George Harrison faria 70 anos; veja 10 curiosidades sobre o discreto beatle
George Harrison, o beatle mais enigmático do grupo, completaria 70 anos nesta segunda se, em 2001, um câncer no pulmão não tivesse voltado a atacar o músico, que preferiu passar os últimos dias de sua vida ao lado da mulher, Olivia, e do filho, Dhani.
Nos últimos anos de vida, Harrison trabalhava de forma discreta. "Ocasionalmente faço uma música nova, mas não posso me considerar realmente um indivíduo dedicado à carreira", disse ele ao "USA Today" um ano antes. "Basicamente, eu sou um jardineiro".
Mesmo durante a explosão dos Beatles, Harrison era sempre tido como o integrante mais tímido e silencioso. Quando entrou no Hall da Fama do Rock and Roll, em 1988, até ironizou: "Não tenho muita coisa a dizer porque sou o beatle calado".
Para relembrar a importância do músico, o UOL separou dez curiosidades sobre a carreira do misterioso beatle.
- Os Beatles tiveram que encerrar sua primeira temporada de shows em Hamburgo, na Alemanha, após descobrirem que George Harrison tinha apenas 17 anos. Na época, a idade era considerada abaixo do mínimo necessário para tocar em clubes noturnos, e o guitarrista acabou sendo deportado.
- A modelo, fotógrafa e escritora Pattie Boyd conheceu Harrison durante as filmagens do filme “A Hard Day´s Night” em 1964, e os dois acabaram se casando no início de 1966, com Paul McCartney como padrinho. Pattie se tornou parte de um dos triângulos amorosos mais conhecidos da história do rock quando o guitarrista Eric Clapton praticamente se declarou para ela na canção “Layla”, de 1971. Clapton era um dos melhores amigos de Harrison e namorava a irmã de Pattie, Paula, que o deixou após ouvir a música, onde ele confessa que a usava como substituta para a irmã. Pattie se divorciou de Harrison em 1974 e se casou com Clapton em 1979.
- O guitarrista foi o responsável por trazer as influências de música indiana aos Beatles, que coincidiu com a fase musicalmente mais ousada do grupo e suas primeiras incursões psicodélicas. Após ser apresentado ao trabalha de Ravi Shankar por David Crosby, dos Byrds, em 1965, Harrison se tornou um grande fã do músico e passou a usar a cítara e outros instrumentos indianos em gravações da banda. Alguns exemplos significativos incluem “Norwegian Wood”, do disco “Rubber Soul” (1965), “Love You To”, de Revolver (1966) e “Within You Without You”, de “Sgt. Peeper´s Lonely Hearts Club Band” (1967). Harrison se tornou grande amigo de Shankar e ajudou a divulgar sua música no Ocidente.
- O disco “White Album”, lançado pelos Beatles em 1968, era cultuado pelo assassino Charles Manson, que gostava especialmente da canção “Piggies”, composta e cantada por George Harrison, cuja letra critica as elites sociais e sua ganância corporativa. Durante o assassinato da atriz Sharon Tate, então casada e grávida de oito meses do cineasta Roman Polanski, em Los Angeles no ano de 1969, Manson e seus seguidores deixaram escritas mensagens com sangue na cena do crime onde se liam as palavras “porcos” e “morte aos porcos”, numa referência direta à canção.
- A música “Something”, composição de Harrison presente no disco “Abbey Road”, de 1969, é a segunda mais regravada de todo o repertório dos Beatles, perdendo apenas para “Yesterday”, de 1965.
- O primeiro disco solo de qualquer integrante dos Beatles foi a trilha sonora do filme “Wonderwall”, que Harrison compôs e lançou no final de 1968. O disco é quase todo instrumental e conta com forte influência de música indiana, e seria homenageado futuramente no título da música “Wonderwall”, lançada pelo Oasis em 1995. Antes do término oficial dos Beatles, Harrison lançou ainda outro disco de música experimental, “Electronic Sound”, de 1969, onde toca um sintetizador Moog.
- Após gravar com o produtor Phil Spector o clássico “All Things Must Pass” em 1970 , LP triplo que efetivamente lançou sua carreira após o fim dos Beatles, Harrison organizou um concerto beneficente para ajudar a população de Bangladesh, que passava então por uma guerra civil. A ideia para o show, que aconteceu em agosto de 1971 no Madison Square Garden de Nova York, veio do colega Ravi Shankar. O evento, considerado o primeiro espetáculo beneficente de grandes proporções, foi filmado e lançado posteriormente nos cinemas, e contou com as participações de Ringo Starr, Bob Dylan, Eric Clapton, Billy Preston, Leon Russell e a banda Badfinger.
- O filme “A Vida de Brian” (1979), da trupe humorística inglesa Monty Python, só foi completado graças à ajuda financeira de Harrison. A EMI Films, que estava produzindo o longa até então, resolveu abandonar o projeto devido ao teor controverso do roteiro, que mostra um sujeito que é confundido durante toda sua vida com Jesus Cristo. Harrison criou uma produtora e distribuidora, a HandMade Films, e salvou as filmagens ao investir 2 milhões de libras na produção. A HandMade produziria diversos filmes cultuados nos anos 80, como “Mona Lisa”, “Os Desajustados” e “A Surpresa de Shangai”, até encerrar as atividades na década seguinte.
- Após o término dos Beatles, Harrison se tornou o integrante da banda que teve menos contato com John Lennon, especialmente por causa de sua relação problemática com Yoko Ono. De acordo com Lennon, Harrison, que era mais novo, foi uma espécie de discípulo seu durante a fase inicial do grupo. O assassinato do antigo companheiro em 1980 deixou Harrison extremamente abalado e motivou a gravação do tributo “All Those Years Ago”, que contou com a participação de Paul McCartney e Ringo Starr e foi lançada em 1981.
- Os Traveling Wilburys, espécie de supergrupo formado por Jeff Lynne, Roy Orbison, Bob Dylan, Tom Petty e George Harrison, foi montado para gravar um single do ex-beatle em 1988, mas a gravadora gostou tanto da ideia que pediu que a banda gravasse um disco completo no mesmo ano. Após a morte de Orbinson em dezembro, a banda gravaria ainda um segundo disco com os integrantes remanescentes.
*Com Efe e USA Today
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