Unindo rock, amor e brega, banda do "Mototáxi do Amor" aposta em hit viral
"O seu moletom rajado de tigre. E o seu capacete, amarelo neon. Acima de tudo, a sua pochete. Rasante na moto em busca do amor”, canta malemolente o vocalista Pablo Giorgio, conduzindo seu “Mototáxi do Amor”. Hit instantâneo no YouTube —são mais de 155 mil visualizações desde outubro—, a estreia da banda Varal de Cabaré, de Campina Grande (PB), conta a história verídica de um empresário que usava o popular meio de transporte nordestino para promover encontros sexuais entre seus clientes.
Na fórmula, a batida irresitível do brega, encorpada por um instrumental de guitarra, baixo e bateria. Um autointulado “brega ´n´ roll”. “É uma mistura. O que a gente mais ‘viaja’ aqui é em Odair José. Também gostamos muito de Paulo Sérgio, Ronaldo Adriano, Reginaldo Rossi. Tem até uns ‘breguinhas’ dos beatles, antigões. Por que não? Robertão. É por aí”, explica Pablo ao UOL, elencando nomes de um tempo de encruzilhada de gêneros, no final dos anos 1960 e início dos 1970.
Dançantes, melódicos e pontos fora da curva no mainstream, o rock e o brega têm muito mais em comum do que sonha nossa vã filosofia. Segundo Pablo, ambos são alheios a modas, ambos arrastam multidões, além de serem pródigos em narrar de forma direta os eventos cotidianos. “Nenhum deles é muito tocado nas rádios hoje em dia. O rock tem todo o caráter de contestação. O brega conta o dia a dia da galera periférica. São dois estilos bem underground."
Fruto da cena universitária da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) —o clipe é parte do projeto de conclusão do curso de bacharelado em Arte e Mídia, da estudante e produtora Babi Fraga—, o Varal de Cabaré une as influências elásticas dos músicos, parindo um brega mais clássico, sobre lamúrias amorosas, convertidas em timbres sessentistas.
Já candidato a hit do verão, “Mototáxi do Amor” estará no EP “Músicas para o Exagero da Paixão”, que será lançado em dezembro. A próxima “música de trabalho” será “A Noiva da Noite”, sobre uma mulher abandonada no altar que, à caráter, passar a frequentar o ciruito dos cabarés. "[O EP] Vai ser variado. Vai ter baladinha, de tudo um pouco. Bem na tradição do brega."
O sucesso do Varal, que nunca tocou fora da Paraíba, é reflexo dos novos tempos de internet. Uma letra bem sacada, um ritmo contagiante, um vídeo engraçado: não há limites para a zoeira —e nem para os cliques. “A internet falicitou bastante. Tudo muito prolifera rápido. Claro que se fossemos de São Paulo ou Recife, que é a ‘Meca’ do brega, seria mais fácil em termos de logística, de produção e escoamento. Mas o digital está abrindo portas para a galera aparecer. Faz parte.”
Os planos do grupo, formado em 2010, ainda são modestos. Terminar o EP, gravar o segundo clipe, e, quem sabe em 2015, lançar o primeiro álbum completo,. só com inéditas. Ao vivo, o repertório ainda é baseado em clássicos como “Sorria, Sorria” de Evaldo Braga, “Em Plena Lua de Mel” de Reginaldo Rossi e “Sandra Rosa Madalena”, de Sidney Magal.
“Hoje mesmo eu estava escrevendo o ‘Brega das Falsidades de Adrielly’. Há um tempo vi aquele vídeo da internet. em que uma menininha aparece falando, dando um depoimento: ‘Adrielly, você é falsa!’. Já viu? Bem, já que é assim, resolvi escrever sobre essas falsidades (risos)."
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