Com vergonha do palco, filho de Caetano lança primeiro EP de sua banda
Uma nova banda de rock progressivo, com integrantes que têm entre 16 a 19 anos de idade, acaba de lançar o primeiro EP por uma grande gravadora. A novidade não para por aí. As músicas são de autoria do filho de um medalhão da MPB, que prefere ficar longe dos palcos.
Tom Veloso, 17 anos, caçula de Caetano Veloso e principal compositor da banda carioca Dônica, que lança nesta semana o primeiro trabalho, autointitulado, pela Sony Music, explica: "Cara, na verdade, eu entrei na banda já compondo. Nunca me chamaram para tocar".
tom veloso
Quem sabe um dia eu vá tocar... não sei. Tenho que me preparar. Não toco nenhum instrumento elétrico e também tenho um pouco de vergonha de palco.
Com dicas da mãe, a empresária Paula Lavigne, e o apadrinhamento de Milton Nascimento, Tom comemora as canções feitas em parceria com o vocalista e tecladista José Ibarra e posa para o UOL, junto de seu grupo, com desenvoltura e sem pudores. Apesar disso, ele afirma que não participa dos shows da própria banda por timidez. "Quem sabe um dia eu vá tocar... não sei. Tenho que me preparar. Não toco nenhum instrumento elétrico e também tenho um pouco de vergonha de palco."
O primeiro single da Dônica, "Bicho Burro", é uma dessas composições. A canção ganhou campanha de artistas como Ivete Sangalo, Otto e Baby do Brasil. "Eu comecei a compor quando fiquei amigo do Zé. Foi meio que de brincadeira." A primeira letra da parceria falava de uma mulher que usava drogas. "Demos o nome da música de Dônica. Depois de um tempo, descobrimos que Dônica era um derivado de 'dona' em italiano." Virou o nome da banda.
Outra composição de Tom, "O Sol, Eu e Tu", escrita em parceria com o pai e Cézar Mendes, foi gravada pela fadista portuguesa Carminho. Ele, no entanto, nega qualquer influência direta ou dicas de Caetano em seu trabalho. "Eu mostro minhas composições, mas ele nunca dá palpite. Não mexe em nada, só diz se gostou ou se não gostou. Geralmente gosta", explica.
Tom Veloso
Eu mostro minhas composições, mas ele nunca dá palpite. Não mexe em nada, só diz se gostou ou se não gostou. Geralmente gosta
A ideia de fazer parte de uma gravadora multinacional é de popularizar novamente um estilo restrito. "Trazemos a postura [do rock progressivo] de volta, mas ouvimos de Emerson Lake & Palmer a Clube da Esquina, Beyoncé a Justin Timberlake. Juntamos tudo isso na nossa música para levar ao povo esses elementos comerciais. Abrangemos um público maior do que só esse público fechado que gosta de rock progressivo", completa.
Formada por estudantes, a banda costuma tocar em saraus em escolas, para um público da mesma faixa etária. Eles garantem que os amigos já sabem cantar as suas músicas de cor. "Também pensávamos que seria uma música estigmatizada, mas estamos vendo que não. Temos um retorno do público", explica o guitarrista Lucas, 18.
Com músicas que ultrapassam seis minutos de duração, a banda acha que o progressivo está definitivamente de volta. E popular. "Em parte, é uma inovação. A gente vê outros movimentos, de jovens, voltando para essa época progressiva. É um momento de mais liberdade. Não sei o que houve, mas sinto que eles se orgulham da gente por tocar uma música diferente. Sem fugir do comercial", defende o músico.
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