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Rob Zombie toca o horror no Rock in Rio e faz headbangers dançarem

Tiago Dias

Do UOL, no Rio

19/09/2013 19h34

Tal qual um morto-vivo, assim como seu próprio nome sugere, Rob Zombie subiu ao Palco Sunset, no quarto dia do Rock in Rio, não apenas com seu som pesado, mas com o baú cheio de referências ao horror.

O músico --e também produtor e diretor de cinema-- aficionado pelo gênero, apareceu com uma roupa com franjas e chapéu, entregando que talvez fosse um hippie antes de se transformar em um zumbi. Praticamente um Steven Tyler além do túmulo.

No palco, duas telas menores davam apoio ao telão de fundo para criar uma atmosfera cinematográfica. O filme esta noite teve o serial killer Charles Manson como personagem principal em "Meet The Creeper" e o diabo em "Super Beast". Um conto de terror que manteve o clímax durante 1 hora de show. 

Com um "olê olê, zombê, zombê", o público ovacionou Rob. O cantor retribuiu com algo impensável para o dia mais pesado do festival: fazer os headbangers dançarem com "Living Dead Girl" --sem deixarem de levantar as mãos para o alto, fazendo o característico "chifrinho".  "Rio! Faz muito tempo que estive aqui. Dezoito anos", gritou, referindo-se ao show que fez com o White Zombie no extinto festival Hollywood Rock, em 1996.

Em "Mars Needs Women", uma animação com mulheres de biquíni apareceu atirando nas telas. Já em "Demonoid", foi a vez de um mangá mais pornográfico servir como cenário para seu circo dos horrores.

Felipe Krauss, 20 anos, veio do interior de Minas Gerais, para ver Metallica e o próprio zumbi, que fez a trilha sonora de sua adolescência. "É muito terror. Gostei muito do contexto que ele deu para o show. Mas, bicho, a coisa aí é esse guitarrista, que é demais".

Maquiado como um Coringa demoníaco, o guitarrista John 5 ganhou destaque para solar, ensandecido, em "Thunderkiss". Dava para ver Felipe saindo do show falando sozinho, extasiado: "Cara, o que foi isso?"

No desfecho da história, com "Dragula", Rob se exibiu com a bandeira do Brasil. Por que até os "mortos" gostam do país.

Metal no Palco Sunset

O show ocorre depois de três apresentações no Palco Sunset. Primeiro, as bandas Dr. Sin e República, com o guitarrista Roy Z,  deram o tom da mudança de ares no quarto dia de Rock in Rio -- o primeiro fim de semana foi marcado pelo pop de artistas como Beyoncé e Justin Timberlake -- tocando músicas próprias e encerrando o show com uma versão mais pesada de "You Really Got Me", da banda Kinks, que também fez sucesso na regravação do Van Halen.

Em seguida, o ex-Angra Edu Falaschi voltou ao festival com a Almah e, já na parte final da apresentação, convidou os gaúchos do Hibria, que empolgaram o público com o cover de "Rock And Roll" do Led Zeppelin em um tributo às "raízes do heavy metal".

Edu prestou uma homenagem "à força" para o desenho japonês "Cavaleiros do Zodíaco", a pedidos do público. "Essa não", disse ele, aos risos. Mas acabou cedendo e cantou um trecho do tema já interpretado por ele em shows anteriores. Enquanto alguns fãs pediam, outros abaixavam a cabeça neste momento. 

Depois, veio Sebastian Bach, que teve problemas com o som. Ex-vocalista do Skid Row, Bach apresentou sucessos como "18 And Life" e "I Remember You".
 
Sepultura no Mundo
No Palco Mundo, o Sepultura se juntou ao grupo francês de percussão Tambours du Bronx, em uma apresentação gravada que será lançada em DVD. "The Mediator Between the Head and Hands Must be the Heart", que deve sair logo após o festival.
 
Antes do show, Andreas Kisser conversou com o UOL nos bastidores e contou que o show será "muito especial". "Nós fizemos esse projeto em 2011 e foi um risco, a gente nem sabia o que ia acontecer, nunca tínhamos nos apresentado junto dessa forma", lembrou o guitarrista. "Agora ensaiamos uma vez aqui no Rio e funcionou muito bem. A gente já se conhece melhor, tem uma química que rola muito tranquila. Eles são muito bem organizados. Se fosse um bando de louco, seria difícil, mas eles são impecáveis", elogiou.