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Com antítese de "Happy", Corgan mostra que Smashing Pumpkins ainda vive

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

29/03/2015 22h01

Aos 48 anos, Billy Corgan já terminou e recomeçou o Smashing Pumpkins, trocou todos os músicos que o acompanham, lançou discos novos pouco relevantes à sua discografia, mas ainda se sustenta na melancolia juvenil dos anos 1990. E é o que show ainda traz de melhor.

Desta vez, ele concorreu com o show do Pharrell Williams, que começou na mesma hora, às 20h30, no palco principal do Lollapalooza -- com a maior parte do público do festival --, justamente o pop radiofônico que Billy tanto odeia publicamente.

As novas aquisições para os shows de divulgação do álbum mais recente, "Monuments to An Elegy", são de peso. O baterista do Rage Against the Machine Brad Wilk e o baixista do Killers Mark Stoerman não inovaram, mas defenderem dignamente, e em alto e bom som, o repertório da banda, como "Tonight, Tonight", "Bullet with Butterfly Wings", "1979" e "Drown", com destaque para a longa e metaleira "United States", do álbum "Zeitgeist", que marcou a volta  dos Pumpkins em 2007. Até as novas "Being Beige" e "Drum + Fife" foram bem recebidas.

Enquanto Pharrell puxava os fãs para subirem ao palco, Billy, que até então não havia conversado com o público, resolveu desabafar. Em "Disarm", balada do clássico álbum "Siamese Dream" (1993) -- e acompanhada com choro pelos fãs na grade --, Billy parabenizou Perry Farrell, criador do festival, pelo aniversário neste domingo (29), e fez questão de lembrar do seu, comemorado há duas semanas.

Billy ainda é o mesmo cara de 28 anos, fazendo os mesmos solos e cantando cada verso dos antigos sucessos como se se recusasse a assumir a verdadeira idade. "Vocês perderam meu aniversário, fiz 28. Tô bem com 28, não?", brincou, relembrando a idade em que o Smashing Pumpkins estava no topo. 

"A vida é boa e ruim, meu gato morreu quando eu estava aqui na América do Sul", revelou. Parecendo emocionado, emendou. "Mas eu gosto muito de estar aqui tocando para vocês".

O público, que não debandou mesmo nas músicas mais desconhecidas, agradeceu. No final, enquanto Pharrell tocava "Happy", Billy encerrou o show melancolicamente com as dores de um adolescente de "Today" no violão.