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Festival Mimo começa em Ouro Preto, com Toninho Horta e sem Chick Corea

Carlos Minuano

Do UOL, em Ouro Preto*

30/08/2014 17h09

Ouro Preto acordou mais sonora neste sábado (30). Neste fim de semana, praças, ruas e igrejas da histórica cidade mineira se transformam em palco para grandes nomes da boa música. O frio e o cancelamento da atração principal da noite de abertura da 11° edição do Festival Mimo não estragaram a festa na sexta (29).

O compositor e pianista Chick Corea não conseguiu sair a tempo de Buenos Aires devido a cancelamento de voos. Mas, a harmonia sofisticada de Toninho Horta & Orquestra Fantasma tomou o palco e agradou o público estimado em cerca de 2 mil pessoas.

O festival de música instrumental chega pela segunda vez na cidade mineira com novidades. Um prêmio para novos instrumentistas e compositores, que farão shows dentro da programação.

“Não há rejeição à música de qualidade, problema é que não é apresentada ao público, não toca no Faustão, nem em rádios”, comenta o pianista capixaba Hercules Gomes.

Um dos quatro selecionados entre mais de 300 inscritos, o músico se apresenta na tarde deste domingo na Praça Tiradentes.

Ele reclama que por questões de mercado, músicos, para sobreviver, são levados a trabalhar com uma música mais comercial. “Não consigo ainda viver do  meu trabalho autoral, tenho que tocar para outros artistas e dar aulas”.

O pianista acaba de lançar seu primeiro CD, “Pianismo”, com composições próprias e de grandes nomes que admira, como Hermeto Pascoal. Ele comemora o espaço que começa a se abrir. “São raros os prêmios para novos instrumentistas”.

Público de gosto refinado

Formar um público de gosto mais refinado para uma música mais trabalhada é um dos objetivos do festival. Parece que está conseguindo. Em 2013, Jards Macalé tocou para cerca de três mil pessoas na Praça do Carmo em Olinda, onde nasceu o festival.

“Fiquei surpreso porque ele não é tão conhecido no nordeste, e mesmo assim o público cantava junto com ele”, disse o cineasta António Carrilho, que viu de perto o show. Esse ano, ele veio para Ouro Preto. E, além de curtir boa música, vai exibir um filme no festival.  

Em paralelo a programação regada a jazz, música clássica, instrumental e world music, o festival Mimo apresenta ainda uma mostra de filmes – todos com temas musicais, claro. Carrilho exibe seu curta “Psiu” sobre Zé Dantas, um dos grandes nomes do cancioneiro nordestino.   

Na próxima semana, a partir de quinta (4), o festival acontece em Olinda. Se não se atrasar novamente, o jazzista norte-americano, Chick Corea, será a grande estrela da noite de abertura por lá.

Em outubro, o Mino vai para o Rio, em Paraty (10 a 12) e encerra sua 11°edição de volta a Minas Gerais, pela primeira vez em Tiradentes (17 a 19).

*O jornalista viajou a convite da organização do evento