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Iggy Pop canta que está pronto para morrer em novo álbum com Stooges

Iggy Pop cercado por explosivos na capa de "Ready To Die" (Pronto pra Morrer), novo álbum dos Stooges - Divulgação
Iggy Pop cercado por explosivos na capa de "Ready To Die" (Pronto pra Morrer), novo álbum dos Stooges Imagem: Divulgação

Estefani Medeiros

Do UOL, em São Paulo

02/05/2013 16h33

No centro de um alvo e cercado por dinamites, Iggy Pop canta que está pronto para morrer em novo álbum com os Stooges, o primeiro após seis anos do lançamento de "The Weirdness" e o primeiro em reunião com o guitarrista e produtor James Williamson, que ajudou a compor oito faixas do clássico "Raw Power" (1973) e é o principal destaque do disco lançado nesta semana. 

A formação atual inclui o baterista Scott Asheton (irmão de Ron Asheton, morto em 2009), o baixista Mike Watt e o saxofonista Steve Mackay. O álbum foi lançado por uma gravadora independente, a Fat Possum Records. 

Aos 66 anos, faixa etária base dos integrantes, Iggy canta sobre mulheres em "Sex and Money" ("mamilos vem e mamilos vão"), com um saxofone que dá um tom vintage e tenta mostrar um lado mais sofisticado da banda.

O álbum ainda tenta resgatar alguma agressividade em "Gun" ("se eu tivesse uma arma eu poderia atirar em todo mundo"), similar a "My Idea of Fun", de "The Weirdness" (2007), ("minha ideia de diversão é matar todo mundo") e tenta voltar as origens com o single "Burn", com as guitarras de Williamson relembrando o lado mais barulhento de "Raw Power" em uma letra que critica a beleza e diz que o futuro do homem é "ser valentão e brigão"."Job", em que Iggy faz uma piada sobre as eleições americanas e o candidato Mitt Romney, também se assemelha ao lado mais punk e garageiro do álbum setentista. 

A decisão de lançar um novo trabalho surgiu após a morte de Asheton, que foi encontrado cinco dias após sofrer um ataque cardíaco em casa, aos 60 anos. O ocorrido acabou aproximando Williamson e Pop, que já não se falavam com tanta frequência. Iggy disse em entrevista à "Rolling Stone" que a morte de Ron mexeu com os integrantes e os motivou a fazer uma nova reunião inspirada no álbum de 73.

Pop ainda comentou na conversa que "Ready To Die" é um álbum que "que precisava ser feito". "Esse é meu sonho adolescente, ter uma banda que grava álbuns e toca em shows. Ainda existe glória nisso e eu quero honrar esse grupo".

Com apenas 39 minutos e sem a urgência que caracteriza "Raw Power", as faixas mais lentas do disco, como "The Departed" e "Unfriendly World" mostram o lado mais grave da voz de Iggy à la Johnny Cash e Leonard Cohen. 

Levando em consideração o fiasco de crítica que "The Weirdness" teve na época de lançamento, "Ready To Die" soa como uma tentativa de se auto redimir pelos anos afastados e uma corrida contra o tempo, que apesar de não ser tão crua e jovem quanto "Raw Power", mostra os sessentões em seu lado mais maduro e sofisticado.