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Fãs de Roberto Carlos se dividem sobre biografias proibidas pelo Rei

Gisele Alquas

Do UOL, em São Paulo

01/05/2013 03h45

Os fãs de Roberto Carlos que lotaram o Espaço das Américas, em São Paulo, na estreia de sua nova turnê na capital, na noite desta terça-feira (30), se dividiram sobre a polêmica em torno de mais um livro que o cantor quer proibir.

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Neste mês, Roberto Carlos voltou a tentar censurar uma biografia que mencionava seu nome. O alvo é um trabalho acadêmico sobre moda e comportamento na Jovem Guarda, escrito por Maria Zimmermann, que, embora traga um desenho do cantor na capa e uma foto sua no miolo, não faz menção à sua vida íntima.

Em 2006, Roberto Carlos conseguiu impedir a venda da biografia não autorizada “Roberto Carlos em Detalhes”, do escritor Paulo César Araújo.

O funcionário público Hélio Proença Gonçalves, de 51 anos, acredita que o cantor tem o direito de “fazer o que quiser”, inclusive proibir as obras que falem sobre sua vida ou sua carreira. “O sucesso é dele, a imagem é dele, ninguém tem que usufruir disso. Ele está certo”, afirmou Hélio, que tem toda a coleção de vinis e CDs do cantor.

Para Veria Lúcia Mathias, 55, Roberto Carlos deveria permitir que os fãs conheçam melhor sua história. “Eu adoraria saber mais sobre a vida dele, principalmente de seus romances”, brincou. “Deveria permitir, até porque eu considero homenagem. É uma besteira isso. A partir do momento em que a pessoa se torna pública, é comum a curiosidade das pessoas”, complementou.

Além das biografias, outros produtos foram notificados por Roberto Carlos por uso indevido da imagem. De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, o cantor também proibiu o uso de sua imagem num loteamento há alguns meses e o lançamento do Leite do Rei, de uma fábrica de laticínios. Roberto é avesso a qualquer tipo de exposição íntima. Tanto que desde a morte de sua mulher, Maria Rita, em 1999, ele nunca assumiu outro romance publicamente. “Não posso julgá-lo. Ele é o Rei, faz o que quiser”, declarou a dona de casa Fátima Neves, 64.

Ana Claudia Cavina, 47, afirmou que adoraria ler uma biografia do cantor e acha “uma bobagem” ele censurar sua história. “É uma pessoa muito simples. Não tem porque impedir. Tenho certeza que serviria de exemplo para muitas pessoas e poderíamos aprender muito com ele”, opinou a fã, que estava em um grupo que saiu de Londrina (PR) especialmente para o show.

Na fila da entrada, uma senhora estava toda empolgada em poder assistir a mais uma apresentação de Roberto Carlos. Lúcia Regina, 58, diz que sabe tudo do Rei. “Inclusive, eu tenho aquela biografia que foi proibida ("Roberto Carlos em Detalhes"). Eu consegui. Sei tudo da vida dele, mas gostaria de saber mais e acho que ele não deveria proibir nada que saísse sobre sua vida”, enfatizou a dona de casa, que perdeu as contas de a quantos shows já assistiu do ídolo.

A atriz Adriana Ferrari, 39, conhecia por sua personagem Linda Rosa na extinta "Escolinha do Barulho", da Record, acha que as pessoas querem ganhar dinheiro com a intimidade do Rei e concorda com a censura. “Tudo que tem cunho comercial deveria pedir autorização e só publicar se for autorizado. Ganhar dinheiro em cima da vida dos outros não é legal e, para mim, não é forma de homenagem”, ressaltou.

Ruy Castro foi processado
A preocupação de Roberto quanto à sua intimidade é antiga e já atingiu o escritor Ruy Castro. Biógrafo de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmem Miranda, Ruy foi processado por ter escrito uma matéria sobre o cantor para a revista "Status" em 1983. Foi absolvido na primeira instância, mas condenado definitivamente na terceira.

Em entrevista ao UOL nesta semana, o escritor comentou que as justificativas são as mesmas de outros processos abertos pelo cantor: ofensa, calúnia, injúria. O texto listava as namoradas famosas que o Rei mantivera durante a carreira. "Fiquei surpreso: enfim um brasileiro que se ofendia por ser chamado de garanhão”, lembrou Ruy Castro.

Show
A apresentação de Roberto Carlos na terça, a primeira da nova turnê, emocionou o público, principalmente as mulheres, que gritavam “lindo” e faziam declarações de “eu te amo” a cada intervalo de uma música. Até um “Ai, se eu te pego” foi ouvido e arrancou um sorriso discreto do cantor, que entrou no palco com instrumental da canção “Como é Grande O Meu Amor Por Você”, para depois emendar com "Emoções".

Bem-humorado, Roberto Carlos contou histórias engraçadas de sua vida e prestou homenagens – entre elas para sua mãe, com a música “Lady Laura”. O repertório ainda incluiu "Detalhes", "Cama e Mesa", "Além do Horizonte" e as novas "Furdúncio" e "Esse Cara Sou Eu", dois sucessos da novela "Salve Jorge", além de outros clássicos. O Rei encerrou sua apresentação com sua tradicional entrega de rosas vermelhas para as fãs.