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Com "show-família", Pepeu Gomes e Moraes Moreira revivem Novos Baianos

Do UOL, no Rio

21/09/2013 16h03

Moraes Moreira e Pepeu Gomes foram recebidos com carinho pelo público que aguardava sentado ao início do show dos membros eternos dos Novos Baianos no Palco Sunset neste sábado (21), penúltimo dia de Rock in Rio 2013. A apresentação foi marcada pelas participações de Davi Moraes, filho de Moraes Moreira, e Jorginho Gomes, irmão de Pepeu.

O show começou com a faixa "Mistério do Planeta", que foi recebida com gritos da plateia -- pouco numerosa na comparação com as apresentações do Palco Sunset nos dias anteriores para o mesmo horário.

Aclamado como um dos principais guitarristas brasileiros, Pepeu Gomes pedia para o público bater palmas, no que foi prontamente atendido antes de seu primeiro solo com o instrumento. Na plateia, houve quem defendesse que o som da guitarra do músico poderia estar um pouco mais alto.

A antiga parceria entre Moreira e Gomes é visível pela troca entre os dois no palco. Um sente-se claramente à vontade com o outro, mesmo depois de décadas tocando juntos, entre idas e vindas.

Aos poucos, o público não só aumentava como também a empolgação. Durante "A Menina Dança", parte das pessoas arriscavam dancinhas ao ritmo do rock carregado por ritmos brasileiros presentes nas faixas dos Novos Baianos.

Pepeu Gomes aproveitava as oportunidades para ir à frente do palco e executar seus solos, enquanto Moreira, mais discreto, preferia adotar um perfil mais sóbrio no palco. Mas quando se dirige à plateia, resolve anunciar "um samba de roda na Bahia". É a deixa para a música "Lá Vem o Brasil, Descendo a Ladeira", que leva alguns casais a começarem dançar juntinhos na plateia.

As palmas ganham realmente força quando Moreira anuncia a faixa instrumental do disco "Acabou Chorare", com destaque para o trabalho do baixista. Já Davi Moraes, que comandava uma das guitarras, conduziu um dos ápices do show, quando relembrou a Nação Zumbi com a faixa "Maracatu Atômico", escrita por Jorge Mautner, e também apresentada somente com instrumentos, sem voz.

Foi quando Moraes Moreira foi buscar pela mão a cantora Roberta Sá, estreante no Rock in Rio, para que a jovem cantora brasileira cantasse "Dê um Rolê". Com uma camiseta que trazia o rosto de Baby do Brasil estampado, a mensagem não poderia ser mais clara: o objetivo era reviver a glória dos Novos Baianos, um dos alicerces do rock brasileiro e da música baiana. Com a cantora, Gomes e Moreira ainda tocaram "Tinindo Trincando".

Moraes Moreira deixa ainda mais claro o objetivo ao apresentar a história da banda em forma de poesia, falando de como a banda veio da Bahia para o Sul, para espalhar "alegria" para o país. Recebendo aplausos, o músico prosseguiu com "Preta Pretinha", um dos principais sucessos da banda, acompanhada letra a letra pela plateia.

Já no final da apresentação, quando a banda tocava "Festa do Interior", de Gal Costa, pequenos problemas técnicos fizeram Pepeu Gomes trocar de guitarra, enquanto Morais Moreira seguia reclamando da altura do som em seu retorno.

Para encerrar, uma versão discreta de "Brasil Pandeiro", sucesso de Assis Valente que ficou famoso na versão dos Novos Baianos, e fechou com muita animação a sessão nostalgia da banda, promovida por seus antigos membros. Depois que Davi Moraes exibiu uma bandeira do Flamengo, o público vaiou, mas na plateia havia quem reivindicasse que os músicos continuassem no palco e tocassem, entre outras faixas, "Acabou Chorare".

Antes do grupo, a banda Orquestra Imperial se apresentou ao lado de Jovanotti.

O Palco Sunset recebe ainda os encontros de Ivo Meirelles, Fernanda Abreu e Elba Ramalho e finalmente Gogol Bordello e Lenine -- que encerra a programação tocando sozinho a partir das 21h30.

