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Lollapalooza promove a farra do deslocamento

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

30/03/2013 11h03

Para muita gente, divertido mesmo, em um festival, parece ser ir para lá e para cá., seja para ver o show da banda preferida ou para encontrar amigos. O primeiro dia do Lollapalooza, ontem, não foi diferente. Com grande parte do público apático aos shows – exceto o da banda americana The Killers, que reuniu 52 mil pessoas em frente ao palco, no final da noite -, a circulação foi a grande atração.

A farra do deslocamento, no entanto, encontrava um entrave. A lama e o cheiro de fezes de cavalo – muitas vezes os dois juntos – inibiam a passagem do público por certos trechos do Jockey Club.

Com um line up eclético, havia opções também no caminho a seguir. Dava para escolher o trecho com esterco ou sem. No primeiro caso, a travessia do palco Butantã para o Cidade Jardim – os dois extremos do Lollapalooza – levava cerca de sete minutos, segundo marcou o repórter. O trajeto com o sapato um pouco menos sujo durava em torno de dez minutos. Parece pouco, mas era o tempo suficiente para perder uma música de quem estivesse em um dos dois palcos.

O lance opcional também funcionou com os espaços reservados às apresentações. Dependendo da programação, o som vazava de um palco para o outro de tal forma que, no momento em que o Cake tocava, por exemplo, o DJ Porter Robinson, na tenda eletrônica ao lado, cobria tanto o som da banda americana que tinha-se a impressão que o melhor lugar para se ouvir Robinson era na frente do palco do Cake.

Ao menos não faltaram heróis para a noite. Brandon Flowers, vocalista do Killers, por ter feito o público pular e cantar junto, foi um. Mas a principal figura do primeiro dia de Lolla chama-se Wayne Coyne e canta na banda americana The Flaming Lips. É, até agora, o “doidão” do Lolla, no bom sentido do termo. Entrou com uma boneca no colo, fingindo que o objeto era um bebê. “Ela continua dormindo. Está acostumada com o som alto”, disse à platéia, mais adiante. Até espantou parte do público que esperava o Killers. Mesmo o canal de TV paga que exibia os shows ao vivo cortou a transmissão durante a performance dos Lips.

Quem prestou atenção, no entanto, viu o melhor show da noite. Com grande influência do rock progressivo e do som psicodélico dos anos 1970, o Flaming Lips expôs no palco grandes momentos de lirismo musical, principalmente quanto tocou a bela “Do You Realize?”.