"Não há público como o brasileiro", diz guitarrista do Avenged Sevenfold
Em cima do palco, ele encarna o estiloso e emperiquitado Synyster Gates. Fora dele, Brian Haner Jr. é apenas um sujeito compenetrado, capaz de discorrer com sobriedade sobre qualquer assunto, a não ser quando a conversa aponta para o show que fará com seu grupo, o Avenged Sevenfold, no próximo dia 22/9 no palco principal do Rock in Rio.
A banda da Califórnia está escalada para o último dia do festival — o segundo dedicado ao heavy metal —, espremida entre dois monstros sagrados do gênero: Slayer e Iron Maiden.
“É uma grande expectativa, e também uma responsabilidade. Sabemos como os brasileiros amam a música e como amam o heavy metal, em especial. Não existe público como o do Brasil. Esperamos muita energia. É o maior festival do planeta!”, afirmou o guitarrista por telefone ao UOL, repetindo uma espécie de mantra entre as atrações do evento.
Pela quarta vez no país (tocaram em 2008, 2010 e 2011), o Avenged Sevenfold vive dias de glória. O novo álbum, “Hail to the King”, lançado em agosto, vendeu 159 mil cópias em apenas uma semana nos EUA. Desempenho que garantiu ao sexto trabalho de estúdio do grupo o topo da parada de discos da Billboard —façanha alcançada este ano, na seara do rock pesado, apenas por Black Sabbath e Queens of the Stone Age.
Para coroar o ciclo, há cinco semanas a faixa-título monopoliza a primeira posição da rádio rock da revista. Somam-se a isso uma concorrida agenda de shows, o inédito primeiro lugar nos charts britânicos e as capas de publicações — voltadas ou não ao metal — dos Estados Unidos, Europa e Austrália, e temos aqui um pequeno fenômeno.
“Acho que o sucesso depende de inúmeros fatores hoje em dia, óbvio, mas acredito que, no fim, o que prevalece mesmo é a qualidade das músicas, independentemente do estilo. Por isso, estamos muito orgulhosos com toda essa onda de reconhecimento.”
Produzido por Mike Elizondo (Mastodon, Regina Spektor), “Hail to the King” é o primeiro registro do Avenged Sevenfold sem qualquer participação do baterista e membro fundador James Sullivan, o “Rev”, morto após uma overdose acidental em 2009.
“Ele era meu grande amigo, o conhecia desde a infância. A verdade é que nós nunca vamos superar totalmente o que aconteceu. Mas o que vivemos agora é uma nova fase, com Arin [Ilejay], que trouxe ótimas contribuições e ajudou a mudar o direcionamento das músicas durante todo o processo de produção do álbum.”
O vocalista M. Shadows, do Avenged Sevenfold, uma das atrações do Rock in Rio
Tema espinhento na carreira da banda, as críticas sobre a originalidade de seus riffs parecem incomodar pouco o guitarrista, que dá de ombros mesmo quando elas não são anônimas. Nesta segunda (9), o líder do Machine Head, Robb Flynn, publicou no Facebook que “Hail to the King” não passa de um amontoado de “covers” de Metallica, Guns N' Roses e Megadeth.
“Eu sinceramente não tenho nada para dizer a ele. Mesmo”, contemporiza. “Toda banda tem que saber lidar com críticas durante a carreira, e isso é natural para nós. Acho que é um baita elogio quando nos comparam com grande grupos, principalmente com aqueles que ouvimos e admiramos, que possuem peso e “groove” na música, como AC/DC, Metallica e Led Zeppelin.”
Sobre o show do Rock In Rio, único da turnê brasileira, Synyster Gates adianta pouco. Diz que dificilmente fugirá do "script" da atual turnê, com a inclusão de várias músicas do novo trabalho. “Mas os fãs podem esperar a banda com a vitalidade de sempre.”
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