"Ame ou odeie"

O Bon Jovi encerrou a sexta-feira com um show em marcha lenta. Sem o baterista Tico Torres (substituído de última hora) e o guitarrista Richie Sambora (já em situações de conflito na banda há algum tempo), restou para Jon e o tecladista David Bryan defenderem os clássicos da banda. Não deu muito certo, o show estava modorrento. De diferente, estava a fã que subiu ao palco e ganhou selinho de Jon e o cover de "Start Me Up", dos Rolling Stones.

Exemplo clássico do perfil de "ame ou odeie" que parece recair sobre praticamente todas as atrações deste quinto dia de Rock in Rio, os canadenses do Nickelback - liderado por Chad Kroeger, atual marido da cantora Avril Lavigne - são ao mesmo tempo uma das bandas que mais vendeu discos no mundo, mas também uma das mais perseguidas pelos odiadores da internet. Ao contrário do que se poderia esperar, porém, o grupo não teve de enfrentar vaias e foi acompanhado pela plateia do início ao fim da apresentação com um repertório que alternava faixas mais pesadas como "Animals" a baladas como "Photograph" e "How You Remind Me".

Já o Matchbox Twenty ajudou a esquentar o público para o Bon Jovi cantantando sucessos radiofônicos como "3 A.M." e "Unwell" e "Push". "So Sad So Lonely", do álbum "More Than You Think You Are" (2002), com seus solos e pegada mais roqueira, foi uma das faixas que mais cativaram o público, que acompanhou com palmas, enquanto o vocalista descia do palco para cumprimentar o fãs. "Procuramos por isso [tocar no Rock in Rio] durante nossa vida inteira", afirmou o vocalista Rob Thomas logo no início da apresentação.

Velho conhecido do Rock in Rio, Frejat teve a responsabilidade de abrir o Palco Mundo, com show recém-saído do forno. Encarnando um crooner romântico, o cantor e guitarrista deu o pontapé na nova turnê com o sugestivo nome "O Amor é Quente" --título de sua nova música, cujo clipe foi lançado nesta sexta-feira (20) exclusivamente pelo UOL. O tal show novo não teve tantas novidades assim. Fora a música inédita, Frejat cantou "Divino, Maravilhoso", famosa na voz de Gal Costa, "A Minha Menina", de Jorge Ben, e "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia, além de sucessos do Barão Vermelho e Cazuza como "Malandragem", "Bete Balanço" e "Pro Dia Nascer Feliz".

No Palco Sunset, conhecido por duetos e encontros de diferentes artistas, o destaque foi o show de Ben Harper, que estreou no Rock in Rio ao lado do lendário bluesman Charlie Musselwhite. O espaço ainda recebeu apresentações The Gift e Afrolata, Grace Potter and The Nocturnals e Donavon Frankenreiter e Mallu Magalhães com a banda Ouro Negro.

A vez do rock no Rio

A segunda parte do Rock in Rio, que se estende até domingo e conta com atrações mais roqueiras e pesadas do que na semana passada, teve início nesta quinta. O destaque da noite foi a apresentação do Metallica, que voltou ao festival após dois anos, com repertório que revirou praticamente toda a discografia da banda em um show de 2 horas e 10 minutos de duração.

O saudosismo também deu as cartas no show dos veteranos do grunge Alice in Chains, que levaram os fãs de volta ao ano de 1992, época em que a banda lançou "Dirt", um de seus álbuns mais celebrados, que ajudou a compor o repertório da apresentação.

Principal palco do festival, o Mundo teve ainda nesta quinta os brasileiros do Sepultura, que tocaram junto com o grupo francês de percussão Tambours du Bronx, e os suecos do Ghost BC, em sua apresentação performática repleta de provocações à igreja católica que não animou muito o público da Cidade do Rock.

Pelo Palco Sunset, passaram nesta quinta-feira dois antigos conhecidos dos fãs de rock no Brasil: o ex-Skid Row Sebastian Bach e Rob Zombie, que já tinha vindo ao país em 1996 à frente da banda de metal White Zombie.