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"A música não deve ser tão certinha", diz vocalista do Cake

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

29/03/2013 17h29

A banda Cake, que se apresenta nesta tarde de sexta-feira (29) no palco Butantã do Lollapalooza, precisou passar antes por uma série de piadas sobre o nome da banda antes de conversar com a reportagem do UOL.

"Antes de nomear a banda, a gente já tinha previsto as piadas", brincou o vocalista John McCrea. "Há muitas expressões em inglês que geram piadinhas, mas, pra ser honesto, a gente sabia que ninguém ia entender e era o que nós procurávamos."

"Quando a gente era conhecido somente em Sacramento [cidade-natal do grupo], a gente costumava misturar o nome Cake com a imagem de um carro ou um porco, só para ficar nada a ver com nada", afirma o trompetista Vince DiFiore.

Sem medo dos risos, mas receoso quanto a ter o seu trabalho compreendido, McCrea acredita que os norte-americanos não entendem a banda como o resto do mundo. "Sinto que a gente é muito mais aceito em lugares como aqui, que estão a milhas de distância dos Estados Unidos", afirma.

O frontman também se incomoda com as críticas vindas de sua terra natal. "Há um senso de empatia intuitiva que sempre me deixa maravilhado aqui. Nos Estados Unidos, eles fazem afirmações que não têm nada a ver conosco, entendem de forma errada o nosso papel na cultura", conta.

Mas o cantor também valoriza a confusão. "Pode ser frustrante não ser compreendido, mas para algumas coisas é melhor do que as pessoas entendem 100% o sentido. Não acho que a arte precisa ser tão precisa", diz. "A precisão no sentido é mais uma coisa para uma enciclopédia. A música não deve ser tão certinha."

Brasil

Se no Brasil, a música mais conhecida da banda talvez seja a dançante "Never There", John McCrea acha interessante que em cada lugar do globo um hit é favorecido. "No Canadá ninguém sabia da nossa existência até 'Short Skirt Long Jacket'", diz McCrea, ressaltando a diferença entre as músicas que caracterizam a banda. "Na Turquia o que bombou foi 'Perhaps, Perhaps, Perhaps'."

"Lá nos Estados Unidos, a gente lançou as primeiras músicas em rádios universitárias", lembra. "Mas no segundo álbum, um monte de garotos fortões, esses atletas de faculdade, começaram a achar que a gente era esse tipo de gente. Achavam que 'The Distance' era uma faixa de uma bandinha de esportistas!"

Sobre bandas brasileiras, John McCrea destacou a sua paixão por Tom Zé. "Eu adoro os artistas da Tropicália, há tanta riqueza no Brasil. É o país com mais música per capita que existe", brinca o cantor.