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Capital Inicial lança clipe e EP inspirado por insatisfação de protestos

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

22/08/2014 00h37

Palco central dos protestos que varreram o país em 2013, a avenida Paulista é o pano de fundo do novo clipe do Capital Inicial, "Melhor do que Ontem", divulgado em primeira mão pelo UOL. A escolha de filmar na principal via de São Paulo pareceu óbvia para a banda, mas segundo o vocalista Dinho Ouro Preto, o novo EP dos brasilienses, "Viva a Revolução", tem como fio condutor o clima de "insatisfação generalizada" que serviu de pólvora para as manifestações de julho do ano passado.

"Os protestos permeiam o disco inteiro, seja de forma explícita ou metafórica", explica o músico, por telefone, ao UOL. "Eu fui à Paulista, levei minha filha, fomos da rua Peixoto Gomide até o Masp a pé. Havia ali um clima quase de celebração, uma coisa meio anárquica, sem pauta nem liderança. E me lembrou os protestos de Paris de 1968 e aquele desejo hippie por liberdade. Deixou uma marca no Brasil".

Ao contrário das passeatas, na visão de Dinho, as novas músicas foram pensadas já com uma pauta clara: evitar as repetições. Foi com esse intuito que optou por duas parcerias inéditas. "Melhor do que Ontem" e "Coração Vazio" foram compostas pelo guitarrista Thiago Castanho, ex-Charlie Brown Jr. A faixa-título revela um Capital pela primeira vez enveredando pelo hip-hop, com as rimas sobrepostas do grupo de rap carioca ConeCrewDiretoria.

"Conheci o pessoal do Cone no ano passado, no festival João Rock, em Ribeirão Preto. Meu sobrinho, o Fred Ouro Preto, fez vários vídeos para eles. Ouvi histórias. Eles me parecem quase punks, destroem camarins, consigo me ver no espírito deles. Peguei o telefone e liguei para o Papatinho [um dos vocalistas da banda] na cara dura", lembra Dinho, que, no título de "Viva a Revolução", se apropriou do termo de conotação castrista "apenas como gozação".

Mesmo espelhado em um dos momentos mais turbulentos da sociedade civil brasileira, "Viva a Revolução" é um álbum de sonoridade mais leve, com violões, baladas e pouca distorção nas guitarras. Principalmente se comparado ao predecessor, "Saturno", de aura punk.

"É novamente a procura pela diferença. Acabamos mesmo caminhando por esse lado, com duas músicas feitas pelo Thiago, no violão. Mas também misturamos. 'Viva a Revolução' tem guitarra distorcida, que remete a algo do Rage Against The Machine. 'Não Tenho Nome' tem um instrumental mais puxado para o glam rock. Mas o que acho mais importante é que, em seis músicas, a batida não se repete nenhuma vez".

Após se apresentar no interior de São Paulo e na Bahia, o Capital Inicial faz o lançamento oficial de "Viva a Revolução" no próximo dia 30 de agosto, no Citibank Hall, na capital paulista.