Ídolo do funk carioca, Mr. Catra promete terminar até fevereiro as gravações de seu novo trabalho: um disco de rock. O cantor está em estúdio com a banda Os Templários e revela que o resultado será, para não fugir do clichê, “tiro, porrada e bomba”. “O som será um ‘funkmetal’, um ‘rapcore’, um ‘powerfunkinroll’”, explica o cantor, por telefone, em entrevista ao UOL.
O novo som, segundo o músico, terá alguns "beats" do funk, mas soará como um "rock and roll tribal". Além da banda Os Templários, formada por Reinaldo GoreDoom (guiatarra), Stanley Zvaig (baixo) e Marcello Nuñes (bateria), o disco ainda contará com um filho de Catra, Lucky DJ, 19 anos, nas picapes.“Acho que esse disco vai acabar com a brincadeirinha que virou o rock. Agora é porrada. O rock voltou. Acabou o colorido. Acabou a matinê”, garante.
A cavernosa voz do cantor, aliás, poderia facilmente ser confundida com a de um vocalista de thrash metal. “Eu curto cantar um rock and roll. Acho a minha voz parecida com a de alguns caras. Tipo a do [David] Coverdale [vocalista do Whitesnake e ex-vocalista do Deep Purple]”, dispara Catra, explicando como faz para cuidar das cordas vocais. “Eu afino a minha voz com uma receita amazônica. Tomo muito chá de perereca. Três vezes ao dia, de preferência após às refeições. Ainda me ajuda na digestão.”
Nascido e criado no Morro do Borel, Mr. Catra, cujo nome de batismo é Wagner Domingues da Costa, 46 anos, transita facilmente entre os diversos estilos musicais. Para provar isso, o próximo DVD ao vivo, que marcará os 25 anos de carreira do funkeiro, trará Catra cantando música sertaneja, pagode, samba, rock e, claro, funk. “Aqui no Rio ocorrem várias misturas. Tem o funknejo, o rocknejo, o arrochanejo”, diz.
Catra
Acho que esse disco vai acabar com a brincadeirinha que virou o rock. Agora é porrada. O rock voltou. Acabou o colorido. Acabou a matinê
Com o novo projeto, o músico diz que gostaria de voltar a tocar nos espaços alternativos onde ele começou a carreira, mas que já fecharam as portas, como o Crepúsculo de Cubatão e o Garage, ambos no Rio de Janeiro, e o Aeroanta, em São Paulo.
Catra conta ainda que poderia ter seguido a carreira no rock. “Mas o funk gritou mais alto”, afirma. Na vida pessoal, o cantor chegou a cursar direito na faculdade, mas abandonou antes de se formar. “Porque tem muito picareta no mercado.”
A influência de Catra entre os cariocas é inegável. Tanto que o artista tem aparecido em diversas campanhas publicitárias. Na "black friday", por exemplo, ele dizia em um anúncio: “Chega de ‘black fraude’. Agora é blecaute”. E oferecia descontos em “três dias de esculacho e sem caô”. “Eu só aceito fazer propaganda se for uma coisa muito legal”, disse.
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Eu afino a minha voz com uma receita amazônica. Tomo muito chá de perereca. Três vezes ao dia, de preferência após às refeições. Ainda me ajuda na digestão
Recentemente, Mr. Catra revelou que tinha se convertido ao judaísmo salomônico, uma religião que, segundo ele, acredita apenas em Deus. “O Rei Salomão tinha várias mulheres. Deus não é sobrenatural. Deus é universo. Universo é natureza. Natureza é natural”, ensina. Seguindo estritamente os mandamentos da sua “religião”, Catra diz que no último "censo" que fez, estava com 30 filhos e dois netos, sendo que o filho mais velho tem 23 anos e o mais novo é recém nascido. Ou seja, uma média de 1,3 novo filho por ano. “E tá vindo mais por aí”, avisa. Depois de algumas brigas, o funkeiro conta que finalmente conseguiu se reconciliar com suas quatro mulheres. “Não tem ciúme. Eu nasci para procriar.”
Jeitão de metaleiro, Mr. Catra já tem. Voz cavernosa também. Histórias de vida que fogem do comum, idem. Resta saber se o artista conseguirá com seu ‘powerfunkinroll’ fazer tanto sucesso entre os roqueiros quanto faz no funk. Veja abaixo um vídeo divulgado pelo cantor no Facebook, com um trecho da gravação do novo disco.
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