda era vivo -- renderam o melhor momento da noite.

Gordin também apresentou ao lado de Scandurra uma versão instrumental de "Burning of the Midnight Lamp", que começou calma e harmoniosa e terminou com uma sequências de sons conflitantes emitidos por cada um dos guitarristas em um saudável duelo de solos e riffs. A faixa está presente no disco mais recente de Gordin, que conta com nomes consagrados como Sérgio Dias e Pepeu Gomes.

Pitty e Martin Mendonça, integrantes do duo Agridoce, foram os próximos a pagar tributo à memória de Hendrix com "If 6 Was 9" e "Crosstown Traffic". Recebida com um grito de "Joey Ramone" vindo da plateia por conta do cabelo escorrido na cara e da vestimenta toda preta, Pitty deu muita personalidade às canções que cantou, especialmente durante os trechos em que Hendrix "conversa" com os ouvintes.

Último a subir no palco, Andreas Kisser foi o mais ovacionado pela plateia e correspondeu à altura com os solos mais rápidos da noite e uma voz surpreendente para cantar as faixas "Who Knows" e "Stone Free" -- um pouco mais pesadas do que as gravações originais, talvez como uma pequena homenagem do metaleiro ao ícone do rock.

O bis contou com um esforço coletivo dos músicos para se equipararem a Hendrix, quando tanto o trio como todos os convidados voltaram ao palco e tocaram "Little Wing". Com Flanders nos vocais e Pitty com uma pandeirola em mãos, os guitarristas Martin, Scandurra, Gordin e Kisser se revezaram nos solos, todos unidos para cultivar a memória de um dos principais artistas do século 20.