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Para resumir seus 30 anos, Paralamas espreme 32 músicas em 105 minutos

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

21/04/2013 08h56

O Paralamas tentou fazer o resumo mais complexo possível de sua carreira, ontem, em São Paulo, e espremeu 32 músicas em 105 minutos de show, no Espaço das Américas. A apresentação abriu a turnê de 30 anos do grupo. As prometidas covers de canções  internacionais limitaram-se a algumas notas de “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin, além de acordes de “Don’t Stand so Close to Me”, e o refrão de “De Do Do Do De Da Da Da”, ambas do Police.

O grupo começou o show às 22h30 – estava marcado para às 22h - com “Alagados”. Na sequência, foi emendando uma canção na outra, ou tocando apenas trechos das músicas, num formato “pot pourri”. A banda alternou hits, como “Lanterna dos Afogados”, “Romance Ideal” e “Ela Disse Adeus”, com faixas não tão conhecidas, casos de “Mensagem de Amor” e “De Perto”.

Um telão no meio do palco, porém ao fundo, exibiu um bonito espetáculo visual desde a abertura, quando mostrou imagens fotográficas dos 30 anos do Paralamas. Os telões nas laterais do palco, porém, ficaram desligados. Herbert Vianna, 51, que toca em uma cadeira de rodas desde que ficou paraplégico, em 2001, quase não conversou com o público na primeira metade da apresentação, mas interagiu dentro das canções. Em “Cuide Bem do Seu Amor”, deixou a platéia cantar o refrão.

Depois, alternou os vocais com o público em “Lanterna dos Afogados”, e trocou o verso “por trás dessa lente também bate um coração” por “em cima dessas rodas também bate um coração”, em “Óculos”. Foi um dos grandes momentos da noite, quando o show, até então um pouco chato pela excessiva colagem de músicas, ganhou força. A parte final, antes do bis, teve “Melô do Marinheiro”, “Uma Brasileira”, “O Beco” e “Lourinha Bombril”, uma sequência em que o publico cantou e dançou.

Foi na volta para o bis que Herbert reservou alguns segundos a mais para se dirigir ao público. “Jamais imaginamos ver brilhos nos olhos tão fervorosos 30 anos depois”, disse o cantor, elogiando a participação da platéia. Notas de “Don’t Stand so Close to Me”, do Police, serviram como introdução para “Vital e Sua Moto”, que ainda ganhou o refrão de “De Do Do Do De Da Da Da”, da mesma banda inglesa. Ainda teve “Que País É Este?”, do Legião Urbana, no encerramento.

O desfile de hits pode ter funcionado para boa parte das 8.000 pessoas que lotaram o Espaço das Américas, mas deixou certa impressão negativa no efeito final. Espremer tantas músicas em um show não tão longo é um recurso que remete às bandas que animam bailes de Carnaval. Cria um pula-pula para o público, mas elimina a possibilidade de se ouvir uma versão eletrizante de alguma das canções.

No mais, a revisão dos 30 anos em forma de show tornou ainda mais nítido o que já se percebe desde os anos 1980: bom compositor, Herbert nunca é um cantor completamente afinado no palco, ao mesmo tempo em que o baterista João Barone é sempre extremamente habilidoso.