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Lollapalooza segue exagerado; vale mais a pena estar lá ou ver pela TV?

Mariana Tramontina

Do UOL, em São Paulo

29/03/2015 07h00

O Lollapalooza brasileiro impressiona. Bem organizado e sempre com boas atrações na programação, o principal festival de música de São Paulo, porém, é um exagero. Do perfil mais discreto de quando era instalado no central Jockey Club da cidade, o evento passou a ostentar uma estrutura excessiva quando se mudou, no ano passado, para o Autódromo de Interlagos. E, com a transferência, veio uma questão inevitável: continua valendo mais a pena estar no local do que ficar em casa assistindo tudo pela televisão?

Com quatro anos de vida no país, o Lollapalooza já faz frente ao Rock in Rio, o amigo mais veterano dos festivais. O público diário é menor (66 mil em São Paulo contra cerca de 85 mil no Rio), mas fisicamente seu tamanho dispara na frente: são 600 mil metros quadrados contra os 150 mil metros quadrados do evento no Rio. É espaço até não enxergar mais.

A estrutura é ótima para desafogar a multidão --algo que foi melhorado este ano em relação à estreia na casa em 2014--, mas é terrível para tirar o melhor proveito do ingresso comprado. As distâncias homéricas entre os palcos faz o público gastar mais tempo se deslocando de um lado para o outro do que assistindo ao show de fato, especialmente por se tratar de um terreno desnivelado, repleto de morros e passagens desiguais. O tempo se torna precioso, principalmente quando um artista está colado ao outro na programação, deixando como opção escolher um palco e se posicionar nele até o fim.

Por outro lado, quem está no conforto de casa pode assistir em tempo real a todos os shows em boas transmissões oficiais pela TV, em canais por assinatura, ou pela internet, com a vantagem de ainda poder ver entrevistas feitas naquele momento. E se perder a exibição ao vivo, ainda há a chance da reprise nas emissoras filiadas. Ou seja, o próprio festival já tenta abraçar essa fatia do público que quer estar lá mesmo não estando.

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  • http://musica.uol.com.br/enquetes/2015/03/29/voce-prefere-ir-a-um-festival-ou-assistir-aos-shows-pela-tv.js

Quem fica em casa não precisa comprar ingresso (R$ 340, inteira), enfrentar filas (que, sejamos justos, foram bem razoáveis neste ano para o tamanho do festival) para ir ao banheiro ou comprar bebidas, pagar caro para se alimentar (R$ 12,50 por um cone de batatas-fritas e R$ 10 um copo de chope) ou se preocupar em como ir embora do local. Também está longe de ser um tormento aquela previsão de chuva, a mesma que prometia para este sábado (28) e que ficou nas poucas gotas caindo do céu. E com as redes sociais, ninguém se sente mais sozinho. Sem falar que, se o estiver muito cheio, você vai acabar vendo tudo pelo telão mesmo.

Estar presente em um show é, claro, uma experiência única. Só quem esteve nos gramados do Lollapalooza neste sábado pode falar sobre a sensação de ficar frente à uma lenda do rock como Robert Plant, de presenciar a apresentação hipnótica de St. Vincent ou de ser cercado pelo clima soturno de Jack White. Mais do que a música, os festivais também são eventos sociais para encontrar amigos e conhecer pessoas.

É uma concorrência forte, porque a questão vai além da simples resposta de que, é claro, você ficar no sofá nunca substituirá a experiência de estar no lugar e ver tudo ao vivo. Mas também é verdadeira a máxima de que, às vezes, menos é mais. Muito mais.