Topo

Com metade da banda no palco, Bon Jovi defende clássicos em show modorrento

Tiago Dias

Do UOL, no Rio

21/09/2013 00h24Atualizada em 21/09/2013 06h03

Após dois meses afastados do palco, metade do Bon Jovi subiu ao Palco Mundo para fechar, nesta sexta-feira (20), o quinto dia do Rock in Rio 2013 com um punhado de hits, algumas baladas açucaradas, uma garota no palco e uma homenagem aos Rolling Stones. A banda se apresentou no Palco Mundo --encerrando o dia que recebeu Nickelback, Matchbox Twenty e Frejat-- com uma apresentação de mais de 2 horas muito concorrida no início, mas que se mostrou morna, arrastada e com alguns erros.

  • Setlist do Bon Jovi no Rock in Rio 2013

Havia grande expectativa por parte dos fãs por causa da possibilidade de cancelamento da apresentação. São Paulo dançou na onda de adiamentos e apenas o Rock in Rio conseguiu assegurar o show, após um problema de apendicite do baterista Tico Torres se tornar mais complicado. O problema de saúde obrigou a banda a adiar todos os shows da turnê na América Latina.

Tico foi substituído por Rich Scannella, que já tocava com Jon em um projeto paralelo ao Bon Jovi, mas o baterista permaneceu na penumbra durante toda a apresentação no festival e praticamente não foi mostrado nas imagens na televisão e telão no local. Segundo Boninho, diretor da TV Globo responsável pelas transmissões do Rock in Rio no Multishow e na Globo, Rich não pôde ser mostrado por questões contratuais, já que ele não é um integrante fixo da banda.

A ausência mais significativa, no entanto, já era conhecida: Richie Sambora, o coringa musical da banda. Dono de riffs e solos com personalidade, que chegaram a salvar as canções mais farofas da banda, ele comprou uma briga misteriosa com Jon. Entre os rumores de que o motivo da discórdia seria financeira, Richie foi demitido no meio da nova turnê.

Jon e o tecladista David Bryan foram os únicos da formação original a defender clássicos do hard rock como "You Give Love a Bad Name", "Runaway" e "It's My Life". Mas não teve jeito: conforme a apresentação caminhava, até os hits mais óbvios sofriam com as versões mais lentas, com alguns erros no andamento, beirando o modorrento.

Enquanto uma pequena parte do público já debandava no decorrer do show, a maioria dos fãs resistiu e marcou presença aos gritos toda vez que Jon, ainda um galã do rock, exibia sua cabeleira loura e os dentes exageradamente brancos no telão. 

No fim da apresentação, Jon Bon Jovi falou sobre o baterista, que está se recuperando em casa, e deve retornar ao grupo em cerca de uma semana. Rich Scannella foi ignorado no discurso do vocalista e só foi saudado no bis, quando a banda finalizou com "Always".

O Bon Jovi também fez um tributo aos Stones cantando "Start Me Up". Foi a terceira homenagem ao grupo de Mick Jagger neste dia de Rock in Rio. Antes, Matchbox Twenty tocou "Jumpin' Jack Flash", e a cantora Grace Potter cantou "Miss You".


Selinho em Jon Bon Jovi 
A subgerente Rosana Guedes, de 40 anos, veio de Campinas para o show de Bon Jovi com um objetivo: repetir um episódio de 1995, em que o cantor a chamou para subir ao palco. E conseguiu. Durante toda a música "Who Says you Can't Go Home", ela ficou ao lado de Jon Bon Jovi, fez backing vocal e ganhou um selinho na boca.

Logo após a apresentação, a fã postou em sua página no Twitter uma foto do visor da câmera fotográfica que usou para tirar uma foto do momento em que subiu ao palco do Bon Jovi. "Ainda não estou acreditando!", escreveu.

Durante o dia, Rosana já havia contado ao UOL que esteve em oito shows que a banda fez no Brasil e que em 1995, quando levou um cartaz em um show na Apoteose, no Rio, foi convidada a subir no palco.

