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Com preço salgado, relançamentos do Led Zeppelin soam como mais do mesmo

Capas dos dois primeiros discos do Led Zeppelin, que ganharam edições "deluxe" - Divulgação
Capas dos dois primeiros discos do Led Zeppelin, que ganharam edições "deluxe" Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

17/07/2014 08h19

Preço salgado e "velhas novidades". O relançamento dos três primeiros discos do Led Zeppelin, mais uma vez remasterizados e com prometidas faixas inéditas, decepciona quem esperava por um baú de surpresas. Com ar de caça-níquel típico do formato, a reedição chega nesta quinta-feira (17) às lojas brasileiras.

Quem desembolsar entre R$ 99,90 nos dois primeiros discos e R$ 111,90 no terceiro receberá um simpático digipack com novo encarte repleto de fotos, e que brinca na parte gráfica com o negativo das capas originais. Edições bonitinhas, mas ordinárias.

Além do som estar um pouco mais encorpado na remasterização feita por Jimmy Page, o lançamento traz como novidades três discos extras. O primeiro, do álbum "Led Zeppelin", inclui um show gravado em outubro de 1969, em Paris, material fartamente conhecido pelos fãs em formato de bootlegs (registros de áudio ou vídeo informais que captam sessões de improviso).

Os extras que vêm nos outros dois álbum --"Led Zeppelin 2" e "Led Zeppelin 3", trazem bases instrumentais e takes alternativos de clássicos. Faixas de fato inéditas são apenas três. Nada além de inacabadas sobras de estúdio, possivelmente descartadas por não serem boas o bastante para estarem nos discos originais.

Entre elas, há um medley acústico de "Keys to the Highway/ Trouble in Mind", bônus no terceiro álbum. A versão de dois clássicos do blues é a única das novidades com a voz de Robert Plant. A outra faixa a trazer algum brilho ao relançamento é "La La", das sessões de "Led Zeppelin 2". Com passagens de teclados, violão e guitarra slide de Jimmy Page, faz a ponte com trabalhos posteriores, como "Houses of the Holy" (1973) e "Physical Graffiti" (1975) --este, sim, duplo, com sobras de estúdios que justificam o lançamento.

"Jennings Farm Blues" e, principalmente, "Bathroom Sound" ganham o troféu de pegadinha. A primeira, por ser a versão elétrica da já conhecida "Bron-Y-Aur Stomp", de 1970. A segunda, por se tratar apenas da base instrumental de "Out on the Tiles". Uma boa pedida, talvez, se você for dono de um restaurante de karaokê.



A título de curiosidade estão as versões alternativas dos hinos "Whole Lotta Love (Rough Mix With Vocal)", "Since I've Been Loving You (Rough Mix of first Recording)" e "Celebration Day (Alternate Mix)". São pequenas as diferenças: estão, principalmente, em detalhes dos vocais e nos solos de guitarra. Nenhuma delas, no entanto, chega a superar a versão original, mas podem agradar quem se sente completo em saber como esses clássicos poderiam ter sido.

Indicados a fãs incondicionais, os três álbuns deixam no ar a sensação de que o arquivo do guitarrista Jimmy Page está, enfim, nos últimos garimpos --após quatro discos ao vivo e diversas coletâneas e boxes lançadas nos últimos 20 anos. Resta apenas esperar por novidades mais relevantes nas próximas reedições, que em breve completarão a discografia de estúdio --já que uma nova reunião do grupo, que não se apresenta desde 2007, está totalmente descartada, segundo o guitarrista.