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Nação Zumbi prepara volta aos palcos em Olinda e lança single em fevereiro

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

28/01/2014 16h08

Foi preciso menos de dois anos afastados do palco --e sete sem um disco de inéditas-- para que o Nação Zumbi visse surgir rumores e uma ansiedade incontrolável dos fãs sobre um novo trabalho e a tão desejada volta aos shows. "Todo mundo está no maior gás, empolgadíssimo", disse o vocalista Jorge Du Peixe ao UOL. "E tem essa demanda muito grande, especulações, mas ninguém colocou placa de fim [na banda]. Respiro é importante, sempre vai ser importante", ele acalma.

Em 2012, o Nação avisou aos fãs, sem muita explicação, que iria "dar uma pausa nos shows". Respiro dado, é bom avisar: "Cicatriz", o novo single, sai em versão digital em fevereiro. A agenda de shows começa a tomar corpo e a grande volta é esperada para acontecer em Peixinhos, um bairro de Olinda conhecido dos integrantes. Antes do Carnaval, tudo se encaminha para que toque também no Casarão do Bonfim, em Olinda.

Já o disco, o primeiro de inéditas desde "Fome de Tudo", de 2007, ainda não tem nome. "Até hoje de manhã era provisório. Estamos sem nome para a criança", disse Jorge. Algo pode ser cravado, no entanto: o álbum será mais curto e orgânico do que o habitual. "Fizemos pouquíssimas coisas na pós-produção, um arranjo de cordas, um sopro, um tecladinho. Levamos pouco mais de um mês para gravar".

Jorge contou que o processo de criação do novo trabalho foi pensado para ser mais simples, o que refletiu em um álbum mais rápido e com menos música que o restante da discografia do Nação. "A gente era teimoso", ele brinca para explicar melhor as mudanças. "Essa ideia do disco conceitual, o formato clássico, já foi. O tempo do disco hoje é bem menor. Você sabe disso, o jeito que você compra a música e ouve. A molecada de hoje, que consome de maneira diferente e que compartilha e baixa, não chega a ouvir uma música inteira".

Produzido por Kassin e Berna Ceppas, o disco também traz uma abertura maior da banda para outros colaboradores. "A gente era muito mais fechado um tempo atrás, estamos mais abertos para intervenções. É muito bom você saber com quem você trabalha e o Kassin a gente conhece de muito antes. Sempre tivemos essa ideia de trabalhar com um produtor que a gente conheça, com o tipo de som que ele escuta, até que ponto ele conhece o som da banda, se tem uma ligação com a gente. É bom saber quem está entrando no seu terraço, na sua casa, na sua sala".

Ele garante aos fãs mais ortodoxos: "É o mesmo som. É a mesma Nação. É um endereço diferente para a mesma casa. Estamos muito felizes com a sonoridade, com os temas, com as músicas. Fazemos músicas para a gente, a gente tem que gostar antes de qualquer coisa. Tem que soar bonito, soar bem aos nossos ouvidos".

20 anos de "Da Lama ao Caos"
Dias antes da entrevista, a banda postou no Facebook que nem se lembrava que o primeiro disco, ainda com Chico Science, "Da Lama ao Caos" completava 20 anos. Mas a importância da estreia, que marcou uma das últimas novidades na música brasileira com o manguebeat, é reconhecida.

"É nosso pilar, não tem como ouvir aquele disco sem se emocionar. Tudo aconteceu depois. É um disco muito importante. Um disco difícil, disco de produtor, tem um som diferente. Tem uma força atual ainda, não só nas letras. Teve uma importância forte para época, e digo isso sem arrogância", comentou Jorge.

Mas com single, disco e turnê prontos para saírem do forno, não há momento para nostalgias. "Nostalgia é muito forte. Memória é outra coisa. Prezamos pela memória apenas".