"Foi emocionante, chorei muito. Tenho certeza que ele vai me chamar hoje novamente", disse ela, que levou uma faixa para o cantor relembrar o ocorrido.


Nickelback e Matchbox Twenty

Além do Bon Jovi, passaram pelo Palco Mundo, nesta sexta-feira, o músico brasileiro Frejat e as bandas internacionais Machtbox Twenty e Nickelback, ambas em suas primeiras passagem pelo país.

Exemplo clássico do perfil de "ame ou odeie" que parece recair sobre praticamente todas as atrações deste quinto dia de Rock in Rio, os canadenses do Nickelback - liderado por Chad Kroeger, atual marido da cantora Avril Lavigne - são ao mesmo tempo uma das bandas que mais vendeu discos no mundo, mas também uma das mais perseguidas pelos odiadores (os "haters") da internet. Ao contrário do que se poderia esperar, porém, o grupo não teve de enfrentar vaias e foi acompanhado pela plateia do início ao fim da apresentação com um repertório que alternava faixas mais pesadas como "Animals" a baladas como "Photograph" e "How You Remind Me".

Já o Matchbox Twenty ajudou a esquentar o público para o Bon Jovi cantantando sucessos radiofônicos como "3 A.M." e "Unwell" e "Push". "So Sad So Lonely", do álbum "More Than You Think You Are" (2002), com seus solos e pegada mais roqueira, foi uma das faixas que mais cativaram o público, que acompanhou com palmas, enquanto o vocalista descia do palco para cumprimentar o fãs. "Procuramos por isso [tocar no Rock in Rio] durante nossa vida inteira", afirmou o vocalista Rob Thomas logo no início da apresentação.

Velho conhecido do Rock in Rio, Frejat teve a responsabilidade de abrir o Palco Mundo, com show recém-saído do forno. Encarnando um crooner romântico, o cantor e guitarrista deu o pontapé na nova turnê com o sugestivo nome "O Amor é Quente" --título de sua nova música, cujo clipe foi lançado nesta sexta-feira (20) exclusivamente pelo UOL. O tal show novo não teve tantas novidades assim. Fora a música inédita, Frejat cantou "Divino, Maravilhoso", famosa na voz de Gal Costa, "A Minha Menina", de Jorge Ben, e "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia, além de sucessos do Barão Vermelho e Cazuza como "Malandragem", "Bete Balanço" e "Pro Dia Nascer Feliz".

No Palco Sunset, conhecido por duetos e encontros de diferentes artistas, o destaque foi o show de Ben Harper, que estreou no Rock in Rio ao lado do lendário bluesman Charlie Musselwhite. O espaço ainda recebeu apresentações The Gift e Afrolata, Grace Potter and The Nocturnals e Donavon Frankenreiter e Mallu Magalhães com a banda Ouro Negro.

Recebida com gritos de "linda" e "maravilhosa" dos fãs, Mallu agradou uma plateia formada essencialmente de jovens. Quando a Banda Ouro Preto, conhecida por acompanhar o jazzista Moacir Santos, ficou sozinha no palco, parte do público começou a dispersar.

A vez do rock no Rio

A segunda parte do Rock in Rio, que se estende até domingo e conta com atrações mais roqueiras e pesadas do que na semana passada, teve início nesta quinta. O destaque da noite foi a apresentação do Metallica, que voltou ao festival após dois anos, com repertório que revirou praticamente toda a discografia da banda em um show de 2 horas e 10 minutos de duração.

O saudosismo também deu as cartas no show dos veteranos do grunge Alice in Chains, que levaram os fãs de volta ao ano de 1992, época em que a banda lançou "Dirt", um de seus álbuns mais celebrados, que ajudou a compor o repertório da apresentação.

Principal palco do festival, o Mundo teve ainda nesta quinta os brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica que não animou muito o público da Cidade do Rock.

Pelo Palco Sunset, passaram nesta quinta-feira dois antigos conhecidos dos fãs de rock no Brasil: o ex-Skid Row Sebastian Bach e Rob Zombie, que já tinha vindo ao país em 1996 à frente da banda de metal White Zombie.