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Nem sei se ainda ficam excitados com nossos shows, diz músico do Aerosmith

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

15/10/2013 06h00

O Aerosmith está de volta ao Brasil nesta semana para encerrar o segundo dia do festival Monsters of Rock, que acontece no próximo domingo na Arena Anhembi, em São Paulo. Junto com o Whitesnake, a banda também se apresenta na Praça da Apoteose no Rio de Janeiro, na sexta, mas a passagem deles por aqui será especial para os curitibanos e os brasilienses, que poderão assistir pela primeira vez a uma apresentação do grupo. O primeiro show da excursão é na noite desta terça-feira no BioParque de Curitiba.

No entanto, os brasileiros terão que se contentar com a presença apenas de Steven Tyler, Joey Kramer, Joe Perry e Brad Whitford. O baixista Tom Hamilton não participará dos shows por motivos de saúde e será substituído por David Hull.

Por sinal, a turnê "Global Warming Tour" marca a estreia do Aerosmith em países como Nova Zelândia e Filipinas. "Nós somos garotos ocupados", brinca o baterista Joey Kramer em entrevista ao UOL, por telefone, quando comenta sobre o fato de a volta ao mundo do grupo englobar dessa vez cidades inéditas da Ásia, Oceania e do continente americano. "Turnê é o que nos dá mais prazer. Nem sei se as pessoas ainda ficam excitadas com nossos shows, mas a gente está em um ponto em que se diverte mais do que nunca".

A trajetória de 43 anos da banda indica tempos menos alegres do que sugere Kramer, já que os "bad boys de Boston" lidaram com abuso de drogas, brigas entre o vocalista Steven Tyler e Joe Perry, e um período obscuro no início da década de 1980, quando o Aerosmith só foi resgatado após a parceria com os rappers do Run D.M.C. em "Walk This Way".

Mesmo nos últimos cinco anos, a tensão não deixou os bastidores da banda, com Tyler irritando os demais integrantes ao participar do programa "American Idol" como jurado sem avisar ninguém. De quebra, pouco tempo antes o cantor caiu do palco em um show nos Estados Unidos em 2009, o que forçou o cancelamento de algumas apresentações --e ameaças nunca concretizadas de substituição do vocalista, em especial por parte de Perry.

Mas ainda com um ambiente turbulento, o grupo passou por poucas mudanças em sua trajetória, mantendo durante boa parte da carreira os mesmos integrantes: além de Tyler e Perry, a banda quase sempre contou com Joey Kramer na bateria, Tom Hamilton no baixo e Brad Whitford na guitarra de apoio.

Kramer diz que não consegue entender como os músicos conseguem ainda se manter juntos, especialmente depois da farra de drogas no final da primeira década de existência da banda, mas disse que a principal virtude do grupo é a capacidade de deixar "as besteiras" fora do palco. "Acho que todo mundo se dá conta do que o que temos é mágico. Não tem nada para nos impedir".

O baterista também vê com bons olhos a transparência da banda, mais sincera que outros grandes nomes do rock ao tornar público os conflitos internos com mais frequência. "Não tem razão para não ser honesto quando algo rola dentro da banda. Eu acho que os fãs pedem uma explicação".

Kramer também colaborou com uma parcela de "hora da verdade" quando lançou uma autobiografia "Hit Hard: A Story of Hitting Rock Bottom at the Top" em 2009, muito abafada à época por conta da morte de Michael Jackson, mas que narrou a luta do baterista contra as drogas e relatou parte dos conflitos do Aerosmith. "Havia uma confusão sobre amor e abuso", disse o músico sobre os momentos difíceis descritos no livro. "É a minha parte da história, sem retirar nada. Muita gente fala que é inspirador, acho que é relevante".

Monsters of Rock
O Aerosmith possui um som menos pesado quando comparado a outras banda que já fizeram shows principais na versão brasileira do Monsters of Rock no passado, como Iron Maiden e Alice Cooper. Mas a banda é talvez a que melhor represente o estilo hard rock que será celebrado no segundo dia do evento, que ainda contará com Whitesnake, Ratt e Queensrÿche.

Para as apresentações no Brasil, Kramer sugere que as únicas surpresas possíveis seriam versões de músicas dos Beatles como "Come Together" e "I'm Down", que já figuraram em repertórios mais antigos do grupo.