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Tio Che faz "punk rock safado", diz Sérgio Guizé; ator comenta novo EP

Sérgio Guizé (segundo da esq, para a dir.) entre seus companheiros da banda Tio Che - Juliano Fordiani/Divulgação
Sérgio Guizé (segundo da esq, para a dir.) entre seus companheiros da banda Tio Che Imagem: Juliano Fordiani/Divulgação

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

22/11/2014 07h00

A banda já existe há 15 anos e se acostumou a tocar em lugares alternativos da cena musical de São Paulo. Mas agora a Tio Che está pronta para conquistar novos territórios.

A banda liderada pelo ator Sérgio Guizé (o mocinho Caíque da novela "Alto Astral") acaba de lançar "Bléqui ou Uáiti", terceiro EP do grupo, com cinco faixas --que, somadas às músicas dos três trabalhos anteriores, forma um álbum. Além de Guizé (guitarra e voz), o quinteto é formado por Leandro Moreti (voz e guitarra),  Luthi Marques ( guitarra), André Gieswein (baixo e backing) e Nego Will (bateria).

Com influências das mais ecléticas --como Ramones, Jovem Guarda, Bad Religion, Raul Seixas, Sex Pistols, Johnny Cash, Titãs e Belchior--, a banda trilha mesmo o caminho do punk rock.

“Tio Che é uma banda de punk rock safado, sempre com bom humor. Falamos de tudo, de politica, sentimentos, verdade e mentiras, encontros  e desencontros e tudo com muita crítica ácida e bem humorada”, conta Guizé.

O título do EP, inspirado no sucesso de Michael Jackson, "Black or White" (1991), também frisa a necessidade de gritar contra o racismo, os estereótipos , regras e ordens. “Nós nunca tivemos a preocupação de fazer música para agradar. Queremos contar nossas experiências, sem grandes expectativas. E isso tem dado muito certo porque somos verdadeiros, reais”, explica ele.

A pedido do UOL, Guizé comentou faixa a faixa do novo trabalho.

"Psico Balboa" (Sergio Guizé, Leandro Moretti e André Gieswein)
Essa música fala de uma cara que explode um dia com tudo que acontece a sua volta. O homem é escravo da sociedade, do lugar onde vive, e ele é urbanoide. Como aquele personagem do Michael Douglas no filme “Um dia de Fúria”, que sai e explode com tudo, toma atitudes erradas e  faz justiça com as próprias mãos. Como se fosse um trem atropelando tudo. É rock. Quem gosta de punk rock vai sentir uma vertente, mas é rock and roll. Sem guitarras fortes, que são duas, mas é uma música pesada.

"Planejando Maldade" (Sergio Guizé e Fábio  Ock)
Erámos vários músicos atuando na peça "Porno-Falcatrua" e um dia decidimos tocar todo mundo junto. Nós fizemos cinco músicas. Essa acabou até virando trilha sonora da peça e o Tio Che amou a letra e os arranjos  e nós resolvemos gravá-la.É uma critica aos ataques que estavam acontecendo em São Paulo, com homens batendo nos homossexuais na área da praça da República. Uma idiotice humana. A música tem um lado ácido e um lado de humor também. Outro rock pesado.

"Você tá Cabeluda" (Sergio Guizé)
Um clássico dos anos 1950, com uma roupagem contemporânea do Tio Che. São três guitarrista, um baixista e um baterista. Tudo muito forte e bem dividido harmonicamente. Nessa música, nós falamos de mulheres, que a gente quer uma mulher do jeito que ela é e não essa coisa de padrões, essa coisa que escraviza o corpo da mulher, de ter que entrar nos padrões.... Ela tem que ser mulher... Ela é maior que qualquer coisa.

"O Solitário" (Sergio Guizé)
Fiz essa letra na época em que eu gravei "Saramandaia", no ano passado, e eu ficava muito sozinho. Quem já se sentiu só, sentiu solidão, sabe o quanto é um sentimento ruim. Eu dei uma zoada. Não é uma música triste. De todas desse disco, é a mais leve, menos hard. Mas é rock.

"Príncipe Foda You" (Sergio Guizé, Leandro Moretti e André Gieswein)
Essa é a mais pesada. Um conto de fadas de um urbanoide que tem seu castelo invadido e fica revoltado. Nós misturamos várias fábulas na letra. Ela é bem porrada, tipo um hard core californiano.