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Bebel Gilberto volta ao Arpoador em novo DVD e dá a "egípcia" para temas delicados

Bebel Gilberto repassa carreira em show no Arpoador em dezembro de 2012 - Divulgação
Bebel Gilberto repassa carreira em show no Arpoador em dezembro de 2012 Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

05/06/2013 13h35

É melhor ser alegre que ser triste, já dizia Vinícius de Moraes. Bebel Gilberto sabe disso muito bem e só quer falar de coisas boas. Aos 47 anos recém-completados, ela lança o primeiro DVD da carreira, "Bebel Gilberto in Rio", e tenta refletir para a vida o clima ensolarado do Rio de Janeiro --pano de fundo do show gravado em dezembro de 2012 no Arpoador, na zona sul da cidade. O lugar é simbólico. Foi nas pedras que dividem o Forte de Copacabana da praia de Ipanema que ela cresceu na década de 80, se descobriu artista no antigo Circo Voador e tomava sol com Cazuza. 

Bebel em "Rio 2"

Divulgalção
Não foi só no DVD que Bebel Gilberto conseguiu externar um dos seus sonhos mais genuínos: ser atriz. Ela voltará “mais desafinada, mais louca, mais velha” na sequência da animação "Rio", na pele da tucana Eva. Com o carioca Carlos Saldanha, que assina a produção e direção do filme, ela se desdobra em elogios e agradecimentos: "ele encara tudo, é um gênio. De alguma forma, ele é padrinho do DVD ao vivo. Me aproximei mais do Rio por causa do filme”

"Nem eu acredito que tenha dado tão certo. Foi uma sorte de Deus", comentou Bebel em entrevista ao UOL.  "Às vezes eu não podia cruzar o olho que ficava meio assim... eu começava a chorar. Foi muito astral, um encontro de pessoas muito legais". E tudo no maior clima carioca, ela disse: "Com muito mate, muito biscoito Globo e uma cervejinha de vez em quando".

Com cenário e direção de Gringo Cardia, Bebel repassa a carreira e segue o dia. Com o Morro Dois Irmãos e banhistas que curtiam a praia ao fundo, ela abre o show com “Samba da Benção” com sol, entardece com “Simplesmente” e anoitece, com aquele clima boêmio, com “Preciso Dizer que Te Amo”, escrita ali pertinho com Cazuza e Dé. 

A cada canção – entre elas, a versão bossa lounge de “Rio”, do Duran Duran - ela dança, sorri e encara a câmera. “O Gringo tentou tirar ao máximo esses momentos e eu dizia: não tira, deixa, é Bethânia que baixou. A gente dizia: ‘olha aí o olhar de cobra, o olhar de egípcia’. Cada olhar era uma coisa”, ri. Uma mistura de atuação e concentração, ela explica. "O que é raro, no meu caso". 

"Rio", versão de Bebel Gilberto para música de Duran Duran

Embora o DVD seja uma carta de amor ao Rio  – patrocinada pela prefeitura e a Riotur - Bebel não mora na cidade há 22 anos. “Eu queria ser rica suficiente para passar seis meses lá (em Nova York, onde reside), seis meses aqui”, deseja. Ela, porém, não descarta se mudar no futuro. “Eu voltaria se tivesse minha própria casa. Sou muito animada, meu ascendente é sagitário, sou bem jogada. Eu viajei muito pelo Brasil, pela Bahia, tenho uma relação muito forte lá”. Tanto é que Bebel escolheu Trancoso para se casar com o empresário Didiê Cunha, em 2010. “Mas já me divorciei”, interrompe para repetir seu mantra contra os assuntos negativos: “nem fala, nem fala. Passa reto, egípcia”.

“Egípicia”
Bebel parece que só perde o humor ao falar de histórias e conflitos que nada têm a ver com o novo trabalho. Assim como a breve parceria com a produtora Paula Lavigne. Um desentendimento entre as duas atrasou o lançamento de seu disco “All in One”, em 2009. “Não, pelo amor de deus, não. Desculpa, mas não vou entrar nessa. Se não vai vir uma bruxa, você não vai querer conversar com a bruxa. Você não quer falar com a fada?”

  • Capa do DVD ao vivo "Bebel Gilberto in Rio"

De acordo com o jornal “Folha de S. Paulo” na época, após a briga, Paula ficou com o material produzido para o disco. A informação, nunca confirmada pelas duas, lembra o caso judicial que João Gilberto enfrentou com a EMI nos últimos anos para receber as masters de seus três primeiros discos.

“Eu nem me lembro mais (do caso), não sou uma pessoa rancorosa, graças a deus... Egípcia, lembra? Muita coisa aconteceu comigo. Não faz assim senão vou começar a chorar... A gente está aqui para falar de coisas boas, DVD, céu azul, amor de pai, gente bonita, passarinho e flor, tá?”, pede. Sobre o caso do pai, também prefere não comentar. “Esse é um assunto que só diz respeito a ele, apoio ele em qualquer decisão que ele tomar”.

Vamos falar então do produtor Kassin? “Esse sim é um fofo”, ela amansa. A relação com o músico, que participa da produção musical do DVD, ao lado de Liminha, começou quando Kassin ainda era criança. “Diz ele que não lembra direito. Mas ele era da turma do Moreno (Veloso, filho de Caetano). Carnavais da Bahia. Até Nescau pra mim de manhã ele já fez. Acordei meio assim um dia e pedi”, relembra.

Hoje, ao invés do achocolatado, ele trabalha em novas músicas de Bebel. “Estamos fazendo um novo disco, independente. Para ano que vem já, tudo ao mesmo tempo. Agora vai ter bastante Bebel”, promete, sem fazer a egípcia.