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Lollapalooza 2014 compensa problemas com programação invejável

José Norberto Flesch

Do UOL, em São Paulo

07/04/2014 10h39

Tudo se pode falar do Lollapalooza 2014, menos que a programação foi ruim. Melhor até do que em festivais do próximo verão na Europa e Estados Unidos, o elenco da edição deste ano mostrou diversidade e modernidade invejáveis.

Vieram uma banda no melhor momento de sua carreira (Arcade Fire) e artistas despontando no exterior (Imagine Dragons, Lorde, Jake Bugg). Ainda entraram nomes para abraçar também o público mais velho (Pixies, Soundgarden, New Order). Sem entrar na questão de quem foi o melhor, a certeza é que nenhum deles decepcionou, o que garantiu uma uniformidade ao evento.

Muito se falou sobre a falta de um grande headliner, alguém que, sozinho, lotasse um estádio. Mas, no final, Muse segurou a noite como atração principal do sábado (6) e o Autódromo de Interlagos de São Paulo acabou lotando do mesmo jeito. Talvez com uma banda como Pearl Jam ou Foo Fighters a balança penderia demais para um lado só, o que não seria interessante para um festival que se propôs a ser muito maior do que as duas edições anteriores.

O tamanho realmente impressionou. Da possibilidade de se ver vários shows completos em uma mesma edição, passou-se a investir na escolha, já que a ida de um palco a outro, com o lugar cheio, demandava a perda de um bom pedaço de show.

Numa comparação, o Lolla fez frente ao Rock in Rio, porém perdeu do festival carioca ao menos no quesito qualidade de som. Quem viu os shows lá do fundo no palco Skol, por exemplo, ouviu o som bem baixo se comparado ao mesmo show visto à mesma distância no RiR, caso do Muse, que tocou nos dois.

O Lollapalooza foi para uma região bem mais afastada do centro, o que, numa cidade cheia de problemas de transporte como São Paulo, complicou a vida dos fãs. Nas redes sociais, leu-se grande descontentamento do público na questão da mobilidade. O certo é que não há previsão de que o festival volte a ser realizado no Jockey ou mesmo que mude de lugar.

Em 2015, o que dá para esperar é a boa vontade dos governos estadual e municipal em facilitar a realização do festival. Não é mais aceitável que boa parte do público fique nas ruas, após o evento, sem conseguir voltar para casa por falta de transporte, como aconteceu no sábado.

O festival também mudou suas datas. Saiu do final de semana da Páscoa, o que gerou protestos de gente de fora da cidade, mas a questão vai além de uma logística em torno de um feriado (hotéis, passagens, locação de serviços). Em data festiva ou não, o que se espera é que o line-up escolhido mantenha o nível. Se deixar, fãs vão pedir U2, Rolling Stones, Paul McCartney. São artistas que lotariam fácil o Lolla, mas tirariam dele muito do sentido de festival ligado a seu tempo.