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Show de HIM em SP teve filho de Chorão na plateia e invasões ao palco

Carlos Minuano

Do UOL, em São Paulo

31/03/2014 08h37

Três invasões ao palco e um sutiã jogado por fã marcaram o primeiro show da banda finlandesa HIM no Brasil. Com direito a fumaceira dos cigarros acendidos pela banda em plena casa e muito choro (com participação de Alexandre Abrão, filho de Chorão do Charlie Brown Jr.), gritaria e pessoas passando mal como em qualquer show bom de rock. Ninguém reclamou.

A banda começou o espetáculo pontualmente às 21h30. Logo na segunda música, o público começou a cantar com o grupo que chegou ao Brasil na manhã deste domingo (30) para uma única apresentação no país no HSBC Brasil, em São Paulo. Em seguida, o vocalista da banda, Ville Valo, que vestia paletó, camisa, calça e boina preta, teve a mão beijada por uma fã que invadiu o palco.

  • Alexandre Abrão, filho de Chorão, contou à reportagem que ganhou o CD "Love Metal", do HIM, de seu pai. Depois, o vocalista do Charlie BOrw Jr. teria dito: "Essas 'bichas' ficam cantando melhor do que eu, vai se ferrar"

Não é barato vir da Finlândia pro Brasil, mas é provável que o grupo volte logo, e para mais de um show, depois de ouvir o público cantando junto canções do primeiro disco, como “Join Me In Death”, do álbum "Razorblade Romance", de 1999.

Filho de Chorão 

No grupo dos emocionados, quem diria, estava Alexandre Abrão. Pra quem não ligou o nome à pessoa, é o filho do Chorão, ou Alexandre Magno Abrão, vocalista do Charlie Brown Jr., morto em março de 2013.

“Conheço [o HIM] desde 2006”, disse ainda na fila, pouco antes de uma queda de luz que ajudou a temperar o clima da noite. Uma forte chuva já havia caído sobre o HSBC, mas não houve qualquer contratempo durante a apresentação. “Tive uma época gótica, que durou até 2012”, disse ele. “É uma das minhas bandas favoritas”, contou. 

Fãs divergem sobre estilo musical da banda, mas Alexandre é categórico ao dizer: “É love metal”. É esse também o nome do quarto CD do grupo, que ele ganhou do pai. Depois do presente, Chorão teria reclamado do sucesso da banda. “Essas ‘bichas’ ficam cantando melhor do que eu, vai se ferrar”, teria dito Chorão. “Eles começaram com um rock gótico progressivo, estilo Marilyn Manson, depois virou uma coisa mais pop, mas é uma banda que merece ser ouvida”.

A fama da banda, no que se refere à fumaça, não é das melhores. “Soube que fumam quatro maços por show”, afirma o instrumentista cirúrgico, Antonio Carlos, 33, fã há dez anos, e que foi curtir o show ao lado da amiga, a dentista Gisele Guzzo, 48. “É uma espécie de Iron Maiden da Europa”, diz. Em seguida corrige: “É um gótico misturado com metal”. Segundo a dentista, “Heavy Metal atrai muita gente da saúde porque a profissão é muito estressante.Vestir essa fantasia permite uma extravasada”, argumentou.

Uma criança de 10 anos, Alex Giaretto, estava ansiosa para ver seu primeiro show. No ombro do pai, curtia uma visão privilegiada do palco. “Gosto da banda há uns três meses”, disse o garoto. “Comprei dois ingressos, para mim e um amigo, mas ele desistiu e aí encaixei meu filho”, explicou o pai, Alexandre Tozzeto, orgulhoso do menino. 

Ali perto, a jovem Malu Alessi, 20, que veio de Curitiba com o namorado Aron Espíndola, 25, aguardava para conferir a banda. “Curto há dez anos”, disse. Pra ela, a definição de Love Metal é perfeita. “As canções falam de amor e morte”.

Sutiã voador

O cigarro no palco já era assunto superado quando uma fã arremessou um sutiã no palco, enquanto a banda tocava “Soul on Fire” (do disco "Love Metal"). O vocalista deixou a peça pendurada na base do microfone, durante a versão de “Wicked Game” (de Chris Isaak). A dona da peça íntima é a jovem Jamile Campos, 17, de Juiz de Fora. “Comprei um sutiã branco, desenhei o símbolo da banda, e minha mãe bordou”, disse a adolescente.A jovem já tinha tentado, sem sucesso, arremessar a peça de roupa para a banda Nickelback, na última edição do Rock in Rio.

Sobre o cigarro, a casa se pronunciou ao UOL. "Na segunda música do bis, o músico acendeu um cigarro no palco --atitude que a casa repudia. Nossa produção procurou pelo produtor do show que estava locando a casa e pediu que alertasse o músico desta proibição. O mesmo atendeu o pedido e não tivemos mais problemas dessa ordem", disse o HSBC em comunicado.

Influências musicais da banda

Depois HIM manteve o clima em alta com “The Funeral of Hearts”. Em seguida, o vocalista Ville Valo agradeceu o público, em especial o feminino, e disse que as influências musicais da banda eram muitas. “É um encontro do metal com o pós-punk”, comentou um jornalista na ala da imprensa especializada. Seu colega discordou: "É rock gótico pesado”.

A banda aproveitou para escapar alguns instantes do palco. “Foram fumar”, disse um fã. Depois voltaram e tocaram “Into the Night”. A próxima, “For You”, Valo cantou fumando outro cigarrinho. Logo em seguida a banda embalou o público com a balada romântica “When Love And Death Embrace”. Pouco depois, um homem conseguiu driblar a segurança e abraçar o vocalista. Saiu comemorando.

Durante a última música, mais um fã invadiu a cena. Às 23h15, o vocalista Ville Valo saiu do palco agradecendo o público, enquanto guitarras mandavam ver um último solo, que com certeza foi um dos mais festejados da noite. Nesta semana a banda toca no Chile, depois segue para duas apresentações na Argentina e outra no México.