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Fatboy Slim remixa clássicos da MPB e alfineta música oficial da Copa

Com vuvuzelas, mas sem caxirolas: Fatboy Slim remixa Elis Regina em novo disco - Divulgação
Com vuvuzelas, mas sem caxirolas: Fatboy Slim remixa Elis Regina em novo disco Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

11/06/2014 08h48

Se depender de Fatboy Slim, a Copa do Mundo terá mais “brasilidade” do que propõe a música oficial da Copa.  O DJ britânico vem ao Brasil para nove shows durante o Mundial, começando por Salvador, no dia 13, e encerrando em Brasília, no dia 22. No repertório, uma seleção de remixes clássicos da MPB feitas por ele e por um time de DJs no novo disco “Bem Brasil”.

Norman Cook (nome verdadeiro do DJ) conversou com o UOL sobre os shows e a compilação e, mesmo sem criticar diretamente a canção “We Are One (Ole Ola)”, com Jennifer Lopez, Pitbull e Claudia Leitte, disse que entende a reclamação dos brasileiros diante da falta de ritmos e de uma expressão brasileira legítima na canção.

“Essa foi uma das razões por eu ter feito esse álbum”, ele comenta. “A ideia era fazer com que as pessoas de fora ouvissem a música brasileira de verdade. Eu entendo quando vocês reclamam da música”, comentou.

Sua crítica se estende até mesmo ao hino da Copa da África de 2010. Naquela edição, ele afirma, a música africana não foi defendida como deveria. “Eu estive na África do Sul e viajei para conhecer aquela bonita música africana. Quando voltei para os jogos, Shakira estava cantando “This Time for Africa” [na canção “Waka Waka”] e eu disse: isso não é África, não é respeitável com seu povo.”

Capa da compilação de remixes "Bem Brasil" - Divulgação - Divulgação
Capa da compilação de remixes "Bem Brasil"
Imagem: Divulgação
No mundo de Fatboy Slim, Jorge Benjor cai na rave com “Taj Mahal”, Gilberto Gil curte um drum n’bass com “Toda Menina Baiana” e “Maracatu Atômico” e até Elis Regina se joga na pista com o libelo contra a ditadura “O Cavaleiro e os Moinhos”, de João Bosco e Aldir Blanc --de longe, a melhor do disco e a preferida de Fatboy Slim.

“Eu acho que a Elis Regina volta à vida nesse remix. Seu canto é tão emotivo. Deu um trabalho, porque não conseguimos algumas faixas com as vozes isoladas, e o da Elis também não tinha sua voz à capella nas masters originais. Mas ainda assim, é a melhor voz de todas.”

Habitué do Brasil, Fatboy Slim expõe pelo menos uma preocupação em relação à turnê. “Vou tocar em um shopping center em Salvador e não faço ideia de como vai ser, se vai estar cheio de gente ou se vou ficar no corredor esperando os amplificadores”, observa.

O DJ ainda toca em Uberlândia, em Minas Gerais (13 de junho); Cuiabá, no Mato Grosso (14); no estádio do Morumbi, dentro da Casa do Futebol Pelé, em São Paulo (17); em Belo Horizonte (19); em Florianópolis (20) e em Lorena, interior de São Paulo (21). “Amo tocar na Copa. Acho que o clima e a paixão dos brasileiros pelo futebol combinam com a música”, diz.

Fatboy Slim não esconde: não fará nenhuma surpresa nos shows. “É o mesmo show. Nós é que vamos ganhar a surpresa do público”, avisa, para brincar citando a seleção de seu país. “Surpresa vai ser se a Inglaterra ganhar.”