30 Seconds to Mars supera calor e faz show com jeito de karaokê em SP
No primeiro dos três compromissos que tiveram de ser remarcados no Brasil, de maio para outubro, o Thirty Seconds to Mars protagonizou na noite desta quinta (16), no Espaço das Américas, na zona oeste de São Paulo, uma apresentação estridente, marcada pelo pula-pula e pela participação frenética da plateia, que esgotou os ingressos e transformou o espaço em uma espécie de sauna com trilha sonora pop rock.
“Está muito quente aqui. Acho que o ar-condicionado está quebrado”, reclamou o vocalista e ator de Hollywood Jared Leto, na primeira de suas várias intervenções com o público. “Desculpem. Não sabia que seria assim. Eles deveriam dar um copo d´água a cada um de vocês. É o preço a se pagar.”
Em 1 hora e 40 de show, o grupo californiano executou apenas 13 músicas. A maioria delas estendidas na versão ao vivo. Todas, sem exceção, acompanhadas pelo coro da plateia. Se existe uma banda capaz de explorar a exaustão os repetitivos cantos de “oooô” em seus refrões –escola que tem no U2 e Coldplay os mais célebres representantes–, essa é o Thirty Seconds to Mars. Épicos e grandiloquentes. Nascidos para grandes arenas.
Trajado como um Jesus Cristo após banho de loja, Leto é o retrato fiel do jovem e majoritariamente feminino público que tem nas mãos. Menos pela idade (já é um quarentão) e mais pela energia. Carismático, centro de todas as atenções, ele não para por um instante sequer. Como um professor de uma grande aula de spinning, intercalada por músicas que chegam a dez minutos de duração.
Se desta vez não houve tirolesa, como na última edição do Rock in Rio, o vocalista fez striptease, gravou vídeos em um celular para postar no Instagram, chamou os fãs para o palco e não se furtou de um dos grandes clichês dos shows internacionais no país: a bandeira brasileira, balançada com vigor. “Vocês são um dos melhores públicos do mundo”, afagou os cerca de oito mil presentes.
A plateia, claro, não reclamou. Com jeito de karaokê, a apresentação deu mais uma vez mostras do magnetismo adolescente de Jared Leto. Impossível eleger destaques. Todas as músicas foram recebidas com aquele velho sentimento de “essa é a música da minha vida”, que os seguidores do Los Hermanos conhecem como ninguém. Algo raro, mesmo para as bandas mais populares e/ou radiofônicas.
O momento acústico “The Kill (Bury Me)”, com direito a canto do público a capela, e as épicas “Conquistador”, “Bright Lights” e “Closer to the Edge” certamente ficarão por anos na memória afetiva dos fãs, assim como a execução “improvisada” de “From Yesterday”. “Como vocês foram legais, vamos tocar músicas que nunca tocamos.”
Perto do final do show, Leto ainda lembrou a última passagem pelo Brasil, brincando, cheio de segundas intenções. “Vocês sabem quem vai tocar na próxima edição do Rock in Rio? Não? Espero que vocês façam uma petição on-line para nós tocarmos de novo”, disse, ignorando assim a velha rixa entre cariocas e paulistas. Nesse momento, o Espaço das Américas quase veio abaixo. Há coisas que só um ganhador do Oscar faz por você.
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