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Com foco na web, Bell Marques diz que é preciso se adaptar ao mundo moderno

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

07/03/2014 17h35

Após duas apresentações na Bahia, o músico Bell Marques traz seu show solo em São Paulo nesta sexta-feira (7), longe dos vocais do Chiclete com Banana. Em entrevista exclusiva ao UOL, Bell comentou sobre sua expectativa para apresentação em um dos camarotes do Sambódromo do Anhembi, durante desfile das escolas campeãs do Carnaval de São Paulo 2014, além de adiantar detalhes sobre os novos rumos de sua carreira musical.

O cantor promete um show menor, mas com suas novas influências musicais, que misturam os riffs de guitarra, violino e violoncelo, em parceria com os músicos da banda Vumbora -- "para ficar bem rock n’ roll mesmo".  “É uma sensação estranha se apresentar sozinho, afinal foram 33 anos juntos [referência ao Chiclete], mas os meus objetivos e planos estão sendo atendidos. As pessoas têm aceitado a nova sonoridade. Tem sido muito interessante esse momento de transição e de saudade também”, contou ele, que irá abrir com "Voa Voa".

Com a agenda tranquila e de olho na internet, o cantor pretende retomar o mercado popular da música e já tem participação agendada para o para o próximo "Domingão do Faustão", da Globo.

“Já montei redes sociais, vou voltar às televisões, aos grandes festivais, quero fazer turnês internacionais. É tempo de resgatar algumas coisas que a música proporciona e que dão muito prazer. Quero apresentar coisas novas ao mercado. É o resgate desse tempo que deixei para trás por conta da rotina de apresentações. Não é nada novo, mas coisas que deixei de fazer”, declarou.

E de olho no público, Bell acredita que o músico atual precisa estar atento e se habituar ao novo. “O mercado é mutante e precisamos nos adequar a ele. É preciso aliar talento e condição financeira. A internet destruiu e construiu muita coisa. Precisamos nos adaptar ao mundo moderno e seguir o caminho que a maioria determina”.

O músico ainda refletiu o início de sua carreira, quando o importante era o talento musical e não a quantidade de dinheiro, que tem prevalecido para lançar novos "astros".

“O mercado empresarial ficou muito mais disputado e mais em evidência. Por conta disso, algumas músicas entram no mercado não pelo lado musical, mas pela parte comercial .Venho de uma geração que não tinha internet, mas hoje preciso entrar no Facebook e dizer que todo mundo é bacana, lindo e maravilhoso. Aquilo é bom para mim, então ótimo, vou lá e faço isso. O mundo muda a página e vamos seguindo. Não sei se isso passa a ser negativo ou positivo”, analisou ele.

“Continuo fazendo minha música com os mesmos planos de 30 anos atrás”, completou o músico, que deixou claro não ter se rendido aos novos jabás citados por Alceu Valença ao UOL, mas se adequado as novas regras.

Novo x Velho

Sobre a fama instantânea de novos artistas, o veterano deixou claro que o talento é determinado pelo público e que é impossível se manter em evidência apenas com recursos financeiros, que servem para comprar jabás em rádios e gravadoras.

“Ninguém faz sucesso só com dinheiro, é preciso ter algo especial e as pessoas reconhecem isso. A partir daí, é preciso respeitar isso. Você pode ter uma música ótima, injetar milhares de dólares e o povo não aceitar. Mas uma coisa é certa, o talento é passageiro. Precisamos disso? Sim, precisamos. Isso é divertido para o público. Nós artistas não gostamos, mas paciência. Precisamos ver como olhos de espectadores", disse ele em referência ao mercado industrial e o dom de cantores.

Ainda em fase de adaptação e “entrosamento” - como faz questão de dizer - com seus novos companheiros, Bell terá um novo show na capital paulista no próximo dia 15. O músico, que tem se adaptado a subir no palco sem os companheiros do Chiclete, desde o Carnaval, possui dez canções gravadas e pretende lançar um novo CD em breve com o acréscimo de duas músicas.

Sobre as influências mais roqueiras, como da banda Pink Floyd, Bell declarou fazer parte de sua essência. "Essa é minha história. Sou um cara que veio do rock, tocava rock, sempre gostei da sonoridade da guitarra. Entrei no axé music, porque é um mundo de sonhos, que proporciona coisas maravilhosas. O trio elétrico é um dos palcos mais fantásticos que conheço. Montei uma banda que vai me dar possibilidade de muitas coisas. Ainda vou me entrosar com a minha banda, aí darei o ponto de onde quero chegar realmente. Estou em busca de uma nova característica para mim e tudo tem sido muito interessante nesse momento de transição e de saudade também", finalizou.