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Lobão diz que Tropicália estimulou o atraso e a preguiça

O cantor Lobão em foto de dezembro de 2010 - Maria do Carmo/Folhapress
O cantor Lobão em foto de dezembro de 2010 Imagem: Maria do Carmo/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

05/02/2013 17h24

Depois de ver seu livro “50 Anos a Mil” na lista dos mais vendidos por meses a fio e de se aventurar como apresentador de televisão, seria compreensível se Lobão resolvesse pegar leve em sua produção musical.

Mas isso seria ir contra a natureza do cantor e compositor que, aos 55 anos garante estar tocando, compondo e produzindo melhor do que nunca. Como prova, está lançando com exclusividade no UOL o clipe da música “Das Tripas Coração”. O vídeo é um fragmento do DVD “Lino, Sexy e Brutal”, lançado no final de 2012 e gravado ao vivo um ano antes em São Paulo.

Veja clipe de "Das Tripas Coração", de Lobão

 

Abaixo, Lobão comenta o vídeo e também assuntos polêmicos, como sua relação com o movimento tropicalista. "Eu tinha aversão a coisa da antropofagia, da Semana de 22, da precariedade, da malandragem, da preguiça. Sempre fui avesso a esse tipo de coisa e a Tropicália é uma subsidiária, né? Quem sentou no colo do Alexandre Pires foi o Caetano Veloso, o brega a micareta, todos esses subgrupos, esse sertanejo, esse pop brega. Isso vem da complacência intelectual da semana de 22", comenta. 

Aproveitamos para trocar algumas palavras com o cantor sobre o DVD, o clipe, sua carreira de mais de 30 anos e descobrimos que após “50 Anos a Mil”, ele já prepara um novo livro, ainda sem data de lançamento.

A obra, que se chamará “Manifesto do Nada na Terra do Nunca” é uma crítica avassaladora da cultura brasileira. Segundo Lobão, o modernismo da semana de 22 deixou um legado maldito que glorifica o atraso, a preguiça e o maucaratismo, ambos encarnados no conceito de “Antropofagia”.

Esta herança maldita teria chegado até os dias de hoje através de movimentos como a tropicália e repercute na música brega, no sertanejo e até mesmo no rock nacional da década de 80, sintetizado pelo cantor-autor como “medíocre e derivativo”. 

Sobre o DVD e o novo clipe:

“Estou bem melhor do que antigamente”

O problema com o rock nacional dos anos 80

Sobre o novo livro, “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”

O “autismo intelectual”

O tropicalismo e a falta de potência na música brasileira

O sucesso do livro “50 Anos a Mil” e a carreira de escritor

Comparações entre “50 Anos a Mil” e a autobiografia do ex-vocalista do Ira!, Nasi.

Comparações entre São Paulo e Rio de Janeiro, terra do “geonarcisismo”