"Quero ser tão grande quanto a Ivete Sangalo", diz rapper Projota
Após nove anos de carreira, dois EPs, três mixtapes e um DVD, o rapper Projota entrou de cabeça no circuito comercial e quer faturar alto. Com uma grande base de fãs criada a partir de distribuição pela internet e shows ao redor do Brasil, o artista sai do esquema independente a partir do lançamento de "Foco, Força e Fé", seu primeiro disco de estúdio e estreia de seu nome na lista de artistas de uma grande gravadora.
O esquema é tradicional, mas ambicioso: músicas nas rádios, grandes turnês, banda completa e emplacar na novela são alguns dos objetivos do rapper, que sonha grande e não parece ter medo de soar pomposo. "Quando ganhei o VMB há um ano e meio, percebi que era hora de crescer e terceirizar meu trabalho, deixar de fazer tudo sozinho. Eu fazia minhas músicas, arrumava shows, viajava e ainda vendia disco. Quero levar minha música pra rádio, pro mainstream, pra novela, conquistar cabeças. Não dava pra continuar pelo caminho independente, porque não sou businessman. Há dez anos atrás eu não queria música na novela, nem pensava nisso. Mas agora meu pensamento é: quero ser o maior que já existiu, tocar no mesmo lugar que a Ivete Sangalo, ser tão grande quanto, ser mainstream", afirmou Projota, que acha que o rap romântico e melódico que caracteriza seu trabalho é algo inédito no cenário brasileiro.
"Quero fazer algo que ninguém fez de fato, que é um rap que todo mundo ouve, desde o mano da quebrada até o cara mais boy. O Marcelo D2 e o Gabriel o Pensador já chegaram nas massas, mas aí a diferença é a forma de fazer: eu tenho esse lance romântico, que é algo que você não enxerga nesses dois. Isso aí me abriu portas desde a época do underground. É muita mulher no meu show, por exemplo, é muito adolescente, é um povo do rap, do funk, do rock. Fico feliz de ampliar as fronteiras", completou ele.
O disco tenta manter as rimas melodiosas e a pegada pop que Projota tem desde o início de sua carreira, mas trazendo um peso típico de trabalhos pensados para o estúdio. Mesmo rapper, Projota quer também ser astro do rock - o álbum, produzido e programado por Pedro Dash e Marcelinho Ferraz, não hesita na hora de carregar nas guitarras, bateria orgânica e eletrônica e arranjos típicos da configuração de bandas grandes. "Agora tenho quarteto de cordas, maestro, baterista, percussionista... continuo fazendo o rap mais tradicional, mas sempre fui do rock e sonhei em ter banda. Esse disco mostra isso, eu vim do rock, tem mais melodia, refrões mais cantados, guitarra, uns solos... eu quero ser performer, vocalista". O álbum conta com participações especiais de Negra Li, Marcelo D2, Dado Villa-Lobos e J Balvin, cantor colombiano de reggaeton.
Para Projota, a pegada pop/rock do disco pode desagradar alguns, mas seu público entendeu a guinada sonora e ficou feliz com o resultado. "Ser um cara mais romântico e pop me fechou algumas (poucas) portas, mas meus ídolos amam minha música: MV Bill, o Brown, o Marechal... é mais difícil fazer música pro cara que começou ouvindo rap só de protesto e hoje topa com a minha música, porque quando a gente fica mais velho é mais difícil se abrir pro novo. O cara que ouvia Paralamas não vai agora do nada ouvir NX Zero, porque o cara é conservador. Meu público é muito jovem então, embora tenha gente mais velha. "A Rezadeira", por exemplo, é uma música que todo mundo ama, dos mais novinhos até a galera veterana. Mas é um fato: a massa do meu público é dos 15 aos 20 anos", explicou ele, que mesmo com um direcionamento completamente pop pretende manter as raízes sociais do rap do início de carreira.
"Continuo querendo fazer crítica social. Eu trago uma pessoa pra perto com uma música mais romântica, e depois ela começa a ouvir as músicas mais críticas. Meu trabalho sempre cresceu assim, as músicas mais tranquilas captam pessoas pra gente. Logo mais essa pessoa tá ouvindo Racionais, sabe?", comentou o rapper. Projota manteve alguns segundos de silêncio e hesitou ao falar de política e da recente eleição, mas afirmou que votou na presidente Dilma Roussef e que é importante manter sempre um posicionamento político transparente.
"Nesse momento, acredito que estava tudo muito bagunçado. Assim como todas as pessoas, vivenciei esse momento de corrupção do PT, depois desses 12 anos no poder. E também me decepcionei, me senti traído. Por conta dessa divisão, preferi não opinar. Todas as minhas crenças políticas foram colocadas em cheque. Agora que a Dilma continuou, espero que ela recupere minha confiança. Votei nela, mas assim como o Brasil tava nervoso. Sou consciente das mudanças positivas que foram feitas na minha vida com o PT, eu mesmo tive PROUNI, fiz faculdade de graça. Ainda sei a importância que teve esse governo. Acho que depois desse aperto todo, as coisas vão mudar", afirmou ele, já se preparando para a próxima entrevista.
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