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Cru e sem convidados, ao vivo dos Paralamas remonta ao primeiro Rock in Rio

Do UOL, em São Paulo

23/08/2014 06h00

Novo álbum vivo dos Paralamas do Sucesso, “Os Paralamas do Sucesso 30 Anos” erra no timing —a turnê comemorativa é de 2013— e acerta no repertório, um “mais do mesmo” feito apenas de hits infalíveis, a maioria deles dos três primeiros álbuns, que ocupam mais da metade da edição em CD simples.

Estão nele as inevitáveis "Vital e Sua Moto", “Óculos”, “Meu Erro” e “Alagados”, assim como as boas representantes dos anos 1990 “Uma Brasileira”, “Lourinha Bombril” e “Busca Vida”. Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone jogam para o público, o que sabem fazer como ninguém.

A apresentação em formato de coletânea é uma clara tentativa de tornar o lançamento atrativo, tentando afastar o caráter de “caça-níqueis” (discos ainda geram níqueis?) e diferenciando-o de outros álbuns de shows. E são muitos. Nenhuma banda da geração 1980 lançou tantos, nem o Engenheiros do Hawaii. Ao todo, os Paralamas têm sete ao vivo (oito, considerando “Paralamas e Titãs Juntos e Ao Vivo”), contra apenas doze de estúdio.

Capa do disco "Multishow ao Vivo - Os Paralamas do Sucesso 30 Anos" - Divulgação - Divulgação
Capa do disco "Multishow ao Vivo - Os Paralamas do Sucesso 30 Anos"
Imagem: Divulgação

Comparado aos demais discos de shows, “Os Paralamas do Sucesso 30 Anos” é um bom álbum, com perfomance correta e sem novidades. Focado apenas nos sucessos, dispensa as inéditas de “Vamo Batê Lata” (1995) e as participações especiais de “Uns Dias Ao Vivo” e “Multishow Ao Vivo: Os Paralamas do Sucesso” (2011). São, felizmente, apenas os Paralamas.

Como de praxe, todas as imperfeições do show, registrado em outubro no Citibank Hall do Rio, foram corrigidas. E de forma até discreta se comparada ao exagero dos discos discos ao vivo de hoje em dia. 

Em termos de setlist, é o que mais se aproxima da segunda apresentação do grupo no Rock in Rio de 1985, lançada apenas em 2007. Com o repertório fresco de “Cinema Mudo” (1983) e “O Passo do Lui” (1984), o show revelou ao Brasil um rock energético e de bermudas, nitidamente inspirado em ska e no The Police. É essa a aura que o novo trabalho tenta perpertuar, mais uma vez gravado no Rio, agora acrescido de teclados e naipe de metais.

Músicas mais recentes, compostas após o acidente de avião que deixou Herbert em uma cadeira de rodas, foram  incluídas apenas na edição do DVD. É nele que estão os hits menores, como “De Perto”, “O Calibre” e “Meu Sonho”, além de canções de menos apelo do clássico álbum “Selvagem?” e as covers de "Como uma Onda" e "Que País É Este".