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Em 1° disco, Sam Alves prova que é a nova voz (de karaokê) do Brasil

Sam Alves em cena do clipe "Counting Stars", versão da música do One Republic - Reprodução
Sam Alves em cena do clipe "Counting Stars", versão da música do One Republic Imagem: Reprodução

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

28/03/2014 11h26

Eleito a "voz do Brasil", como grande parte dos 30 milhões de votantes do reality show "The Voice", da TV Globo, o chamam, Sam Alves passa agora pela prova derradeira: a partir do dia 1º de abril, seu disco de estreia chega às prateleiras e ao catálogo virtual, já abarrotado dos mesmos artistas regravados pelo cearense e apresentados durante o programa.

A estratégia com Sam é diferente, se comparado a de Ellen Oléria, por exemplo. Vencedora da primeira edição do reality, ela trazia um repertório com brasilidades de Alceu Valença e Jorge Ben, além de cinco canções de autoria própria. Com o novato, a ideia é voltar a explorar um fenômeno que surgiu no começo dos anos 2000, quando artistas que dominavam técnicas vocais exploravam repertório alheio no melhor estilo show de boteco. Naquela época, Emmerson Nogueira, Alex Cohen e Danni Carlos se deram bem e saíram dos bares direto para as prateleiras das lojas, com versões de músicas de Eagles, Lulu Santos e Natalie Imbruglia, respectivamente.

Sam Alves lança 1° disco


1- Troublemaker
2- Mirrors
3- Você Existe em Mim
4 – Você Merece Mais (Tu Mereces Mas)
5- Counting Stars
6 – A Thousand Years
7 – Pais e Filhos
8 – You Are Loved
9 – Hallelujah
10 – Be With Me
11 – When I Was Your Man

Mais jovem e extremamente pop, Sam vai pelo mesmo caminho, mas, no caso dele, está mais para karaokê de luxo do que para um boteco. O álbum traz produção idêntica às versões já apresentadas no reality show e até o produtor do disco, Torquato Mariano, também produziu foi responsável pelos números musicais no programa.

"Sam Alves", o disco, é uma coletânea preenchida em grande parte por sucessos do pop americano: Bruno Mars (“When I Was Your Man”), Justin Timberlake (“Mirrors”) e Christina Perri (“A Thousand Years”, que Sam divide os vocais com Marcela Bueno, repetindo o dueto do programa). Mas por que então comprar um disco de cada um desses artistas se existe uma coletânea como a de Sam? Para ouvidos desatentos, a diferença das interpretações com as versões originais nem é tão gritante.

A lista de regravações continua, com a animada “Trouble Maker”, de Olly Murs, “Você Merece Mais”, versão em português de uma inédita em espanhol, escrita por Claudia Brant e Luis Fonsi, “Counting Star”, do One Republic, e “You Are Loved”, do cantor Josh Groban. Todas têm a mesma levada das versões originais, salvo um ou outro elemento, como o bongô de fundo em “Mirrors”.

Há espaço até para "Hallelujah", uma pungente e difícil canção do canadense Leonard Cohen, que poderia dar densidade ao disco, mas aparece em tom piegas na mão do jovem cantor.

“Americanizado”
Nascido em Fortaleza (CE), o cantor foi abandonado com dois dias de vida em uma caixa de papelão na porta de uma casa. A mãe adotiva se mudou com o marido para os Estados Unidos, onde Sam se desenvolveu como cantor.

Influenciado pelas notas longas da música gospel e no uso intenso do diafragma, do mesmo jeito que desenvolvem artistas como Christina Aguilera e Bruno Mars, Sam nunca mais parou de cantar. Chegou a participar do “The Voice” nos Estados Unidos, no início do ano passado, mas, talvez por parecer genérico demais, não passou da primeira etapa.

Dentro dessa seara, Sam é um cantor de mão cheia. Com a alfaiataria impecável, os cabelos encaracolados e o rosto boa pinta, ele encheu as telas da noite da família brasileira, mas também encarou a polêmica nas redes sociais pelo estilo americanizado de se apresentar. "Um cantor brasileiro de verdade canta em inglês, certo? Boa sorte, Sam", ironizou a cantora Zélia Duncan, em inglês, no Twitter. Sam, como resposta, lançou "Pais e Filhos", da Legião Urbana, e “Você Existe em Mim”, cantado anteriormente por Claudia Leitte, seu guru na disputa. 

O ponto alto do disco vem no contra-fluxo. "Be With Me", também em inglês, é a única canção realmente inédita e composta pelo próprio Sam. A letra é óbvia, mas a levada "happy" mostra que o cantor pode ainda se desenvolver profissionalmente e abandonar o posto de crooner de adolescentes.