"Heavy metal tem definitivamente tudo a ver com música eletrônica", diz produtor de Derrick Green
Derrick Green, atual vocalista do Sepultura, trocou os gritos e o peso da guitarra de Andreas Kisser por vocais falsetes inspirados em Prince e sua coleção de camisetas pretas pelo terno e gravata quadriculado do projeto eletrônico Maximum Hedrum. O álbum lançado em março é uma parceria com Sam Spiegel, DJ que já trabalhou com Zegon (Planet Hemp) no N.A.S.A, que produziu a banda Yeah Yeah Yeahs, e é irmão do cineasta Spike Jonze.
Em entrevista ao UOL, Green e Spiegel comentaram que "heavy metal tem definitivamente tudo a ver com música eletrônica". E tem tanto a ver que o próximo álbum do Sepultura deve ser influenciado pela nova fase do vocalista.
Ouça "Robo Sexual", do MH
"Estamos escrevendo algumas músicas e eu gostaria de contribuir com essa experiência eletrônica. Não vai soar exatamente como Maximum, mas minha ideia é mostrar a minha voz mais natural, não só ficar gritando, gritando e gritando. Penso em colocar mais melodia também. Estamos muito abertos a isso", explicou.
Para Derrick, a experiência de cantar é uma oportunidade de explorar um novo lado em sua carreira musical. "Como músico, é muito gratificante descobrir diferentes níveis de cantar, de um jeito que eu nunca imaginei. Nas partes mais altas, o Sam me ajudou muito. Ele colocou muitas ideias na mesa para descobrimos um estilo que realmente poderíamos usar."
A música é uma coisa muito aberta, você deve ser livre pra fazer o que sente vontade de fazer. É bacana sair da sua zona de conforto e fazer algo diferente.
Spiegel completa dizendo que o projeto, gravado no Rio de Janeiro, é único. "Nunca tinha escrito tantas letras e compartilhado algo tão pessoal. É uma parte muito íntima de mim e nunca tinha explorado a sexualidade dessa forma nas minhas músicas. Também queria fazer um tipo de música mais futurista e tecnológica".
Sobre os fãs mais ortodoxos do metal, que podem não gostar da experiência do vocalista, Derrick responde entre risadas. "Honestamente, isso só me faz rir. A música é uma coisa muito aberta, você deve ser livre pra fazer o que sente vontade de fazer. É bacana sair da sua zona de conforto e fazer algo diferente. Não consigo respeitar quem é contrário a isso."
Mixhell deixa maximal de lado e aposta em álbum mais cool e progressivo
O Mixhell é Iggor Cavalera, Laima Leyton e Max Blum
Investindo na música eletrônica há cerca de quatro anos, o ex-baterista do Sepultura, Iggor Cavalera, lança em março "Spaces", novo álbum do Mixhell, projeto em parceria com a mulher Laima Leyton e o baixista Max Blum lançado pela BoyzNoize Records.
O grupo, que agora vai investir em apresentações como banda, também desacelerou em sua nova fase. No CD, Iggor diminui na intensidade da bateria e usa batidas que às vezes são confundidas com os sons do sintetizador. O álbum foi co-produzido pelo brasileiro Gui Boratto e tem faixas mais progressivas e menos maximal, estilo da música eletrônica que se aproxima do rock pesado.
Assista ao clipe de "Exit Wound"
A banda explicou ao UOL que esse processo foi natural. "A escolha do Gui acabou casando com a ideia do nosso disco, a ideia da gente estar tocando com banda também fez ele dar uma guinada pra esse lado mais cool e não tão na cara, como quando a gente tocava. A gente queria dar uma injeção de sangue novo", explicou Igor.
"Quando a gente encontrou o Gui já estávamos 'acalmando'. A gente escolheu um caminho mais musical, menos 'banging'", completou Blum.
Laima, que se arrisca pela primeira vez nos vocais em músicas como "Come With Me" e "Once Again", disse que contou com a ajuda do produtor e do marido para colocar sua voz nas músicas. "Cantar foi outro risco. Na verdade foi difícil pra mim assumir e tentar. A gente sempre se preocupava em procurar participações e me perguntaram porque eu não tentava. Eu sei que não sou cantora, mas também gosto de um monte de gente legal que não é cantor", comenta.
Apesar de cantar em algumas músicas, Laima diz que não assumirá o papel de vocalista. "Não vou pro microfone, mas nas músicas que precisarem de vocal, vai rolar. Eu compus algumas letras e o Iggor deu várias dicas, ele me contava como o irmão dele (Max Cavalera, ex-vocalista do Sepultura) fazia, como criava a melodia antes de fazer a música."
Ainda assim, o primeiro single de "Spaces" é "Exit Wound", que conta com a participação especial de Greg Puciato, vocalista da banda Dilinger Escape Band, e é uma das faixas com pegada mais dance e rock do CD.
O Mixhell se apresenta no domingo (31) no Lollapalooza, onde Igor fará um workshop infantil de bateria. O Maximum Hedrum tem planos de se apresentar no Brasil no segundo semestre.
8 Comentários
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Quando sair, vou bater muito cabelo.
O complicado é que a matéria, que promove dois trabalhos não feitos pelo Sepultura, usa o nome da banda famosa pra chamara a atenção. Tá certo, há uma citação do próximo trabalho da banda, mas ela não é o mote principal do texto. Quanto ao Sepultura não adianta: o tempo acalma as pessoas, e isso se reflete no trabalho não só dessa banda, e nem é só no Metal. Veja o Ed Motta, a Marisa Monte, a Gal Costa, o Hamilton de Holanda, compare a "fúria" de antes com o som de agora. Todos acalmaram, pra alguns serviu de amadurecimento do som, pra outros simplesmente só amansaram.