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Novo disco d'O Rappa traz sons de iPad e música sobre acidente da TAM

O grupo Rappa, que se prepara para encerrar um jejum de cinco anos sem lançar músicas inéditas - Gabriel Wickbold/Divulgação
O grupo Rappa, que se prepara para encerrar um jejum de cinco anos sem lançar músicas inéditas Imagem: Gabriel Wickbold/Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, de São Paulo

28/08/2013 07h00

Foram cinco anos sem entrar em estúdio. Tempos de turnês, projetos paralelos, uma coletânea, um disco ao vivo e também de um pouco de descanso. Na próxima terça-feira (3), O Rappa encerra o jejum com um novo álbum de estúdio, "Nunca Tem Fim", o sexto de músicas inéditas da banda.

Após audição em primeira mão pelo UOL, o disco capricha na produção, agora a cargo de Tom Saboia. A tradicional mistura de estilos (rock, reggae e dubstep, entre outros), marca do grupo, recebe dose extra de solos de guitarra e loops eletrônicos. A utilização de naipes de metais, arranjos de cordas e dos mais variados efeitos sonoros reproduzidos em estúdio completam a receita do álbum.

"O disco é o mais bem produzido d'O Rappa. Tivemos um carinho muito grande com cada faixa. Usamos de tudo, até tuba. Não queríamos nos privar de nada", contou o vocalista Falcão ao UOL.

Com novo produtor, empresário e com contrato renovado na Warner, a banda vive uma nova fase. Sem abdicar do próprio estilo, a ordem é experimentar --o que inclui até sons gerados por aplicativos de iPad nas músicas.

"Meu irmão, Vinicius Falcão, produtor, é viciado em tecnologia. Ele saiu mexendo em aplicativos de música, misturando. Aproveitamos e usamos vários desses overdubs, com coisas que simulam até o som de fita cassete. Se Steve Jobs estivesse vivo e visse o que fizemos, já teria vendido um novo aplicativo".

"Nunca Tem Fim" começou a ser produzido em 2012 de forma fragmentada, com gravações em vários locais diferentes. Falcão, multi-instrumentista, ofereceu o próprio estúdio para as gravações de baixo e bateria. "Esse estúdio conta com um grave fantástico. Começamos a tirar um ruído diferente do registro de baixo e bateria, uma 'sujeira' que todo mundo acabou gostando. Foi assim que tudo começou a fluir".

Entre as letras do disco há espaço para a injustiça ("Doutor, Sim Senhor"), fé  ("Anjos"), história real de tráfico de drogas ("Fronteira") e mazelas sociais ("Vida Rasteja").  Dois singles já foram lançados: "Anjos" e "Auto-Reverse". Mas é uma música sobre o acidente do avião da TAM, no aeroporto de Congonhas, em 2007, que mais chama a atenção.

"Relembramos o fato em 'Cruz de Tecido' porque, por pior que tenha sido, a gente vê que as coisas aqui logo caem no descaso, deixam as manchetes e as pessoas esquecem", disse o tecladista Marcelo Lobato.

Questionado sobre a repercussão do jingle que gravou para uma campanha publicitária de uma marca de automóveis veiculada na TV na Copa das Confederações, Falcão prefere ver o "copo cheio" da história. A música, na qual brada que "a rua é a maior arquibancada do Brasil", acabou virando uma espécie de trilha involuntária da recente onda recente de protestos no país.

"Claro que gostei! Como não poderia? Fico muito orgulhoso que, a partir de uma coisa espontânea, tenha causado essa repercussão toda", afirma. "Tirando a depredação de patrimônio público e privado, apoio totalmente os protestos. Uma pena que a polícia tenha aparecido de forma tão truculenta, infringindo a democracia. As coisas precisam ser levadas mais a sério no Brasil".

O Rappa inicia a turnê de divulgação de "Nunca Tem Fim" no dia 20 de setembro, com show no Espaço das Américas, em São Paulo. O álbum está em pré-venda no iTunes e nas livrarias da rede Saraiva.