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"Entreter é falar merda e causar controvérsia", diz músico e boy lixo Edu K

O músico Edu K, que encarna o personagem de "boy lixo" em seu novo EP - Divulgação
O músico Edu K, que encarna o personagem de "boy lixo" em seu novo EP Imagem: Divulgação

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

25/11/2014 10h19

Uma mistura de “lorde inglês” e caminhoneiro. Um Don Juan livre e com jeito de “mendigato”. O cara que toda(o)s querem pegar, mas ninguém confia o bastante para ter por perto. Sem magia nem luxo, ele é o “boy lixo”, personagem criado pelo multiuso Edu K para dar mote e título a seu novo EP. Um mergulho sonoro no universo das boates com trilha de “trap music” —um dos filhotes eletrônicos do hip hop.

“A última revolução sexual que a gente teve botou a mulher em evidência no poder. O que tornou os caras muito acanhados. Percebo a mulherada falando que o homem de hoje não tem pegada. A proposta do ‘Boy Lixo’ é esta: dizer que a igualdade entre os sexos começa na cama”, diz ao UOL o músico, líder do grupo gaúcho DeFalla, genitor do funk rock à brasileira nos anos 1980.

“Boy lixo” assumido, Edu não tem medo de soar machista –e, aparentemente, de nenhuma outra coisa. Com 30 anos de carreira, vocalista, guitarrista, compositor, DJ e produtor, ele já experimentou de tudo. Já foi glam, clubber, rapper, funkeiro, mangueboy. Afeito a polêmicas, já botou o DeFalla em pé de igualdade com os Mutantes e bradou que o É o Tchan! nada mais é do que o “Chuck Berry brasileiro”.

“Antes de qualquer coisa, estamos na indústria do entretenimento. E entreter é isto. Falar merda e causar controvérsia. Dar sua opinião sem medo do que vão te responder”, entende Edu K, que não vê barreiras intransponíveis, por exemplo, entre o rock de Beatles e Rolling Stones e o estilo mais popular e funkeiro de Anitta e Naldo Benny. O pop, acredita, é transgênero.

“Em pleno século 21, entrando em 2015, a gente ainda tem certas barreiras. E acho que cabe ao artista instigar as pessoas. Criar curiosidades. Fazer pensar. Eu, por exemplo, no meu tempo, levava meus vinis de baixo do braço no colégio. De um lado tinha Culture Club, Duran Duran e Spandau Ballet. Do outro, Iron Maiden, Judas Priest e AC/DC. Sempre gostei de experimentar tudo e aproveitar o que eu gostasse, sem exceções.”

Homem de mil projetos, entre eles o de apresentador do reality "Breakout Brasil", no canal Sony, o músico planeja o retorno triunfal do DeFalla ao território dos discos. Após reunir a formação original do grupo, há três anos –os shows devem render um documentário–, ele lançará em 2015 o álbum de inéditas “Monstro”. Algo como o elo perdido entre os dois primeiros, que inovaram ao conjugar no mesmo idioma pop estilos como new wave, hip hop, rock psicodélico, funk americano e MPB. Pitty e Humberto Gessinger estão entre as participações especiais do disco.

“Acho que, além do talento, o sucesso vem também de uma certa persistência, de dar um tempo para as pessoas digerirem o trabalho, de ter uma boa estrutura, e esse nunca foi  o forte do DeFalla, o que nos atrapalhou um pouco”, reconhece. “Agora vamos ter algo que nunca tivemos de forma conjunta. Uma assessoria de imprensa forte, um selo com força de mercado, toda a banda alinhada, pensando da mesma forma. O trabalho está incrível! Tem um lado experimental forte, mas também muito pop.”