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Andreas Kisser relembra "batismo" ao tocar com Hanneman em 1999

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

02/05/2013 23h00

O guitarrista Andreas Kisser lamentou nesta quinta-feira (2) a morte de Jeff Hanneman, um dos fundadores do Slayer, uma das principais bandas de thrash metal do mundo. O músico norte-americano morreu nesta quinta de manhã aos 49 anos por insuficiência hepática, de acordo com informações divulgadas pelo próprio Slayer.

Em conversa por telefone com o UOL, Kisser comentou a morte do colega de profissão, tido como uma das referências para a história do Sepultura. "Foi uma das minhas maiores influências, ele ajudou a criar o estilo que tocamos desde a raiz mesmo, junto com o Kerry King [guitarrista e fundador do Slayer ao lado de Hanneman]", afirma o brasileiro, que está na França em turnê, sobre o gênero que ficou conhecido como thrash metal.

Hanneman e Kisser se conheceram pessoalmente em 1999, quando o brasileiro teve a oportunidade de tocar a faixa "Chemical Warfare" ao lado do Slayer no exterior. "Era um cara fechadão, ficava na dele. Mas quando trocava ideia, era tranquilo", conta. "Quando a gente fez a jam, eu estava muito nervoso. Mas depois da apresentação, ele veio falar comigo, deu uma resposta muito positiva. Quase que um carimbo de 'você passou no teste', sabe?"

  • Montagem UOL

    Andreas Kisser tocou ao lado de Hanneman pela primeira vez em 1999

Hanneman sofreu em 2011 de fasciíte necrosante, uma doença de pele degenerativa que quase matou o músico. À época, especulava-se sobre a doença ter sido contraída depois de uma picada de aranha, mas a confirmação nunca veio. O próprio companheiro de banda, Kerry King, duvidava do ataque do aracnídeo.

Em comunicado divulgado em 2013 pelo Slayer, o estado de saúde de Hanneman foi esclarecido. O texto falava sobre como o músico precisou aprender a andar novamente e recebeu até mesmo enxertos de pele no local do ferimento. O guitarrista precisou de fisioterapia para poder voltar a tocar seu instrumento, mas ainda não se sentia confiante para retornar aos palcos com o Slayer. No seu lugar, a banda se apresenta atualmente com Gary Holt.

"A notícia da morte foi algo que me pegou de surpresa mesmo. A última vez que a gente tinha ouvido sobre ele era notícia boa, de que ele estava melhorando", diz Kisser. "Havia ainda a expectativa de um novo álbum do Slayer, que pudesse contar com o Hanneman."

Conflitos no Slayer

Kisser também reconheceu o momento conturbado pelo qual passa o Slayer. Além da morte de Hanneman, o grupo norte-americano ainda precisou lidar com a repercussão da saída de Dave Lombardo, aclamado baterista que esteve com a banda durante mais de 20 anos. A separação não foi amigável, assim como a crise enfrentava por Kisser durante a saída dos irmãos Max e Iggor Cavalera -- cada um à sua época -- do Sepultura.

"É natural. São tantas histórias de brigas, teve até filme do Metallica sobre isso. Cada banda lida de uma forma diferente com essas crises, a convivência é muito longa, os conceitos vão mudando também sobre filhos, família, banda", afirma Kisser.

Agora sem Lombardo e Hanneman, o Slayer virá ao Brasil nos dias 20, 22 e 24 de setembro (São Paulo, Rio e Curitiba). A apresentação em solo carioca vai ser realizada durante o festival Rock In Rio 2013.