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New Order de hoje "não passa de uma fraude", diz baixista Peter Hook

O ex-baixista do New Order Peter Hook, que se apresenta nesta sexta em São Paulo - Divulgação
O ex-baixista do New Order Peter Hook, que se apresenta nesta sexta em São Paulo Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

31/10/2014 06h00

Ex-New Order e Joy Division, o baixista Peter Hook, de 58 anos, é uma festa para os jornalistas ávidos boas aspas. Sincero, divertido e sempre provocando, ele vai direto ao ponto quando o assunto são os fantasmas do passado, em especial o do guitarrista e ex-amigo Bernard Sumner, hoje à frente de uma remodelada versão do New Order.

“O Bernard precisa sempre que as coisas sejam feitas do jeito dele. Quando estávamos juntos, era um pé no saco! Aposto que você tem amigos assim, não tem? Ele transformou tudo em uma grande rixa. Nunca mostrou nenhum sinal de que iria ceder. Mas estou feliz de estar aqui hoje e poder dizer a verdade sobre ele”, diz, sem peias, o músico, que apresenta nesta sexta (31) em São Paulo o projeto The Light, tocando na íntegra os álbuns “Low Life” e “Brotherhood”, do New Order.

Para Hook, que fez história no Joy Division no final dos anos 1970 dando ao baixo um protagonismo raro no rock, seu grupo é tão New Order quanto a atual encarnação da banda. Dos ex-integrantes despediu-se em 2006. Hoje, a única forma de contato é por intermédio de advogados. “É muito triste vê-los tocando hoje, fingindo ser o New Order. Essa é a verdade. Na minha opinião, eles não passam de uma fraude.”

Controvérsias à parte, Peter Hook guarda em si uma figura cativante, nem sempre explorada em entrevistas. Também escritor e um dos fundadores da boate The Haçienda, a meca da cena acid house britânica, ele se revela um grande defensor dos sulcos do vinil. Foi por causa da paixão pelos LPs que decidiu, há quatro anos, executar ao vivo a íntegra de seus álbuns. Um presente para a claque mais catedrática de fãs.

“Hoje em dia você pode perceber o quanto o LP é especial, um formato com o qual eu cresci e que é muito importante. Quando você monta uma coleção de vinil, você leva pra casa muito mais do que simplesmente os discos. Você leva uma ambiência, algo que pode fazer uma pessoa simplesmente desaparecer em seu próprio mundo, com aquela coisa maravilhosa que dura 45 minutos”, reflete.

“Tocar álbuns e não hits é assumir riscos. Há muito mais trabalho envolvido. O que eu gosto mais é que também há trabalho envolvido para a plateia. Para mim, é como se fosse um trabalho um pouco mais artístico.”

Sobre o futuro, o músico planeja lançar material novo em breve. Diz ter várias músicas compostas. Só não sabe ainda se será sob a bandeira The Light ou Monaco, projeto que montou nos anos 1990, do hit “What Do You Want From Me?”.

“É difícil saber como lançar, porque o The Light é o veículo oficial para mostrar meu trabalho hoje. E eu não quero confundir as pessoas lançando outra banda. Conversamos muito sobre fazer um novo LP do Monaco, porque são exatamente os mesmos músicos. Acho que vamos acabar fazendo”, diz Hook, que também trabalha no projeto Man Ray, ao lado do tecladista Phil Murphy.